Liga-me Luiz Claudio, amigo dileto, perguntando-me dos meus
planos para o ‘’Reveillon’’. Respondo
que ele deve estar maluco, pois ainda estamos muito distante de tal evento, a
que ele retruca lembrando que estamos a menos de 70 dias para romper 2016. Desligo o telefone, meditando sobre os dois
fatos: que, em pouco tempo, o ano termina e que o próximo será 2016. Todos
temos a sensação que os dias voaram, que ontem mesmo, era janeiro ou abril. É
assim mesmo: a idade encurta o tempo e alonga as distancias. É que,
envelhecidos, aproximamo-nos do fim do caminho, por onde vamos, abandonando,
qual carga inútil, nossos projetos, que não sejam de curtíssimo prazo – coisa,
no maximo, de 180 dias. Todavia, mais do que a celeridade do tempo, o que me
fez enrugar a testa, foi constatar que chegaremos a 2016. Outro dia mesmo –
para não ir muito longe – comemorávamos a ‘’virada
do século’’. Não me recordo, onde estava, mas me recordo de toda a celeuma,
que se levantou, que haveria pane geral nos computadores, que a terra sofreria
transformações climáticas, tudo isto sem falar nos que profetizavam o final do
mundo. Nada, absolutamente nada aconteceu de anormal e a manhã do primeiro ano
de 2000 amanheceu exatamente igual à manhã do último dia do século anterior. E
ainda houve os que Nelson Rodrigues denominava ‘’idiotas da objetividade’’, que torciam o nariz, afirmando que, na
verdade, o século 21 só começaria em 1º de janeiro de 2001. Mas volto ao
presente, para dar uma resposta a Luiz Claudio. O certo é que os últimos tempos
têm me forçado a réveillons medíocres, sem os esplendor daqueles passados no
Rio, tantos foram, alegrias repetidas, sob o brilho dos fogos de artifício. Com
certeza, lá seria minha primeira opção, não fosse eu sócio minoritário desta
coisa, às vezes perversa, chamada ‘’sociedade
familiar’’. Terei que consultar as bases, antes de responder a Luiz Claudio
que, perdido em excesso de liberdade de ir e vir, busca sugestão. Retorno a
ligação e pergunto se ele vai só ou acompanhado e ele, reticente, esclarece que
ainda não definiu, mas que isto é irrelevante. Esclareço que, acompanhado e em
fase de amor chegante, ‘’Arraial
D’Ajuda’’ seria o ideal, com a exuberância de suas praias, protegidas por
falésias e a alegria de seus freqüentadores, afastados dos suores de Porto
Seguro e não contaminados pela falsa sofisticação de Trancoso. Mas tem que ter,
bem juntinho, corpo quente e voz quase rouca de mulher especial, caso
contrario, mais do que solidão, virá a inveja do casal ao lado que se olha e se
funde em um só corpo. Encerro a conversa com Luiz Claudio – ou a adio para
outra data -, sugerindo que, se for apenas para mitigar a tristeza, sozinho ou
em companhia insossa, embarque em um cruzeiro, cujo navio ancore, na noite do
dia 31, ao largo da praia de Copacabana e fique esperando, em estado de
semi-embriaguez, o balé fantástico dos fogos de artifício, bailando no céu. Se
chorar, não tem importância, as pessoas entorno jamais saberão se será de
tristeza ou alegria.
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