A hora e a vez dos clubes de futebol
É fato incontestável que, de larga data, o futebol brasileiro
vive forte crise de ausência de bons jogadores. Já nem mesmo falo de craques,
como Pelé, Rivelino, Zico, Jairzinho ou outros do mesmo nível que, por si só, motivam-nos
a ir aos estádios. Falo do jogador mediano, capaz de dar um passe de 20 metros,
chutar e, pelo menos, acertar o gol, de fora da área. À exceção de dois ou
três, nosso futebol é um deserto de talentos e qualquer “pé de breque”, por quase nada, é enaltecido pela mídia esportiva.
Os estádios, agora pomposamente chamados de “arenas”, raramente recebem mais de 40 mil espectadores e isto
apenas por ocasião de grandes clássicos. O futebol brasileiro sobrevive às
custas da televisão que, segundo me disse um executivo da área, já não se
interessa tanto assim, em razão dos baixos índices de audiência, que afastam
patrocinadores de peso. Todos os clubes, sem exceção, vivem estado de penúria
financeira, com salários atrasados, tributos não recolhidos e rendas
penhoradas. Enquanto isto, qualquer “pé
de breque” aufere remuneração nababesca. Toda esta crise surgiu a partir do
momento em que se criaram os “direitos
econômicos” sobre o jogador. Vários investidores, pessoas físicas ou
jurídicas “compram” o jogador, ainda
incipiente, e quando o mesmo ganha projeção, graças ao investimento nele feito
exclusivamente pela agremiação, que lhe deu guarida, é ele negociado,
principalmente para o exterior, ficando o clube com a menor parcela. Foi o que
se deu, por exemplo, com Neymar, vendido ao Barcelona por valor até hoje não
esclarecido, mas retendo o Santos não mais de 20% (vinte por cento) do valor da
transação. Em boa hora, a FIFA está estudando proposta de Michel Platini,
Presidente da UEFA, no sentido de proibir o envolvimento de “terceiros”, na compra e venda de
jogadores, acabando, assim, com os famigerados “direitos econômicos”. O atleta poderá, a suas expensas, contratar
um procurador, para representá-lo em suas negociações com seu clube, mas a este
e somente a este pertencerá a renda auferida com a venda do atleta. É o começo
da recuperação das entidades esportivas, com a FIFA exercendo seu legitimo
direito de representação.
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