A crise migratória
deixou de ser problema europeu e passou a ter repercussão mundial. Sempre
existiu essa tendência de povos pobres buscarem melhores condições de vida, em
países desenvolvidos. Depois da primeira guerra mundial (1914-1918), os Estados
Unidos eram o ‘’destino’’ dos que vinham tentar a sorte no ‘’novo mundo’’. Foi a época,
principalmente, da imigração italiana. Depois, vieram os mexicanos,
porto-riquenhos, orientais, sul americanos e, finalmente, cubanos, fugindo do
terrorismo e do atraso da ilha de Fidel Castro. Estima-se, hoje, que cerca de
1/5 da população norte-americana é de estrangeiros, muitos vivendo na
clandestinidade. À exceção dos italianos, que integram a cadeia produtiva, os
demais povos ocupam sub empregos, desprezados, quer pelas condições de
trabalho, quer pelos baixos salários, pelos cidadãos da terra, daí a
inexistência de conflitos, no mercado de grandes oportunidades. Todavia, surgem
graves problemas, no campo social, principalmente porque o Estado vê-se na
contingência de fornecer saúde pública, cujo ‘’custo’’ recai sobre a população nativa. A Europa, em razão das
constantes guerras no Oriente Médio e da progressiva miséria africana, vem
sendo, literalmente, invadida por habitantes dessas regiões, gerando caos
econômico e social. Só a Alemanha espera receber, neste ano, perto de 01 milhão
pedidos de asilo. A Itália – vemos isto, todos os dias, pela TV – é, quase
diariamente, tomada, pelo mar, por refugiados. A Chanceler alemã, Ângela Merkel
propõe que a União Européia crie uma ‘’política de direito de asilo’’, que
permita regularizar tão catastrófica situação. Por tal política, os refugiados
seriam selecionados e os não aprovados seriam recambiados a seus países.
Atualmente, Grécia e Itália recebem o maior número de refugiados – 150 mil,
apenas nos últimos dois meses – mas existe a possibilidade, quase certeza, que
tais correntes migratórias desloquem-se para outros países, trazendo
imprevisíveis conseqüências sociais e econômicas. A experiência
norte-americana, de criar barreiras à imigração, resultou inócua, porque
forjada na base da repressão e é exatamente isto que a Chanceler alemã quer
evitar. Afinal, a globalização, se veio para o bem, também veio para o mal. É
grossa demagogia debater tal questão, limitando-a ao campo da ‘’fraternidade’’ e da ‘’comiseração’’. O problema é,
essencialmente, econômico, porque, com os imigrantes, virão problemas sociais,
para cuja solução o Estado tem que ‘’meter
a mão do bolso’’, seja aumentando impostos, seja aviltando as políticas
públicas, já existentes. A Alemanha – como sempre – sai na frente, com o
racionalismo que a fez sobrepujar as intempéries de duas guerras.
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