Assisti, sem surpresa, mas com profunda indignação, à
reportagem, veiculada no “Fantástico”,
do último domingo, dando conta do total abandono financeiro, por que passa o
Teatro Municipal do Rio de Janeiro, cujos membros da orquestra sinfônica e
corpo de baile, não recebem há vários
meses, sobrevivendo às custas de doações de cestas básicas, feitas por
particulares. É bem próprio dos países subdesenvolvidos, como o Brasil, relegar
a arte - principalmente a música e o balé clássico – a plano pra lá de secundário. Em nossa Capital,
o bom senso da Federação das Indústrias permitiu que meu dileto amigo, maestro João Carlos Martins,
organizasse orquestra sinfônica, com jovens pobres da periferia. Richard
Bessel, em sua obra “Nazismo e Guerra” lembra-nos
que, no período mais intenso dos bombardeios sobre Londres, a orquestra
sinfônica londrina não deixou de atuar, pois era fator relevante para erguer o
moral do povo inglês. Tenho opinião bastante pessimista sobre o empresariado
brasileiro que está sempre a buscar vantagens do Estado, nada dando em
contrapartida. Não há, por estas plagas bananis, a tradição de se instituírem “Fundações”, voltadas às atividades
culturais, como nos Estados Unidos, para ficarmos neste solitário exemplo.
Quanto lucram as indústrias
automobilísticas e farmacêuticas, todas de capital estrangeiro? E as instituições financeiras, com suas
absurdas taxas extorsivas? Sabe-se que a filial do Santander, no Brasil,
apresenta o maior lucro, dentre todas as filiais do mundo. Já que os governos,
em seus diversos segmentos, não dispõem de verbas, minimamente dignas para
investir na cultura, por que não compelir o empresariado a “bancar” as despesas com os teatros
públicos? Qualquer 0,25% sobre o lucro líquido seria mais do que suficiente
para, com artistas bem pagos, termos “temporadas”
de padrão internacional. O Brasil, de longa data, abdicou de ser notícia de
grandes eventos e estes, quando os há, são seguidos de escândalos, envolvendo
superfaturamento de obras e serviços, ou desvios de dinheiro público. O que se
gastau para construir estádios, para a Copa do Mundo, daria para erguer o dobro
deles e o mesmo se pode dizer, quanto às Olimpíadas. O que o ex-governador
Sergio Cabral e sua cambarilha se locupletaram
com dinheiro público, daria para conferir, ao Teatro Municipal do Rio, padrão
de excelência, por muitos anos. O Teatro Municipal de São Paulo, volta e meia,
é objeto de desvio de verbas e seus espetáculos são pífios, em relação a seus
congêneres de Buenos Aires e Santiago do Chile.
A história, que fica, de um País, acima de todas, é a
história de sua cultura e dos homens, que a construíram. Ao que tudo indica,
quando, décadas à frente, contar-se a história deste melancólico momento da
vida brasileira, tudo girará entorno da “lava
jato”.
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