segunda-feira, 20 de março de 2017

Diálogo mais que possível



Personagens: Deltan Dallagnol, o Procurador enviado por Deus e o Juiz Sergio Moro. Deltan entra, esbaforido, no gabinete do Juiz:

Sergio, você precisa se mexer. O Lula já avisou que, no próximo mês, coloca a candidatura na rua. Ontem, à noite, conversei com Deus e ele diz que a situação não está boa para o nosso lado, que não provamos nada de concreto contra o homem e até ele, que é Deus, não se convenceu da história do apartamento do Guarujá. Muito “blá, blá, blá”, mas prova material que é bom, nada. Porra, Sergio, faz 03 anos que estamos nesta lenga-lenga e, apesar de todo o apoio da mídia, o máximo que conseguimos foi provocar o desemprego de milhares de operários da construção civil, quebrar a “Norberto Odebrecht”, tornar o Brasil repulsivo aos olhos do mundo dos negócios. Afinal, nosso projeto era liquidar os partidos políticos, desmoralizar a classe empresarial e nos transformar em “salvadores da pátria”. Aí você seria eleito Presidente e eu seu Ministro, mandando em todo mundo. A verdade é que a lava-jato perdeu força popular e nem vende mais jornais e revistas.”

Sergio: “E o que quer você que eu faça? O homem vai ser ouvido em maio e, com muita correria, a sentença só vai sair lá pro final de junho. Até lá, estou de mãos atadas”.

Deltan:  “decrete a prisão temporária dele, plante matéria contra ele na Imprensa, que está a nosso lado. Você tem a caneta, pode tudo”.

Sergio: “decretar a prisão dele, a esta altura do jogo, seria arbitrariedade, que seria derrubada nos “tribunais superiores”.

Deltan: “ora, Sergio, tantas arbitrariedades nós cometemos, que uma a mais não faria diferença. Quanto ao que você chama de “tribunais superiores”, só pode estar brincando. Eles morrem de medo de você, não ousam modificar qualquer decisão sua. O Supremo, então, é uma piada. Tirando o Gilmar, que joga no outro time e não esconde isto de ninguém e o Celso de Melo, com seu excesso de legalismo, o resto faz o que a gente quer, ainda mais agora que a bola está no pé do Fachin. Aqui pra nós, você não acha aberração jurídica processar o cara, até quando recebe dinheiro de “caixa um”? O político, agora, vai exigir do doador declaração sobre a “idoneidade” do dinheiro doado. Modéstia a parte, a idéia foi minha, que empurrei na goela do Janot, que enfiou na do Fachin. Faz parte do nosso plano de liquidar o Congresso. Agora, vem o Lula atrapalhar nosso plano de tomar o poder. Você tem que dar um jeito no homem. Você já parou para pensar o que será de nós, se Lula se eleger Presidente? Vamos  ser transferidos para Roraima, Macapá, esses lugares que você só ouve falar, quando tem desgraça”.

Sergio: “Ta bom, Deltan, vou ver o que dá prá fazer. A propósito, você leu o evangelho de Mateus da última sexta-feira? Termina assim: “procuraram prendê-lo, mas ficaram com medo das multidões, pois elas o tinham na conta de profeta.”

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