Ao encerrar a missa de domingo último, o sacerdote, que a
presidia, solicitou a colaboração de quem se julgasse capacitado, para a função
de catequista de crianças e adolescentes, a se prepararem para a primeira
comunhão e crisma. Fui para casa, tentado a oferecer meus serviços. Afinal, por
quase 10 anos, em outra Paróquia, fui Ministro Extraordinário da Eucaristia,
palestrante em “curso de noivos”, tendo elaborado apostila sobre o tema e
coordenei a equipe de liturgia. Além de tudo isto, sou leitor diário da Bíblia
e voraz devorador de livros sobre religião, de modo geral. Assim, em primeiro momento,
pretensiosamente, julguei-me capacitado para tão relevante tarefa que,
inclusive, serviria para “fortalecer
minha fé”. O domingo transcorreu com sua habitual mansidão, permitindo-me
melhor refletir sobre a decisão a tomar. Será que ainda sei conversar com
jovens? foi a primeira pergunta que me fiz. Lá pelos anos 60, eu também jovem,
(acreditem, já o fui!) lecionei, por cerca de 10 anos, Português e Literatura,
para alunos do 2º grau. Os tempos eram outros, os jovens tinham diferente
postura, em relação aos professores. Seria eu capaz de me comunicar com eles?.
Lembrei da crítica de meu filho, também advogado, cuja opinião solicitei, após júri realizado. Disse-me ele:-
“você foi bem, só que fala “velho”.
Exatamente por ter atingido a idade provecta, não sei falar “modernoso”. Ainda me preocupo com os
pronomes, em seus devidos lugares e com a harmonia que deve haver entre os
elementos da oração. E será que os conceitos teológicos ainda se mantêm?
Continua Deus tendo feito o céu, a terra, mares, rios, montanhas, seres vivos, tudo isto em 6 dias, descansando
no 7º? Está mantida a sentença que decretou o despejo de Adão e Eva do Paraíso?
E o Mar Vermelho continua aberto, permitindo a fuga dos judeus? Estão mantidos
os milagres de Jesus, desde a transformação da água em vinho, até a cura do
cego, do mudo, do paralítico? E quanto aos exorcismos, por ele realizados, à
luz do dia, diante de multidões embasbacadas? Não faz muito tempo, em uma
homilia, sacerdote, por quem tenho grande admiração, afirmou que céu e inferno,
como espaço físico não existem, constituído simples metáfora. Quase caí do
banco, até porque tal assertiva contraria várias passagens dos Evangelhos,
inclusive a “Profissão de Fé”, que
rezamos, exatamente após a homilia e onde está gravado que Jesus Cristo “subiu aos céus”. E no Evangelho de
Marcos (9,41-50), Cristo assevera que “se
sua mão te leva à queda, corta-a! É muito melhor entrares na vida tendo uma só das mãos do que,
tendo as duas, ires para o inferno, para o fogo, que nunca se apaga”.
Segundo meu parco entendimento, a clareza do texto não condiz com simples
metáfora. Ao final de tantas divagações, concluí ser inadequado para tão
responsável missão: além de “falar velho”,
como asseverou meu próprio filho, meus conhecimentos teológicos e bíblicos, que
os tinha como firmes, são, na verdade, vacilantes e estão desatualizados.
Assim, para felicidade de todos, desisti da empreitada, antes de promover
estragos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário