Como faço todo ano, rendo, neste 31 de março, minhas
homenagens ao movimento cívico-militar que, nesta , mesma data, no longínquo
ano de 1964, apeou do Poder João Goulart
e seus asseclas, empenhados em transformar o Brasil em República Sindicalista.
No ardor da juventude, vivi aqueles inquietantes dias e envelheci, assistindo à
deturpação da história, tantas mentiras foram contadas e recontadas pela esquerda
derrotada, que as novas gerações passaram a ter aquele movimento, como página
negra da vida brasileira. Já em primeiro lugar, é preciso esclarecer que Jango,
presidente vacilante, perdeu o controle sobre as reformas, que pretendia
empreender e se deixou envolver pela esquerda radical, que tinha, como modelo,
a revolução cubana e, como líderes, Fidel Castro e Che Guevara. O
Congresso Nacional, o empresariado e a
classe média, discordantes de qualquer reforma, que não se submetesse à ordem
democrática vigente, aglutinaram-se, promovendo o Movimento, que não sofreu
qualquer tipo de contestação, nem mesmo por parte dos sindicatos laborais,
cujos líderes constavam-se como aliados
de Jango. E o Movimento teve o apoio de toda a Imprensa, falada e escrita, a mesma
que, depois de 1984, posou como heroína da redemocratização. Outra falácia,
sedimentada pela esquerda, é que o regime militar, desde seu surgimento, foi
duro e impôs constrangimento físico aos adversários. A história não registra
tais constrangimentos, durante o governo Castelo Branco, Presidente que era
ligado a intelectuais, como a escritora Raquel de Queiroz e assíduo
freqüentador de teatro. Houve cassações, mas apenas de pessoas ligadas ao
governo derrubado. O chamado “anos de
chumbo” começaram, na verdade, em dezembro de 1968 e foram muito mais
conseqüência do que causa. É motivo de espanto, que, até mesmo historiadores de
renome, deem, como causa determinante da edição do AI5, o pífio discurso,
pronunciado no “pequeno expediente”
da Câmara Federal, pelo então deputado federal, Marcio Moreira Alves. Muito antes
disto, já a partir de 1966, formavam-se organizações insurretas, com o objetivo
de desestabilizar o regime vigente: o “Congresso de Ibiúna”, o atentado ao
Presidente Costa e Silva, no Aeroporto dos Guararapes, em Recife, no qual
morreu graduado oficial das Forças Armadas, a “passeata dos 100 mil”, promovida pela UNE, com o apoio do partido
comunista, são alguns eventos que precederam ao AI5, isto sem contar que, do
Uruguai, Brizola, financiado por Cuba, organizava a “contra revolução” e
membros da “Aliança Libertadora Nacional”,
a ex Presidente Dilma Roussef, liderada por Carlos Marighela, assaltavam bancos
e explodiram o Quartel General do 2º Exército, matando o soldado Mario Kosel
Filho e ferindo outros militares. Por outro lado, militares inconformados com a
inércia do governo, em reprimir aquelas ações, passaram a agir por conta
própria, invadindo universidades e teatros, onde eram encenadas peças de cunho,
nitidamente contestatório ao Poder vigente. Pressionado pelo Exército, que via
a ordem pública sair do controle, Costa e Silva, em 13 de dezembro de 1968,
editou o Ato Institucional nº 5, que restringia direitos individuais – habeas
corpus – e coletivos – manifestações
sindicais e estudantis. A partir dessa última data, iniciou-se verdadeira
guerra, que perdurou até meados de 1973, entre organizações, que pretendiam
desestabilizar o regime militar e este. Segundo dados mais críveis, morreram
cerca de 800 pessoas, ligadas a tais organizações, contra 100 civis e
militares, fiéis ao regime, executados pelas mesmas organizações terroristas,
números considerados de pouca expressão, em se avaliando o lapso de tempo de
duração do conflito e a comparação com os executados por Fidel Castro e Augusto
Pinochet. Outro aspecto, intencionalmente omitido pelos “historiadores” de esquerda, é que, principalmente a partir de 1969,
o Brasil experimentou o maior crescimento de sua história, passando a integrar
o clube das 10 maiores economias do mundo, o que promoveu pleno emprego, com o
salário mínimo em torno de 400 dólares (cerca de 1.600 reais, em número atual),
nunca mais atingido. Sob a batuta do então Ministro, Delfim Netto, o crédito cresceu cerca de 20%
aumentando a demanda por bens duráveis e por habitação. Para completar o sucesso
econômico daquele período, a alta das “commodities”
e a diversificação da economia triplicaram nossas exportações. Esse período,
conhecido como “milagre econômico”,
não se abateu, nem mesmo quando a OPEP (Organização dos Países Exportadores de
Petróleo) promoveu dois consecutivos “choques”
no preço do petróleo que, no primeiro momento (10/1973), passou de 3 para 11
dólares o barril e, em segundo momento (1979) para 30 dólares o barril. No
primeiro momento, com o Ministro Delfim Netto como “gestor da crise”, esta foi minimizada utilizando-se as reservas
monetárias do País, o que possibilitou investimentos públicos de incontestável
relevância, como a Usina de Itaipu, o Polo Petroquímico de Camaçari e a
prospecção na Bacia de Santos, dentre tantos outros. Também se falseia a
verdade, quando se afirma que os Generais Presidentes não contavam com a
simpatia popular. Castelo Branco freqüentava teatro, no eixo Rio-São Paulo, sem
nunca ter sido hostilizado e Médici,
torcedor do Grêmio e do Flamengo, era assíduo freqüentador do Maracanã, sempre
aplaudido, calorosamente, por dezenas de milhares de torcedores, quando sua
presença era anunciada. Outro item, a merecer destaque foi o exemplo de
probidade dos governantes: os únicos patrimônios de Castelo Branco eram um
“aero-willys” e um apartamento, em Ipanema; Médici desviou o traçado de uma
estrada, para que ela não valorizasse sua pequena fazenda. Figueiredo, após sua
morte, teve vendido seu sítio, na região serrana do Estado do Rio, para
pagamento de dívidas. Em cada Ministério e Órgão da Administração Indireta
havia uma unidade do SNI, denominada “DSI – Divisão de Segurança e Informação”,
que acompanhava os sinais exteriores de riqueza dos servidores públicos.
Lembro-me de que, quando comprei meu apartamento, no Leme, dois anos após meu
ingresso no Ministério da Fazenda, fui “convocado”
a me “explicar”, ocasião em que levei
o carnê, referente a 20 anos de financiamento. Casos pontuais de corrupção eram
severamente punidos, como aconteceu com o Governador do Paraná, Moisés Lupion,
cassado por ter exigido propina de Cecílio do Rego Almeida, do ramo da
construção civil. Finalmente, concluo desfazendo a falácia, que se criou sobre
a redemocratização, como tendo sido conquista da sociedade civil, através de
manifestações como as “diretas já!”.
Nada mais afastado da verdade histórica! Figueiredo desprezava Paulo Maluf,
pela sua nebulosa história e Andreazza, por ser Coronel, era nome rejeitado
pelo Alto Comando das Forças Armadas. Em 18 de julho de 1984, o então Ministro
do Planejamento, Delfim Netto, falando em nome do Presidente Figueiredo e do “sistema”, reuniu-se com Tancredo Neves,
na residência do empresário da construção civil, Sebastião Cantídio Drumond,
situada na Praia do Flamengo, onde foi dado o “nihil obstat” ao nome de Tancredo que, inclusive, no início do
mesmo ano, já se reunira com o então Ministro do Exército, Walter Pires, na
residência do empresário, José Pedroso, também situada no Rio, na Avenida
Atlântica, 2016. Tancredo, também, recebeu o aval de Geisel, em reunião com
ele, , intermediada por Francisco Dornelles e Mario Henrique Simonsen. Tancredo
afirmou que só seria candidato à Presidência contra Paulo Maluf. Assim, o “sistema” boicotou a candidatura de Mario
Andreazza e pavimentou a vitória de Tancredo, tendo Sarney como vice e que, até
então, era o líder do PDS, partido do governo. Esta é a verdade histórica e a
decantada “conquista popular”, não
passou de “tertúlia plácida para embalar
bovino”.
Comparo o Brasil de ontem – entre 1964 a 1984 e o Brasil,
após aquele período e o faço, à luz dos fatos históricos, econômicos, sociais e
morais. Sobre o primeiro, o de ontem, já apresentamos dados objetivos, a
indicarem desenvolvimento econômico, com pleno emprego e salários compatíveis
com o que Santo Tomás de Aquino chamava “vida humana digna”. A “nova república” trouxe o Governo Sarney
e sua inflação de 100% ao mês; o Governo Collor e seus desastrados amigos, P.C.
Farias, no comando; o Governo Fernando Henrique, que internacionalizou nosso
sistema de telecomunicações e, a partir dele, a instalação, com o lulopetismo,
do maior esquema de corrupção da história do mundo. Ah, faltou democracia e
liberdade? Pela democracia, falam Eduardo Cunha e Renan Calheiros,
grandiloqüentes exemplares de representantes do povo. E, pela liberdade, falam
pais e filhos, mortos, todos os dias e em todos os lugares, por causa de
simples celular e mulheres, centenas delas, algumas, crianças até, estupradas e
assassinadas por marginais, quase nunca alcançados pela clava da justiça.
Por tudo isto, 31 de março, você que me encontrou jovem e,
hoje, encontra-me encanecido, eu o saúdo e me orgulho por ter vivido seu tempo.
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