quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Mudança de ares

Moro ao lado de um parque, onde, desde o começo dos anos 80, quando voltei do Rio, faço minhas caminhadas. Na verdade, no começo formávamos um grande grupo, que corria. Com o tempo, muitos mudaram de pouso, outros morreram e alguns sobreviventes, como eu, apenas caminham, o que já considero um grande triunfo. O parque é pequeno e uma volta completa corresponde a 950 metros. Durante a semana, é freqüentado, quase exclusivamente pelos moradores do entorno, o que nos faz a todos, quase íntimos. De tempo em tempo, sufocado pela monotonia da mesma paisagem e das mesmas pessoas, tiro férias do parque, que limito a contornar, quando venho e volto do escritório. Aliás, tirar ‘’férias’’ de pessoas e coisas, é hábito que cultivo, para não cair na monotonia, que esgarça, qualquer relação. Mas, por que estou a dizer tudo isto? Simplesmente, porque resolvi tirar férias de Dilma, do PT, da lava jato, enfim, destes assuntos, nos quais venho me fixando, como se eu, anônimo vivente, pudesse, com minha torta escrita, mudar alguma coisa. Além do mais, o que não falta, seja no cotidiano, seja no noticiário, matérias, a merecerem melhores reflexões. Quem anda por São Paulo, encontra ‘’tipos’’ interessantes, que merecem ser devidamente observados. A mídia fornece-nos, cotidianamente, dezenas de informações, que exigem reflexão, se quisermos ficar conectados com este mundo, repleto de contradições. O assunto do momento é a invasão da Europa, pelos egressos da miséria e que já chegou até nós, através de angolanos, bolivianos e haitianos. O ‘’Manchester United’’ dispõe-se a pagar salário anual de 82 milhões de reais a Neymar, o que deve mexer com a cabeça de muitos garotos pobres que, por óbvio, preferem o campinho de futebol às salas de aula. A tecnologia avança, mas continuamos escravos da natureza, que nos nega água, ou nos afoga nela, sem falar nos tufões, furacões e outros cataclismas, felizmente, desconhecidos em nossas plagas. E a crise da Grécia e o terrorismo, chegando à França? E as agruras de nossa cidade, onde uma administração incompetente parece determinada a paralisá-la? Tantos são os temas, a merecerem abordagem, que se justifica ficarmos, pelo menos por um tempo, afastados da mediocridade de Brasília e seus pútridos personagens. 

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