sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

Por causa da Sra. Marisa Letícia Lula da Silva



Como é de notória sabença, pelos que me honram, acompanhando estas mal traçadas linhas, tenho total desapreço pelo lulopetismo, nódoa indelével em nossa melancólica história. Todavia, desapreço ideológico não significa indiscriminado ódio pessoal, sentimento que desconheço, até pela minha formação religiosa. Tantos são amigos, que tenho, dentro do PT, a começar pelo meu irmão, que aqui não haveria espaço para nominá-los. Limito-me a ser dono de “minha verdade” que, até ela, não é definitiva. Definitiva, sim é minha servidão ao Direito que, malgrado infortúnios, é de onde tiro o pão de cada dia. Faço de todos os réus meus clientes e, mesmo tendo chegado à idade provecta, revolto-me, quando constato que o ordenamento jurídico está sendo violado, principalmente quando o é pelos que tem o dever de preservá-lo. Lula é o chefe da “gang”, perseguida pela “lava-jato”? Tem tudo para ser e até acho que seja. Mas, e a prova material do locupletamento ilícito, quando será exibida? Até lá, são meros indícios, a o envolverem a ele e a sua família. Apenas por mera suposição, foram explícitos  o abatimento, a tristeza ininterrupta da esposa e mãe, ao ver o marido e filhos enxovalhados, sempre na iminência  de serem presos, sem culpa formada. Vivemos dias de preocupação para a liberdade. O povo,  impaciente na arquibancada, torce para que o leão vença, porque ele, o povo, se alimenta de sangue. A mídia torce para que o leão vença, porque sangue dá audiência. Entre os torcedores, deles não os há que perguntem se é justo que o lutador seja jogado às feras. Até os juízes que, em nome desta coisa etérea, chamada liberdade e da justiça, que a torna possível, mesmo eles, camuflados em suas honoráveis togas, omitem-se, porque, assim agindo, tornam-se respeitáveis, na visão da turba. Quantas vezes já vimos cena igual e, fingindo-nos cegos, permitimos que esse  melancólico circo de horrores volte a se exibir, tornando-nos, cada dia, menos dignos. “Liberdade, liberdade, para que vos quero” perguntava o poeta. Eu, cá de mim, trôpego assistente dessa ópera bufa, quero-a para que meus filhos e netos vivam em um País, onde haja segurança jurídica, bem tão precioso quanto a própria vida, segurança que foi negada a Dª.  Marisa, esposa e mãe, transformada na primeira vítima fatal do arbítrio. A turba queria um cadáver. Ei-lo, podem aplaudir! Eu, com todo o meu anti-petismo, sinto vergonha e rezo para que ela descanse em paz.

Nenhum comentário:

Postar um comentário