Ontem, fiz um ‘’bate-volta’’ ao Rio. Cheguei às 9h20 para uma
primeira reunião ali na rua Santa Luzia, menos de 1.000 metros do aeroporto.
Manhã esplendorosa de quase verão, fui a pé, pelo viaduto que cobre o Aterro do
Flamengo. Chego aquela rua (sem ser abordado por nenhum ‘’trombadinha’’) que
começa na Igreja do mesmo nome. Santa Luzia, mesmo tendo tido seus olhos
furados e arrancados, seguiu professando sua fé em Deus. Porisso é considerada
a ‘’protetora da visão’’. Como ainda tinha 15 minutos e estava a menos de cinco
do meu destino, entrei. Igreja pequena, simples, com aquele estilo ‘’rococó’’,
que caracteriza os templos do começo do século 20 para trás. Incrível pensar
que, tendo trabalhado, por quase uma década, no quarteirão seguinte, nunca
tenha, até por curiosidade, entrado naquela Igreja. Justifica-se: era eu ainda
jovem, o que nos dá quase a certeza da imortalidade e do poder absoluto de
guiar a vida. Terminada a reunião, segui para outra, na Avenida Rio Branco,
onde cheguei, pela Cinelândia. Agrada-me aquelas construções neo-clássicas,
trazidas da arquitetura francesa: o Teatro Municipal, a Escola de Belas Artes,
a antiga sede do Supremo, a Biblioteca Nacional, cujo prédio está sendo
recuperado. No tapume, que cobre sua fachada, há um ‘’apelo’’, cujo autor seria
Ziraldo, onde sê lê: ‘’Entre! Ler é mais importante que estudar.’’ Pensamento
prá lá de imbecil. A biblioteca pública ou particular, mesmo em tempo de
internet, é excelente centro de pesquisa e sua qualidade é fator de
credenciamento de Universidades. Lembro-me, quando estudante, das incontáveis
horas, passadas na Biblioteca Municipal, que ficava na Praça Dom José Gaspar,
lendo e estudando, atividades que se entrelaçam. O estudo, hoje mais do que
nunca, é o único caminho aberto, para a independência. No avião, que me levou,
li reportagem sobre uma jovem negra, moradora de favela, estudante de escola
pública que, com muita dedicação, 10 horas por dia, mergulhada nos livros,
classificou-se a participar de Olimpíada de Neurociência, a ser realizada em
Copenhague, onde estarão adolescentes de 52 países. Eis porque afirmar que
‘’ler é mais importante que estudar’’, chega a ser um desserviço a juventude e
até mesmo uma heresia.
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