quarta-feira, 19 de agosto de 2015

José, o eterno

Quantos anos ele tem, é mistério que já abateu pesquisadores e historiadores, de todo o gênero. Alguns, identificam-no dentre os tripulantes da esquadra de Cabral, orientando-o quanto ao melhor local para ancorar nas costas brasileiras. Outros, localizam-no no governo de Duarte da Costa, de quem teria sido Ministro para assuntos de extração de madeira. Tem-se, como certo, que integrou a Regência Trina Provisória e teria sido influencia decisiva, junto a D. Pedro I, quando da Independência. Também há registros de seu nome, no Ministério de Pedro II, o que não o impediu de ser figura atuante no movimento que desaguou na Proclamação da República, tendo sido o ‘’Coordenador de Redação’’ da Carta Constitucional de 1891. Esteve atuante, no Governo de Artur Bernardes, o que não o impediu de ser dileto amigo de Rui Barbosa. Trabalhara, com denodo, na eleição de Julio Prestes, mas, quando Vargas amarrou seu cavalo, no obelisco, lá estava ele, no Rio, saudando a quem chamou ‘’o herói dos pampas’’. Em 1937, ajudou Francisco Campos a redigir ‘’a polaca’’, como ficou conhecida a Constituição do mesmo ano. Seu retrato pode ser visto, quando os pracinhas desembarcaram, no porto do Rio de Janeiro, vindo da Itália. Deve-se a ele – segundo abalizados historiadores – a lembrança do nome do Marechal Dutra, para governar o ‘’novo Brasil’’, que emergiu da segunda grande guerra. Foi amigo e conselheiro do Brigadeiro Eduardo Gomes, mas há registro de inúmeras visitas suas a Getulio, em seu exílio de São Borja, entre 1946 e 1950. Se não apoiou Getulio, também não foi seu desafeto e tinha entrada franca, no Palácio do Catete. Quando Getulio se matou, rendeu-lhe homenagens e, mesmo na oposição, foi ardoroso defensor de Brasília. Quando Jânio renunciou, manteve-se à prudente distância dos acontecimentos, voltando à cena, no final de abril de 1964, até porque foi acometido de forte gripe, que o deixou prostrado, por todo aquele mês. Mas, quando voltou, fê-lo ‘’cuspindo fogo’’, que os militares iriam recolocar o País nos trilhos, que liberdade, sim, mas com responsabilidade, etc, etc. Foi aliado de todas as horas, mas via, com simpatia, as manobras das ‘’esquerdas’’, sendo freqüentador dos jantares, promovidos por Ulisses e Montoro. Infelizmente, outra gripe impedio-o de ir ao comício das ‘’diretas já’’, mas mandou emissário cochichar no ouvido dos organizadores: ‘’estou com você e não abro.’’ Quando o Presidente Figueiredo avisou que não interferiria nas eleições indiretas, ele, corajosamente, bandeou-se para a oposição e saiu de vice de Tancredo e o resto da historia os contemporâneos a conhecem. Não participou do último pleito. Iria descansar de mais de 500 anos de exercício do poder. Mas, abro a revista, no ultimo final de semana e ei-lo, impávido e imorredouro colosso, ao lado de Lula, Renan e outros, reunidos no afã patriótico de salvar a pátria mãe gentil do caos. Lembrei Drummond: ‘’Você é duro, você não morre, José.’’

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