sexta-feira, 31 de março de 2017

31 de março: ontem e hoje



Como faço todo ano, rendo, neste 31 de março, minhas homenagens ao movimento cívico-militar que, nesta , mesma data, no longínquo ano de 1964,  apeou do Poder João Goulart e seus asseclas, empenhados em transformar o Brasil em República Sindicalista. No ardor da juventude, vivi aqueles inquietantes dias e envelheci, assistindo à deturpação da história, tantas mentiras foram contadas e recontadas pela esquerda derrotada, que as novas gerações passaram a ter aquele movimento, como página negra da vida brasileira. Já em primeiro lugar, é preciso esclarecer que Jango, presidente vacilante, perdeu o controle sobre as reformas, que pretendia empreender e se deixou envolver pela esquerda radical, que tinha, como modelo, a revolução cubana e, como líderes, Fidel Castro e Che Guevara. O Congresso  Nacional, o empresariado e a classe média, discordantes de qualquer reforma, que não se submetesse à ordem democrática vigente, aglutinaram-se, promovendo o Movimento, que não sofreu qualquer tipo de contestação, nem mesmo por parte dos sindicatos laborais, cujos líderes  constavam-se como aliados de Jango. E o Movimento teve o apoio de toda a Imprensa, falada e escrita, a mesma que, depois de 1984, posou como heroína da redemocratização. Outra falácia, sedimentada pela esquerda, é que o regime militar, desde seu surgimento, foi duro e impôs constrangimento físico aos adversários. A história não registra tais constrangimentos, durante o governo Castelo Branco, Presidente que era ligado a intelectuais, como a escritora Raquel de Queiroz e assíduo freqüentador de teatro. Houve cassações, mas apenas de pessoas ligadas ao governo derrubado. O chamado “anos de chumbo” começaram, na verdade, em dezembro de 1968 e foram muito mais conseqüência do que causa. É motivo de espanto, que, até mesmo historiadores de renome, deem, como causa determinante da edição do AI5, o pífio discurso, pronunciado no “pequeno expediente” da Câmara Federal, pelo então deputado federal, Marcio Moreira Alves. Muito antes disto, já a partir de 1966, formavam-se organizações insurretas, com o objetivo de desestabilizar o regime vigente: o “Congresso de Ibiúna”, o atentado ao Presidente Costa e Silva, no Aeroporto dos Guararapes, em Recife, no qual morreu graduado oficial das Forças Armadas, a “passeata dos 100 mil”, promovida pela UNE, com o apoio do partido comunista, são alguns eventos que precederam ao AI5, isto sem contar que, do Uruguai, Brizola, financiado por Cuba, organizava a “contra revolução” e membros da “Aliança Libertadora Nacional”, a ex Presidente Dilma Roussef, liderada por Carlos Marighela, assaltavam bancos e explodiram o Quartel General do 2º Exército, matando o soldado Mario Kosel Filho e ferindo outros militares. Por outro lado, militares inconformados com a inércia do governo, em reprimir aquelas ações, passaram a agir por conta própria, invadindo universidades e teatros, onde eram encenadas peças de cunho, nitidamente contestatório ao Poder vigente. Pressionado pelo Exército, que via a ordem pública sair do controle, Costa e Silva, em 13 de dezembro de 1968, editou o Ato Institucional nº 5, que restringia direitos individuais – habeas corpus – e  coletivos – manifestações sindicais e estudantis. A partir dessa última data, iniciou-se verdadeira guerra, que perdurou até meados de 1973, entre organizações, que pretendiam desestabilizar o regime militar e este. Segundo dados mais críveis, morreram cerca de 800 pessoas, ligadas a tais organizações, contra 100 civis e militares, fiéis ao regime, executados pelas mesmas organizações terroristas, números considerados de pouca expressão, em se avaliando o lapso de tempo de duração do conflito e a comparação com os executados por Fidel Castro e Augusto Pinochet. Outro aspecto, intencionalmente omitido pelos “historiadores” de esquerda, é que, principalmente a partir de 1969, o Brasil experimentou o maior crescimento de sua história, passando a integrar o clube das 10 maiores economias do mundo, o que promoveu pleno emprego, com o salário mínimo em torno de 400 dólares (cerca de 1.600 reais, em número atual), nunca mais atingido. Sob a batuta do então Ministro,  Delfim Netto, o crédito cresceu cerca de 20% aumentando a demanda por bens duráveis e por habitação. Para completar o sucesso econômico daquele período, a alta das “commodities” e a diversificação da economia triplicaram nossas exportações. Esse período, conhecido como “milagre econômico”, não se abateu, nem mesmo quando a OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) promoveu dois consecutivos “choques” no preço do petróleo que, no primeiro momento (10/1973), passou de 3 para 11 dólares o barril e, em segundo momento (1979) para 30 dólares o barril. No primeiro momento, com o Ministro Delfim Netto como “gestor da crise”, esta foi minimizada utilizando-se as reservas monetárias do País, o que possibilitou investimentos públicos de incontestável relevância, como a Usina de Itaipu, o Polo Petroquímico de Camaçari e a prospecção na Bacia de Santos, dentre tantos outros. Também se falseia a verdade, quando se afirma que os Generais Presidentes não contavam com a simpatia popular. Castelo Branco freqüentava teatro, no eixo Rio-São Paulo, sem nunca ter sido  hostilizado e Médici, torcedor do Grêmio e do Flamengo, era assíduo freqüentador do Maracanã, sempre aplaudido, calorosamente, por dezenas de milhares de torcedores, quando sua presença era anunciada. Outro item, a merecer destaque foi o exemplo de probidade dos governantes: os únicos patrimônios de Castelo Branco eram um “aero-willys” e um apartamento, em Ipanema; Médici desviou o traçado de uma estrada, para que ela não valorizasse sua pequena fazenda. Figueiredo, após sua morte, teve vendido seu sítio, na região serrana do Estado do Rio, para pagamento de dívidas. Em cada Ministério e Órgão da Administração Indireta havia uma unidade do SNI, denominada  DSI – Divisão de Segurança e Informação”, que acompanhava os sinais exteriores de riqueza dos servidores públicos. Lembro-me de que, quando comprei meu apartamento, no Leme, dois anos após meu ingresso no Ministério da Fazenda, fui “convocado” a me “explicar”, ocasião em que levei o carnê, referente a 20 anos de financiamento. Casos pontuais de corrupção eram severamente punidos, como aconteceu com o Governador do Paraná, Moisés Lupion, cassado por ter exigido propina de Cecílio do Rego Almeida, do ramo da construção civil. Finalmente, concluo desfazendo a falácia, que se criou sobre a redemocratização, como tendo sido conquista da sociedade civil, através de manifestações como as “diretas já!”. Nada mais afastado da verdade histórica! Figueiredo desprezava Paulo Maluf, pela sua nebulosa história e Andreazza, por ser Coronel, era nome rejeitado pelo Alto Comando das Forças Armadas. Em 18 de julho de 1984, o então Ministro do Planejamento, Delfim Netto, falando em nome do Presidente Figueiredo e do “sistema”, reuniu-se com Tancredo Neves, na residência do empresário da construção civil, Sebastião Cantídio Drumond, situada na Praia do Flamengo, onde foi dado o “nihil obstat” ao nome de Tancredo que, inclusive, no início do mesmo ano, já se reunira com o então Ministro do Exército, Walter Pires, na residência do empresário, José Pedroso, também situada no Rio, na Avenida Atlântica, 2016. Tancredo, também, recebeu o aval de Geisel, em reunião com ele, , intermediada por Francisco Dornelles e Mario Henrique Simonsen. Tancredo afirmou que só seria candidato à Presidência contra Paulo Maluf. Assim, o “sistema” boicotou a candidatura de Mario Andreazza e pavimentou a vitória de Tancredo, tendo Sarney como vice e que, até então, era o líder do PDS, partido do governo. Esta é a verdade histórica e a decantada “conquista popular”, não passou de “tertúlia plácida para embalar bovino”.
Comparo o Brasil de ontem – entre 1964 a 1984 e o Brasil, após aquele período e o faço, à luz dos fatos históricos, econômicos, sociais e morais. Sobre o primeiro, o de ontem, já apresentamos dados objetivos, a indicarem desenvolvimento econômico, com pleno emprego e salários compatíveis com o que Santo Tomás de Aquino chamava “vida humana digna”. A “nova república” trouxe o Governo Sarney e sua inflação de 100% ao mês; o Governo Collor e seus desastrados amigos, P.C. Farias, no comando; o Governo Fernando Henrique, que internacionalizou nosso sistema de telecomunicações e, a partir dele, a instalação, com o lulopetismo, do maior esquema de corrupção da história do mundo. Ah, faltou democracia e liberdade? Pela democracia, falam Eduardo Cunha e Renan Calheiros, grandiloqüentes exemplares de representantes do povo. E, pela liberdade, falam pais e filhos, mortos, todos os dias e em todos os lugares, por causa de simples celular e mulheres, centenas delas, algumas, crianças até, estupradas e assassinadas por marginais, quase nunca alcançados pela clava da justiça.
Por tudo isto, 31 de março, você que me encontrou jovem e, hoje, encontra-me encanecido, eu o saúdo e me orgulho por ter vivido seu tempo.

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