Abro o computador, para acessar o resumo das noticias do dia,
aquelas chatices de sempre, Dilma X Eduardo Cunha; Polícia Federal X Lula; TCU
X Dilma, Collor x Janot, até parece jogos da série ‘’C’’ deste medíocre
campeonato brasileiro. Todavia, antes de perder o bom humor, lendo tantas mazelas,
eis que a tela é invadida por publicidade, falando da maravilha que é viajar, e
dando algumas sugestões. E eu, refém do trabalho cotidiano, roubo,
gostosamente, algum tempo do meu pouco tempo, reclino na cadeira e viajo,
através da gasta memória, por alguns lugares que deixaram marcas de inapagáveis
satisfações. Aquela viagem, de carro, pela ‘’Rio
– Santos’’, com demoradas paradas, em várias praias, até Búzios, nosso
paradisíaco destino final. Arraial D’Ajuda e seu mar, protegido por falésias,
onde, à noite, num espaço de menos de mil metros, pode-se ouvir, em bares
colados uns aos outros, todos os tipos de música e comer as mais variadas
comidas. Mais para cima, colado à Recife, chega-se a Porto de Galinhas, onde,
em pleno julho, sol de 30 ou mais graus, percorre-se praias, onde coqueiros
lambem a areia e se se delicia com ‘’peixe
na telha’’. Anda-se um pouco mais e aí está João Pessoa, preciosa jóia do
nordeste, com seu pôr-do-sol, sob o ‘’bolero
de Ravel’’, tocado por magnífico piston, de dentro de tosco barco. E tem
‘’areia vermelha’’, banco de areia, formado a exíguos quilômetros (05, se
tanto) da praia, para onde se deslocam barcos e comerciantes, para oferecerem
cerveja gelada, bebida, literalmente, sentado dentro do mar. E quem não tomou
um caldinho de caranguejo na barraca de ‘’Mão
Branca’’, um ‘’negão’’ de 1,90m
de doçura e paciência, na praia de ‘’Caboinha’’,
desconhece a verdadeira porta do céu. E, sem menosprezo a outros lugares,
chega-se a Fortaleza e as praias entorno, onde a ‘’do futuro’’ é a mais próxima, além de tantas outras, onde se pode
‘’navegar’’, em dunas, cujos
condutores dos bugs oferecem passeio ‘’com
emoção’’ ou ‘’sem emoção’’,
diferença que só se descobre, quando o coração insiste em sair, pela boca. E o
Rio será sempre lindo, ‘’do Leme ao
Pontal’’, com obrigação de parar na ‘’Pedra
de Guaratiba’’ e comer uma moqueca de camarão. Lá fora, Paris será ‘’toujours une fête’’, com suas avenidas
arborizadas, os cafés, principalmente do ‘’quartier
latin’’, cerveja gelada e cançonetas, a qualquer hora do dia ou da noite.
Em Roma, o Vaticano mexe com seus valores espirituais, lembrando que, às
quartas-feiras, o Papa celebra missa na Praça de São Pedro e, depois,
percorre-a, cumprimentando os fieis e, em Nápoles, pega-se um barco e, se a
maré deixar, uma canoa o levará até o interior da ‘’Gruta Azul’’ que, à época da Roma antiga, fora formidável piscina
do Imperador Tibério. Indo à Espanha, não se pode deixar, de lado, Toledo, com
sua catedral gótica e os artesãos do ouro. E, em Lisboa, melhor que o bacalhau
à moda – que por cá os há melhor – ouvir fado, saboreando um rosbife ao molho
de vinho, dentre tantos outros prazeres, é programa para se gravar na memória.
Realmente, viajar é preciso, até para constatar a existência de ‘’outro mundo’’, sem governantes
corruptos, onde se trata o povo com respeito, dando-lhe educação e saúde dignas
e onde o turista pode bater pernas pelas ruas, sem sobressalto. Em setembro, se
o dólar deixar, vou à Alemanha, colher material para meu novo livro. Promessa
que fiz a mim mesmo e ameaça aos que me honram, consumindo-se com meus
escritos.
Afinal, hoje é sexta-feira, terno e gravatas deixados no armário,
e até me delicio com a ironia, nada sutil, do Presidente da Petrobrás, que se
declara satisfeito com o balanço da empresa, apesar de se ter registrado uma
redução de 90%, no lucro. Satisfação de hiena, é claro.
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