Em meu canhestro texto de segunda feira, falei de minhas
suspeitas de que a estrondosa manifestação do domingo caísse no vazio, já que o
Planalto, preocupado, apenas, em salvar sua própria pele, não atribuiria
qualquer relevância aos anseios, exteriorizados naquela manifestação. Infelizmente,
minhas preocupações se confirmaram e, em menos de 48 horas, surge a esdrúxula nomeação
de Lula para Ministro da Casa Civil da Presidência da República. Não gastarei
tempo, fazendo a apologia do óbvio, afirmando que tal nomeação teve duplo
objetivo: tirar Lula da alçada do Juiz Sergio Moro e usá-lo, como negociador
para livrar a mendiga Presidente do impeachment. Que Lula é hábil (e tome “hábil”, no caso, como sinônimo de “inescrupuloso”) negociador, todos o
sabemos: negociou cargos que desviaram recursos da Petrobrás; negociou, através
de Mercadante, propina para livrar seu amigo e parceiro Bumlai de delações
premiadas. Por certo, sabe quanto vale e como negociar com estes deputados e
senadores que integram o mais abjeto Congresso de nossa enegrecida história. O que
não interessou ao Planalto – e, até por que interessaria? – foi avaliar as consequências
morais e econômicas, para o Brasil, de se ter Lula integrando o Ministério. Do ponto
de vista moral, um criminoso a mais, não macula, com mais intensidade, a tosca
imagem do País, no cenário internacional. Pode-se dizer que, formalmente, Ali
Babá foi colocado no comando de seus 40 (só 40?) ladrões. Por outro lado, a
simples possibilidade de Lula chegar a Ministro fez cair a bolsa e subir o dólar,
o que significa que nossa economia continuará desabando, com crescente
velocidade, trazendo mais inflação e mais desemprego, menos, é claro, para “eles”, que continuarão viajando, morando
e comendo, às custas do contribuinte. A dolorosa conclusão é que nossas
instituições foram atiradas ao chão. Que formidável quarteto: Dilma, Lula,
Eduardo Cunha e Renan Calheiros! Restou o Supremo Tribunal Federal que
decidirá, hoje, se permanece como “puxadinho”
do Palácio do Planalto, ou se honra a tradição de uma Casa que, dentre seus
moradores, já teve homens da estirpe moral e intelectual de Moreira Alves,
Evandro Lins e Silva e Sepúlveda Pertence. Que voz ecoará: a independente e
segura de Celso de Mello ou a juridicamente desafinada de “Barrosinho”.?
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