sexta-feira, 9 de junho de 2017

Pior sempre pode ficar!



Tantos anos vividos, testemunhando a melancólica história do Brasil, pelo menos desde Jânio Quadros, não permitem que eu me surpreenda com os acontecimentos atuais. A decadência intelectual e moral da classe política é fenômeno a ser avaliado por especialistas, mas o certo é que, depois do regime militar, onde não havia espaço para a corrupção, parece que se iniciou desabalada corrida aos cofres públicos, sem hora para terminar. A operação “lava jato” surgiu como freio, a diminuir a velocidade de tal corrida, mas não vai estancá-la. Várias gerações se sucederão, até que desapareça o “vírus” que, desde o descobrimento, instalou-se no organismo do brasileiro. O que me causa, não indignação, mas certa irritabilidade, é a disseminação e a banalização do erro, medido e pesado. Dou alguns exemplos:
Fernando Collor – em quem votei – foi eleito Presidente, com pouco mais de 40 anos. Tinha, portanto, oportunidade ímpar de promover o desenvolvimento do País. Todavia, trocou um bom projeto de governo, por projeto pessoal de enriquecimento. Lula, egresso de classe econômica hipossuficiente, surgiu como “terceira via”, entre a esquerda carcomida e a direita conservadora. Tinha condições políticas, inclusive apoio empresarial, para aproximar o Brasil das grandes potencias. Entretanto, optou por montar um “reich petista” de incontáveis anos e, pra isto, aliou-se ao que havia de pior no empresariado nacional, consolidando o mais extenso processo de enriquecimento ilícito, que o mundo conheceu. Destruiu sua imagem, a imagem de seu partido político e arrastou consigo homens probos que se contaminaram pelo simples fato de estar ao lado dele. Aécio, de longeva estirpe, construiu, em pouco mais de 20 anos, admirável carreira política, jogada, agora, mal chegando aos 50 anos, no lixo do envolvimento espúrio. Sergio Cabral, também de carreira política fulminante, revelou-se verdadeiro sociopata. Esses homens, com seus desastres morais, fecharam as portas da política partidária para novas lideranças, vez que, no inconsciente coletivo, ficou registrado correlação entre “político” e “corrupção”. Infelizmente, não é só a classe política que exala maus odores. Venho de um tempo em que Ministro do Supremo Tribunal Federal estava acima de qualquer suspeita e realmente tinha nele carimbados o “notório saber jurídico e a “ilibada reputação””, requisitos constitucionais para envergar a toga da Corte Suprema. Quando se observa a composição atual daquele Colegiado, é público que, nem de longe, tais requisitos são observados. No que concerne ao “saber jurídico”, é de privilégio de, no máximo, 04 dos 11 Ministros, que integram o Supremo. Já no quesito, concernente à “ilibada reputação”, fatos supervenientes à nomeação e posse de alguns Ministros, têm deixado estarrecido o mundo jurídico. Em um primeiro momento, incompreensível o indulto concedido aos irmãos Batista, empresários marginais que se locupletaram até com a própria delação premiada. Ato contínuo, a Imprensa notícia que o principal executivo – também delator – da JBS, foi “padrinho” da ida do Ministro Fachin, que concedeu o indulto, para o Supremo. Estranha coincidência, não? Quem assiste ao julgamento da chapa Dilma-Temer, constata o vigor do desempenho de Gilmar Mendes, Presidente do Tribunal Superior Eleitoral, em buscar a anulação das provas que poderiam levar à cassação da chapa. Escrevo, antes da proclamação do resultado, mas, qualquer que seja ele, Gilmar Mendes foi quase nada Juiz e muito mais advogado de defesa.

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