quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Por causa de uma amizade perene

Amigo muito querido, de quase meio século, fez aniversario, ontem. Juntos, passamos por dificuldades financeiras, ultrapassamos águas revoltas, até alcançar mar tranquilo. Juntos, com nossas esposas, pastoreamos a noite carioca e os dias, memoráveis dias, paraibanos. Nossos filhos cresceram, lado a lado e, para meu orgulho, herdaram nossa amizade. Por tudo isto – e muito mais – quis cumprimentá-lo e ele, sempre arredio a esta data, simplesmente desapareceu. Tem tanto horror à velhice, que a denomina ‘’a pior idade’’. Até concordo com ele, mas, como é fato definitivo, conformo-me, sem maiores traumas, apesar das dores nas articulações, da pressão, que precisa ser cuidada e da cirurgia, que precisa ser realizada. Mas, nos momentos de depressão fugidia, fica a pergunta: o que fiz de minha vida? Ele é guerreiro indomável. Filho de Ministro de João Goulart, a Revolução de 1964, apanhou-o, gozando as delicias do outono italiano. Desceu do céu ao inferno, em poucos dias. Como o pai era homem honrado (outros tempos!), tornou-se o guia, material e moral, de uma família de incontáveis irmãos e segurou a onda, como surfista invulgar. Perseguido pelo regime militar, teve a coragem de jogar, pela janela, cargo publico vitalício e se lançar na iniciativa privada, enfrentando e vencendo as dificuldades de uma área – mineração -, na qual nunca cavara. Mas a política borbulhava em seu sangue e o convocou para árduas e inconstantes batalhas, em sua terra natal, onde foi tudo, municipal, estadual e federalmente falando. Jamais transigiu com a subserviência e com a corrupção, mesmo que essa intransigência lhe trouxesse inimizades... de pouca duração, porque sua altivez, aliada a sua exuberância, destruíam qualquer inimizade efêmera. Ficamos e somos amigos, apesar de nossas divergências políticas e de ser ele Fluminense e eu Botafogo, ambos fanáticos.
Ficamos velhos, cada dia mais, meu queridíssimo Osvaldo Jurema, mas escrevemos uma historia de lutas e conquistas e o simples fato de ainda estarmos aqui, para contá-la, já é motivo para comemorarmos.

Que Deus continue guiando seus passos!

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