Penso pertencer à última geração, que lê jornais e revistas,
já que todas as informações podem ser buscadas, em tempo real, na “internet”.
Sobreviverão, apenas, revistas, como “Piauí”,
reduto de independência e inteligência, por isso sou seu leitor de largo tempo.
Abomino esta dicotomia “esquerda/direita”,
tão a gosto das conhecidas revistas semanais que restou indefinida com a
globalização e perdeu sua base estrutural, com o fim da União Soviética. No meu
tempo de estudante – que vai longe – ser de esquerda era ser “nacionalista”, bem ao contrário do que
se observa, nos dias atuais. No Brasil, a mídia, especialmente a chamada grande
imprensa, “Organizações Globo” à frente, gira sua metralhadora. Busca problemas, não soluções. A teoria
conspiratória de plantão afirma que a verdadeira intenção da “grande mídia” é
criar o caos político, impedindo a recuperação econômica, priorizando, via de
conseqüência, interesses internacionais. Eu, cá de meu canto, longa estrada percorrida,
não creio nem descreio de coisa alguma. Prefiro me prover de coisas sérias, por
isso minha preferência por “Piauí”
que, lá atrás publicou excelente entrevista com meu dileto Delfim Netto e, na
última edição, abriu espaço para Fernando Haddad – em quem não votei – a demonstrar
invulgar cultura e que, na verdade, foi “engolido”
pelos maus ventos que atingiram o PT. Sua administração, à frente da Prefeitura
de São Paulo, foi pífia, como foi e sempre será a de qualquer outro Prefeito,
pela simples razão de que os problemas crescem em velocidade muito maior do que
as soluções, sendo que as chamadas “obras
sociais” não aparecem aos olhos do eleitor. Neste aspecto, louve-se a
inteligência de Paulo Maluf que, quando à frente da municipalidade paulistana,
realizou obras “visíveis”, o que o
possibilitou fazer seu sucessor – até então, Ilustre desconhecido – missão não
cumprida por nenhum dos prefeitos que lhe sucederam.
De qualquer maneira, foi oportuno conhecer, mesmo não
concordando, o pensamento de liderança política jovem, num país tão carente
delas. Espero que Haddad não seja enterrado pelos carcomidos caciques do
petismo. De igual sorte, oportuna a matéria com a Presidente do STF, Carmen
Lucia. Como advogado, militando na profissão há 04 décadas, arrepia-me a
politização da Corte Suprema, a gerar insegurança jurídica. O fato de o
Colegiado abrigar volume tão absurdo de processos, a culpa é dele mesmo que
recepciona recursos, fora da órbita constitucional de suas atribuições, e que
deveriam ter, como ponto final, o STJ. Carmem Lucia, como pessoa, parece ser
simples, não deslumbrada com o cargo. Todavia, como Presidente da Corte,
falta-lhe pulso firme para impedir o “estrelismo”
de certos Ministros, que buscam câmeras e microfones, a se pronunciarem sobre
processos que eles mesmos, ainda julgarão. Tive o privilégio de conviver com
juízes da envergadura, intelectual e moral, de Sepúlveda Pertence e Moreira
Alves, que apenas “falavam nos autos”.
Outro dia, amigo, importante empresário, que conhece minhas
posições ideológicas e com quem comentei a excelência de “Piauí”, olhou-me, estupefato, e exclamou “ué, mas é revista de
esquerda?” Respondi-lhe que, além de não mais saber ao certo a diferença, para
mim, o que importava era o bom nível intelectual da revista, até porque, minha
única restrição ou preconceito é com a burrice, razão pela qual priorizo aquela
revista em relação a semanários, que sobrevivem
às custas da “lava jato”.
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