quarta-feira, 28 de junho de 2017

A ignorância ao alcance de todos



Assisti, sem surpresa, mas com profunda indignação, à reportagem, veiculada no “Fantástico”, do último domingo, dando conta do total abandono financeiro, por que passa o Teatro Municipal do Rio de Janeiro, cujos membros da orquestra sinfônica e corpo de baile, não  recebem há vários meses, sobrevivendo às custas de doações de cestas básicas, feitas por particulares. É bem próprio dos países subdesenvolvidos, como o Brasil, relegar a arte - principalmente a música e o balé clássico – a  plano pra lá de secundário. Em nossa Capital, o bom senso da Federação das Indústrias permitiu que meu  dileto amigo, maestro João Carlos Martins, organizasse orquestra sinfônica, com jovens pobres da periferia. Richard Bessel, em sua obra “Nazismo e Guerra” lembra-nos que, no período mais intenso dos bombardeios sobre Londres, a orquestra sinfônica londrina não deixou de atuar, pois era fator relevante para erguer o moral do povo inglês. Tenho opinião bastante pessimista sobre o empresariado brasileiro que está sempre a buscar vantagens do Estado, nada dando em contrapartida. Não há, por estas plagas bananis, a tradição de se instituírem “Fundações”, voltadas às atividades culturais, como nos Estados Unidos, para ficarmos neste solitário exemplo. Quanto  lucram as indústrias automobilísticas e farmacêuticas, todas de capital estrangeiro?  E as instituições financeiras, com suas absurdas taxas extorsivas? Sabe-se que a filial do Santander, no Brasil, apresenta o maior lucro, dentre todas as filiais do mundo. Já que os governos, em seus diversos segmentos, não dispõem de verbas, minimamente dignas para investir na cultura, por que não compelir o empresariado a “bancar” as despesas com os teatros públicos? Qualquer 0,25% sobre o lucro líquido seria mais do que suficiente para, com artistas bem pagos, termos “temporadas” de padrão internacional. O Brasil, de longa data, abdicou de ser notícia de grandes eventos e estes, quando os há, são seguidos de escândalos, envolvendo superfaturamento de obras e serviços, ou desvios de dinheiro público. O que se gastau para construir estádios, para a Copa do Mundo, daria para erguer o dobro deles e o mesmo se pode dizer, quanto às Olimpíadas. O que o ex-governador Sergio Cabral e sua  cambarilha se locupletaram com dinheiro público, daria para conferir, ao Teatro Municipal do Rio, padrão de excelência, por muitos anos. O Teatro Municipal de São Paulo, volta e meia, é objeto de desvio de verbas e seus espetáculos são pífios, em relação a seus congêneres de Buenos Aires e Santiago do Chile.
A história, que fica, de um País, acima de todas, é a história de sua cultura e dos homens, que a construíram. Ao que tudo indica, quando, décadas à frente, contar-se a história deste melancólico momento da vida brasileira, tudo girará entorno da “lava jato”.

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