segunda-feira, 29 de setembro de 2014

A hora e a vez dos clubes de futebol

É fato incontestável que, de larga data, o futebol brasileiro vive forte crise de ausência de bons jogadores. Já nem mesmo falo de craques, como Pelé, Rivelino, Zico, Jairzinho ou outros do mesmo nível que, por si só, motivam-nos a ir aos estádios. Falo do jogador mediano, capaz de dar um passe de 20 metros, chutar e, pelo menos, acertar o gol, de fora da área. À exceção de dois ou três, nosso futebol é um deserto de talentos e qualquer “pé de breque”, por quase nada, é enaltecido pela mídia esportiva. Os estádios, agora pomposamente chamados de “arenas”, raramente recebem mais de 40 mil espectadores e isto apenas por ocasião de grandes clássicos. O futebol brasileiro sobrevive às custas da televisão que, segundo me disse um executivo da área, já não se interessa tanto assim, em razão dos baixos índices de audiência, que afastam patrocinadores de peso. Todos os clubes, sem exceção, vivem estado de penúria financeira, com salários atrasados, tributos não recolhidos e rendas penhoradas. Enquanto isto, qualquer “pé de breque” aufere remuneração nababesca. Toda esta crise surgiu a partir do momento em que se criaram os “direitos econômicos” sobre o jogador. Vários investidores, pessoas físicas ou jurídicas “compram” o jogador, ainda incipiente, e quando o mesmo ganha projeção, graças ao investimento nele feito exclusivamente pela agremiação, que lhe deu guarida, é ele negociado, principalmente para o exterior, ficando o clube com a menor parcela. Foi o que se deu, por exemplo, com Neymar, vendido ao Barcelona por valor até hoje não esclarecido, mas retendo o Santos não mais de 20% (vinte por cento) do valor da transação. Em boa hora, a FIFA está estudando proposta de Michel Platini, Presidente da UEFA, no sentido de proibir o envolvimento de “terceiros”, na compra e venda de jogadores, acabando, assim, com os famigerados “direitos econômicos”. O atleta poderá, a suas expensas, contratar um procurador, para representá-lo em suas negociações com seu clube, mas a este e somente a este pertencerá a renda auferida com a venda do atleta. É o começo da recuperação das entidades esportivas, com a FIFA exercendo seu legitimo direito de representação.

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