segunda-feira, 31 de agosto de 2015

O Supremo Tribunal Federal e a Descriminalização do uso das drogas

O ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, ao votar a favor da descriminalização do uso pessoal de drogas, o que dá ao viciado o direito de portá-las, argumentou que reprimi-la fere o direito individual à privacidade. Nossa Corte Suprema, usurpando atribuições do Poder Legislativo, vem consolidando posições ideológicas, ao arrepio de lei expressa. Fê-lo, por exemplo, ao colidir com a própria Carta Magna, da qual, pelo menos em tese, deveria ser o guardião-mor, ao revestir a união homoafetiva de características de ‘’entidade familiar’’, quando o artigo 226 e seus parágrafos, de modo a não deixar dúvidas, assevera que ela – entidade familiar – é formada pelo homem e pela mulher. Para dar à união homoafetiva características de ‘’família’’, necessário se tornava que o Congresso Nacional aprovasse especifica proposta de emenda constitucional. Todavia, nossa Corte Maior, ‘’jogando para a torcida’’, violou o corpo e o espírito do legislador constitucional e legislou onde deveria, apenas, interpretar. Agora, na descriminalização do porte de drogas, para uso próprio, repete-se o melancólico episódio de o Supremo rasgar a legislação vigente, aprovando o que o legislador, claramente, quis reprimir. A Lei de Entorpecentes tipifica, como crime, ‘’adquirir, guardar ou trazer consigo, para uso próprio, substancia entorpecente... ’’ A pena, atribuída a este crime, não leva seu autor à prisão, vez que sua natureza – detenção – e seu prazo de duração – de 6 meses a 02 anos – obriga o juiz a convertê-la em prestação de serviços à comunidade. Todavia, a questão, pela sua complexidade, ultrapassa os estreitos limites do tecnicismo jurídico. Estatísticas, das diversas Secretarias de Segurança Pública das Unidades da Federação, indicam que crimes, como roubo, latrocínio, estupro, são praticados por pessoas que fizeram uso de droga. De igual sorte, a maioria dos acidentes de transito é provocada por motoristas alcoolizados ou drogados. Por fim, se a ‘’saúde é dever do Estado’’, como reza nossa Constituição, é inadmissível que, agindo na contramão, o próprio Estado estimule o individuo a se drogar, vilipendiando a própria saúde, o que onera esse mesmo Estado, que terá de tratá-lo, bem como terceiros, que forem vítimas das ações, perpetradas pelo drogado. Em preciso artigo, publicado na edição de a ‘’Folha de S. Paulo’’, do último sábado, o médico e deputado federal, Osmar Terra observou que ‘’o uso continuado das drogas leva à dependência química, que é uma alteração definitiva das conexões neuronais, conformando doença crônica, incurável. Nos adolescentes, este efeito é mais rápido e forte pela imaturidade dos circuitos cerebrais... ’’

Vê-se, pois, que, ao contrario do que sustenta o ministro Gilmar Mendes, muito mais que preservação de liberdade individual, a descriminalização do porte da droga, para uso pessoal, tem amplitude, que passa pela família e abraça toda a sociedade, merecendo, pois, amplo debate, o que só pode se feito no sítio próprio, no caso, o Congresso Nacional.

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

De muitas contradições o mundo vive

Com extrema acuidade, o filósofo contemporâneo, Luiz Felipe Pondé, afirma que vivemos a ‘’era do ressentimento’’, que consiste em repudiarmos, com maior ou menor agressividade, a depender de nossa ‘’coragem’’, diante do fato concreto, tudo que nos desagrada ou colide com nossa maneira de pensar e agir. Somos, sempre, os donos da verdade, por mais absurda que ela possa ser. Não compreendemos, por exemplo, como alguém possa torcer por um time de futebol, que não seja o nosso, o que, às vezes, geram conflitos animalescos, entre torcedores adversos. Agora mesmo o País está divido entre os que apóiam a presidente Dilma e os que ‘’querem sua cabeça’’ e, desde já, afirmo que me incluo entre estes últimos. Vejo, com muito prazer, pela TV Cultura, o sapientíssimo historiador, Marco Antonio Villa, com os olhos injetados de ira, chamar Lula de ‘’ladrão’’ e Dilma de ‘’mentirosa’’. Essa assertiva de que ‘’a verdade está no meio’’ sempre foi balela e um dos textos mais antigos da Bíblia já afirmava ‘’porque és morno, eu te vomitarei de minha boca’’. E tome Deus afogando os egípcios no Mar Vermelho, ou parando o tempo para Josué ganhar a batalha. Moisés comandou seu povo, durante 40 anos, atravessando desertos, passando privações e, quando chegou na ‘’porta de entrada’’, cansado, física e psicologicamente, só porque teve uma pequena dúvida, Deus mandou que ele passasse a ‘’chave da porta’’ para o sobrinho. Só uma releitura do ‘’livro sagrado’’, compreendido à luz da historia e das metáforas, permite-nos construir um Deus complacente e misericordioso. E o ressentimento sai do campo interpessoal e invade, de forma incompreensível, o campo universal. Poderia dar centenas de exemplo, mas me fixo no de ontem, com a Hungria exigindo da União Européia alguma coisa como 02 bilhões de euros para construir muros, que impeçam o ingresso de imigrantes. Por que não usar essa dinheirama toda para dar condições de vida dignas a esses miseráveis, que fogem da guerra ou da fome? Simplesmente porque o ódio, irmão mais forte do ressentimento, é muito mais poderoso do que o amor e a fraternidade. Aqui, no Brasil, em razão de legislação obsoleta – Código de 1940 – a maioridade penal foi fixada em 18 anos. Agora, 75 anos depois, com toda a evolução tecnológica, era obvio que essa maioridade fosse readequada, fixando-se novo marco inicial em 16 anos. Até aí tudo bem, mas o que se fez para reeducar o menor infrator? Nada, a não ser um Estatuto, que é verdadeira ‘’historia da carochinha’’, porque os menores são confinados nas Febens da vida, que não só não educam, mas também constituem verdadeiras ‘’escolas de crime’’. A redução era necessária? Claro que era! Mas, vai trazer resultados concretos? Claro que não, porque a sociedade, movida pelo medo e/ou ódio, busca solucionar a conseqüência – punir o menor infrator -, ao invés de combater a causa - a miséria, o analfabetismo, a promiscuidade.

E assim vamos, de ressentimento, em ressentimento, de ódio, em ódio, constituindo uma sociedade mais injusta, mais belicosa, onde substantivos como paz, harmonia, entendimento não entram. O homem, como nunca, continua sendo o lobo do homem. 

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Mudança de ares

Moro ao lado de um parque, onde, desde o começo dos anos 80, quando voltei do Rio, faço minhas caminhadas. Na verdade, no começo formávamos um grande grupo, que corria. Com o tempo, muitos mudaram de pouso, outros morreram e alguns sobreviventes, como eu, apenas caminham, o que já considero um grande triunfo. O parque é pequeno e uma volta completa corresponde a 950 metros. Durante a semana, é freqüentado, quase exclusivamente pelos moradores do entorno, o que nos faz a todos, quase íntimos. De tempo em tempo, sufocado pela monotonia da mesma paisagem e das mesmas pessoas, tiro férias do parque, que limito a contornar, quando venho e volto do escritório. Aliás, tirar ‘’férias’’ de pessoas e coisas, é hábito que cultivo, para não cair na monotonia, que esgarça, qualquer relação. Mas, por que estou a dizer tudo isto? Simplesmente, porque resolvi tirar férias de Dilma, do PT, da lava jato, enfim, destes assuntos, nos quais venho me fixando, como se eu, anônimo vivente, pudesse, com minha torta escrita, mudar alguma coisa. Além do mais, o que não falta, seja no cotidiano, seja no noticiário, matérias, a merecerem melhores reflexões. Quem anda por São Paulo, encontra ‘’tipos’’ interessantes, que merecem ser devidamente observados. A mídia fornece-nos, cotidianamente, dezenas de informações, que exigem reflexão, se quisermos ficar conectados com este mundo, repleto de contradições. O assunto do momento é a invasão da Europa, pelos egressos da miséria e que já chegou até nós, através de angolanos, bolivianos e haitianos. O ‘’Manchester United’’ dispõe-se a pagar salário anual de 82 milhões de reais a Neymar, o que deve mexer com a cabeça de muitos garotos pobres que, por óbvio, preferem o campinho de futebol às salas de aula. A tecnologia avança, mas continuamos escravos da natureza, que nos nega água, ou nos afoga nela, sem falar nos tufões, furacões e outros cataclismas, felizmente, desconhecidos em nossas plagas. E a crise da Grécia e o terrorismo, chegando à França? E as agruras de nossa cidade, onde uma administração incompetente parece determinada a paralisá-la? Tantos são os temas, a merecerem abordagem, que se justifica ficarmos, pelo menos por um tempo, afastados da mediocridade de Brasília e seus pútridos personagens. 

terça-feira, 25 de agosto de 2015

As correntes migratórias: qual a solução?

 A crise migratória deixou de ser problema europeu e passou a ter repercussão mundial. Sempre existiu essa tendência de povos pobres buscarem melhores condições de vida, em países desenvolvidos. Depois da primeira guerra mundial (1914-1918), os Estados Unidos eram o ‘’destino’’ dos que vinham tentar a sorte no ‘’novo mundo’’. Foi a época, principalmente, da imigração italiana. Depois, vieram os mexicanos, porto-riquenhos, orientais, sul americanos e, finalmente, cubanos, fugindo do terrorismo e do atraso da ilha de Fidel Castro. Estima-se, hoje, que cerca de 1/5 da população norte-americana é de estrangeiros, muitos vivendo na clandestinidade. À exceção dos italianos, que integram a cadeia produtiva, os demais povos ocupam sub empregos, desprezados, quer pelas condições de trabalho, quer pelos baixos salários, pelos cidadãos da terra, daí a inexistência de conflitos, no mercado de grandes oportunidades. Todavia, surgem graves problemas, no campo social, principalmente porque o Estado vê-se na contingência de fornecer saúde pública, cujo ‘’custo’’ recai sobre a população nativa. A Europa, em razão das constantes guerras no Oriente Médio e da progressiva miséria africana, vem sendo, literalmente, invadida por habitantes dessas regiões, gerando caos econômico e social. Só a Alemanha espera receber, neste ano, perto de 01 milhão pedidos de asilo. A Itália – vemos isto, todos os dias, pela TV – é, quase diariamente, tomada, pelo mar, por refugiados. A Chanceler alemã, Ângela Merkel propõe que a União Européia crie uma ‘’política de direito de asilo’’, que permita regularizar tão catastrófica situação. Por tal política, os refugiados seriam selecionados e os não aprovados seriam recambiados a seus países. Atualmente, Grécia e Itália recebem o maior número de refugiados – 150 mil, apenas nos últimos dois meses – mas existe a possibilidade, quase certeza, que tais correntes migratórias desloquem-se para outros países, trazendo imprevisíveis conseqüências sociais e econômicas. A experiência norte-americana, de criar barreiras à imigração, resultou inócua, porque forjada na base da repressão e é exatamente isto que a Chanceler alemã quer evitar. Afinal, a globalização, se veio para o bem, também veio para o mal. É grossa demagogia debater tal questão, limitando-a ao campo da ‘’fraternidade’’ e da ‘’comiseração’’. O problema é, essencialmente, econômico, porque, com os imigrantes, virão problemas sociais, para cuja solução o Estado tem que ‘’meter a mão do bolso’’, seja aumentando impostos, seja aviltando as políticas públicas, já existentes. A Alemanha – como sempre – sai na frente, com o racionalismo que a fez sobrepujar as intempéries de duas guerras.  

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Diálogos Inconsúteis

Sentado, quase ao pôr-do-sol, na pedra do Arpoador, Luiz Claudio assistia ao balé mágico dos surfistas de fim de dia, deslizando sobre as grossas ondas, daquele quase verão. Era apaixonado pelo mar, mas o tratava, respeitosamente, por isso não se cansava de admirar a intimidade dos jovens que, em suas pranchas multicoloridas, demonstravam serem amigos íntimos daquelas águas agitadas. Todas as vezes que ia ao Rio, hospedava-se naquele mesmo hotel, do outro lado da rua, especialmente por causa daquele balé. De repente, sua contemplação foi interrompida pela chegada de uma morena, vestindo uma blusa, cobrindo o biquíni, o que deixava, à mostra, belíssimo par de coxas torneadas, enfeitadas por loura e brilhante penugem. Ela sentou a seu lado e, sem o olhar, apenas exclamou: -‘’bonito, não?’’ Ele, no mesmo tom de voz, respondeu: -‘’faz mais de 10 anos que eu olho, sem cansar, para este pedaço de mar, ornamento por surfistas e cada vez acho mais bonito.’’
- Você pretende demorar muito tempo aqui?’’, perguntou ela.
- Acabei de chegar e só voltarei para o hotel, quando o sol se for. Por que?
- Porque vim aqui para suicidar, jogar-me lá embaixo, entre as pedras e o mar e você está me atrapalhando.’’
- ‘’Não é melhor esperar anoitecer? Tem muita gente aqui perto, alguém te salva, você não morre e ainda pode ficar com seqüelas.’’
- ‘’De noite, aqui é muito perigoso, tem assalto, estupro... Tá na cara que você não é daqui.’’
- ‘’Não, sou de São Paulo, estou hospedado no ‘’Arpoador Inn’’, ali, do outro lado da rua. Mas, se você quer se matar mesmo, não entendo o medo de violência’’.
- ‘’Você não vai perguntar porque eu quero suicidar?’’
- ‘’Todos temos muitas razões para viver e muitas para morrer, além disso não sou de me meter na vida alheia.’’
- ‘’Você nunca pensou em se matar?’’
- ‘’Muitas vezes, mas as razões de viver sempre foram maiores que as de morrer.’’
- ‘’E agora, quais são suas razões para continuar vivendo?’’
- ‘’Muitas: meus filhos, netos, meu trabalho e até este visual incrível. Logo, logo o sol vai mergulhar no mar e cobrir as águas. Só isto não basta?’’
- ‘’Quantos anos você tem?’’
- ‘’Faço 60 no próximo mês.’’
- ‘’Puxa, você é um quase-velho, ainda não se cansou de viver?’’
- ‘’Ao contrario. Exatamente porque sou um quase-velho quero aproveitar todos os momentos. E você?’’
- ‘’Eu, o que? Tenho 35 anos, gastei meu tempo aproveitando a vida e, quando dei por mim, as amigas tinham casado com filhos me chamando de tia. Aí vi que era o fim do caminho, como dizia o Vinicius’’.
- ‘’Não foi o Vinicius, foi o Tom, é verso de uma música chamada ‘’águas de março’’.
- ‘’E daí, é a mesma coisa. Vocês velhos têm prazer em corrigir, igual a meu pai.’’
- ‘’Você mora com seus pais?’’
- ‘’Não, saí de casa, lá do interior do Espírito Santo. Moro aqui atrás, na rua quase quase’’
- ‘’Não conheço. Nome esquisito de rua!’’
- ‘’Desculpe, esqueci que você não é daqui. É como chamamos a Bulhões de Carvalho, entendeu?’’
- ‘’Você quer que eu vá embora, para que possa se atirar lá embaixo, sem ninguém para atrapalhar?’’
- ‘’Não, pode ficar. Ainda não resolvi se vou pular. Acho que perdi a vontade.’’
- ‘’Então você não quer tomar um chopp com um quase velho?’’
- ‘’Quando, agora ou mais tarde?’’
- ‘’Tanto faz. Agora ou mais tarde.’’
- ‘’Depois, você, não vai querer me levar para transar?’’
- ‘’Não pensei nisto. Apenas conversar. Às vezes, abrir o peito para um estranho, ajuda.’’
- ‘’Tudo bem, mas prefiro ir tomar o chopp no seu hotel, daí, se der vontade de transar, a gente transa e pronto.’’

Cinco anos depois daquele encontro, vividos em intensa paixão, Adriana (era o nome dela) trocara-o por um surfista. E, às vésperas de completar 66 anos, Luiz Claudio, do alto da mesma pedra, procurava uma razão para continuar vivendo. 

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

O que resultará da Operação Lava Jato?


Em conversa com colegas, tenho sustentado, baseado em análogos fatos anteriores, que, malgrado o monumental trabalho executado pelo tripé, Policia Federal, Procuradoria da República e Juiz Sergio Moro, a operação ‘’lava-jato’’ transformar-se-á em humilde ‘’esguicho’’, quando chegar ao Supremo Tribunal Federal. Sou fortemente contestado pelos sonhadores de plantão que se iludem afirmando que os tempos são outros, que os Ministros não terão coragem de colidir com a mídia, que a ‘’voz das ruas’’ ecoará na Corte Suprema, etc, etc, etc. Tolos, que em seu romantismo exacerbado, não percebem que o Supremo, para usar imagem do historiador Marco Antonio Villa, transformou-se num ‘’puxadinho’’ do Palácio do Planalto. Lá está a ‘’tropa de choque’’ do Governo, disposta a, desprezando a lei, a mídia e a opinião pública, proteger os apaniguados do lulopetismo. Não foi assim no ‘’mensalão’’? Marcos Valério e os banqueiros, meros instrumentos dos crimes, foram duramente condenados e ainda cumprem pena em regime fechado. Quanto aos autores intelectuais e beneficiários da corrupção (José Dirceu, Genoíno, Delúbio), nem esquentaram seus traseiros na ‘’Papuda’’, lá ficando por menos de um ano. Para confirmar minha tese e desengano dos românticos, leio que ‘’Plenário do STF vai julgar validade de delações do doleiro Alberto Youssef’’. Adivinhem qual foi o Ministro que, depois de negar seguimento ao recurso de um dos réus, reconsiderou a decisão e acolheu o pedido? Ele mesmo, Dias Toffoli, o Ministro, reprovado em concurso de Juiz de primeiro grau, ele mesmo, o advogado do PT; ele mesmo, ‘’cria’’ de José Dirceu. Se o Supremo anular a delação premiada do doleiro, via de conseqüência, nulas serão todas as denuncias feitas por ele contra os envolvidos no ‘’petrolão’’, que, também por consequência, terão comutadas suas respectivas condenações. Por certo, anulada a delação de Youssef, as portas estarão escancaradas para que as demais delações, a qualquer pretexto, sejam anuladas e todos os ‘’petroleiros’’ possam continuar vivendo, felizes como sempre.

Eis porque afirmo que a ‘’lava jato’’ corre iminente risco de se transformar em tímido ‘’esguicho’’.

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

José, o eterno

Quantos anos ele tem, é mistério que já abateu pesquisadores e historiadores, de todo o gênero. Alguns, identificam-no dentre os tripulantes da esquadra de Cabral, orientando-o quanto ao melhor local para ancorar nas costas brasileiras. Outros, localizam-no no governo de Duarte da Costa, de quem teria sido Ministro para assuntos de extração de madeira. Tem-se, como certo, que integrou a Regência Trina Provisória e teria sido influencia decisiva, junto a D. Pedro I, quando da Independência. Também há registros de seu nome, no Ministério de Pedro II, o que não o impediu de ser figura atuante no movimento que desaguou na Proclamação da República, tendo sido o ‘’Coordenador de Redação’’ da Carta Constitucional de 1891. Esteve atuante, no Governo de Artur Bernardes, o que não o impediu de ser dileto amigo de Rui Barbosa. Trabalhara, com denodo, na eleição de Julio Prestes, mas, quando Vargas amarrou seu cavalo, no obelisco, lá estava ele, no Rio, saudando a quem chamou ‘’o herói dos pampas’’. Em 1937, ajudou Francisco Campos a redigir ‘’a polaca’’, como ficou conhecida a Constituição do mesmo ano. Seu retrato pode ser visto, quando os pracinhas desembarcaram, no porto do Rio de Janeiro, vindo da Itália. Deve-se a ele – segundo abalizados historiadores – a lembrança do nome do Marechal Dutra, para governar o ‘’novo Brasil’’, que emergiu da segunda grande guerra. Foi amigo e conselheiro do Brigadeiro Eduardo Gomes, mas há registro de inúmeras visitas suas a Getulio, em seu exílio de São Borja, entre 1946 e 1950. Se não apoiou Getulio, também não foi seu desafeto e tinha entrada franca, no Palácio do Catete. Quando Getulio se matou, rendeu-lhe homenagens e, mesmo na oposição, foi ardoroso defensor de Brasília. Quando Jânio renunciou, manteve-se à prudente distância dos acontecimentos, voltando à cena, no final de abril de 1964, até porque foi acometido de forte gripe, que o deixou prostrado, por todo aquele mês. Mas, quando voltou, fê-lo ‘’cuspindo fogo’’, que os militares iriam recolocar o País nos trilhos, que liberdade, sim, mas com responsabilidade, etc, etc. Foi aliado de todas as horas, mas via, com simpatia, as manobras das ‘’esquerdas’’, sendo freqüentador dos jantares, promovidos por Ulisses e Montoro. Infelizmente, outra gripe impedio-o de ir ao comício das ‘’diretas já’’, mas mandou emissário cochichar no ouvido dos organizadores: ‘’estou com você e não abro.’’ Quando o Presidente Figueiredo avisou que não interferiria nas eleições indiretas, ele, corajosamente, bandeou-se para a oposição e saiu de vice de Tancredo e o resto da historia os contemporâneos a conhecem. Não participou do último pleito. Iria descansar de mais de 500 anos de exercício do poder. Mas, abro a revista, no ultimo final de semana e ei-lo, impávido e imorredouro colosso, ao lado de Lula, Renan e outros, reunidos no afã patriótico de salvar a pátria mãe gentil do caos. Lembrei Drummond: ‘’Você é duro, você não morre, José.’’

terça-feira, 18 de agosto de 2015

O auxílio inesperado

Talvez fosse o julgamento de um dos meus mais importantes processos, não só por mais de 10 anos de luta, mas também – porque negar? – pela elevada soma envolvida. O julgamento, marcado para as 09:30 hs, fez-me, na véspera, lutar com o travesseiro. Às 06, café tomado, mas ainda de pijama, sentado no sofá da sala, via o dia surgir, neste magnífico inverno, gostosamente travestido de verão. Troco de roupa, lentamente, olhando o relógio a cada instante, a angústia, prima-irmã da incerteza, apertando-me o peito. O meu direito era bom e meu trabalho, enriquecido pelo mais saber de meu filho, não saberia fazê-lo melhor. Mas isto basta, para garantir a vitoria? Claro que não! E fui recordando situações análogas, em que forças misteriosas, em passe de mágica, conduziram-me da vitoria à derrota. Essas lembranças aumentaram minha angústia, quando cruzava a Praça João Mendes em direção ao Tribunal, no outro lado da rua. Dezenas de pessoas, como eu, aguardavam o semáforo abrir para pedestres. De repente, uma senhora, vinda não sei de onde, toca-me o ombro e, ao voltar-me, ela me entrega em pequeno folheto que, apressadamente, coloco no bolso, sem ler. De hábito, jogá-lo-ia na primeira lixeira, mas não o fiz. Cheguei ao Tribunal, cumpri as formalidades de sempre e sentei, aguardando a sessão começar. Em um gesto puramente mecânico, meto a mão no bolso e de lá sai o pequeno folheto. Leio seu conteúdo, uma, duas, três vezes. Sinto-me invadido por uma torrente, misto de alegria e confiança. Quando a sessão começou e meu processo foi chamado a julgamento, tinha certeza que venceria e aquela vitória eu a devia, não só a mim e a meu filho, mas, principalmente, a Deus que mandou um anjo, sob forma de mulher, entregar-me aquela mensagem – que reproduzo -, como a dizer-me que Ele estava a meu lado, naquele momento e eu nada tinha a temer.
‘’O socorro’’


Na nossa vida somos cercados de barreiras que tentam impedir que as vitórias cheguem em nossas mãos, porém por maior que seja esta barreira, use a arma mais poderosa que um homem tem que é a FÉ; para que, através de sua oração você encontre forças para pedir a Deus que o ajude nessa peleja. Hoje Deus quer abrir a tua visão para que você possa ver que, olhando para o alto ainda tem alguém para te socorrer. Esse alguém é Jesus! Que está presente em todos os lugares, que não tem limites quando quer abençoar quem é servo seu, que não se curva diante da batalha, antes porém entra na peleja para ganhar e te fazer vitorioso. 

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

A insensatez da vida

Fui encontrá-la, calmamente sentada no sofá, que ocupava toda a parede, defronte à porta principal, amamentando seu filho, recém-nascido. À distancia, podia-se imaginar uma quase criança – ela, chegando aos seus 15 anos – acalentando sua boneca. Mas era mãe e filho, no ato celestial da amamentação. Ao notar minha presença ela sorriu, com aquelas duas pequenas covas, que, ao sorrir, ornamentavam seu rosto, olhar e voz, quase murmúrio, de onde emanava paz, aquela vontade de ficar apenas olhando, como se contempla a estátua viva de um anjo, ou um próprio anjo vivo que surge para nos conduzir ao céu. Ela, sempre meiga, guardou o seio sagrado dentro da blusa, feita de tecido simples, pegou a criança nos braços e ma ofereceu, para que eu a acolhesse, o que fiz com carinho e cuidados. Pequena, como ela, cabelos pretos, como os dela. Acalentei-a, por poucos minutos e a depositei no berço, porque, na verdade, por mais absurdo que o fosse, tratava-se de visita profissional. Aquela sala era, na verdade, dependência de unidade prisional, onde aquela adolescente tímida, doce, encontrava-se recolhida, há quase um ano, quando, juntamente com o namorado de 17, matou e esquartejou a mãe do mesmo. Em seu interrogatório, perante o Juiz, narrou os fatos, em todos os seus detalhes e o fez com a mesma voz, quase sussurro, com que me cumprimenta, dizendo – ‘’olá, doutor, que bom que o senhor veio me ver!’’ Afeiçoei-me dela e acredito, firmemente, na defesa que construí: que ela, egressa de família fragilizada, transferiu o afeto, que não teve, para o namorado, que manipulou seu sentimento e sua vontade, induzindo-a a participar daquela barbárie. Independentemente de minha defesa, dentro de poucos dias, amparada na legislação do menor (ECA), ela será posta em liberdade. Sairá daquele centro de recolhimento, conduzindo seu bebê, nos braços. Irá para algum lugar, onde – espero e oro – deverá receber o apoio e o carinho, que lhe foi negado, para transmiti-lo ao filho que pôs no mundo.

Ao me despedir dela, dizendo-lhe ‘’tenha paciência, faltam poucos dias’’, ela toma minha mão, coloca-a entre as dela e, com o sorriso, que ainda, neste momento, vejo e sinto, me diz: - ‘’doutor, gostaria que o senhor fosse padrinho de meu filho!’’. Eu também sorrio, desprendendo minhas mãos e digo ‘’vamos ver!’’, beijo-lhe a face e saio, quase correndo. Ao entrar no carro, não posso me conter e choro, lágrimas incontidas, atônito, incapaz de entender o enredo desta trágica historia verdadeira.

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Por um coração Botafoguense


Como hoje é sexta-feira, dia de amenidades, vou falar com o coração, já que falo do Botafogo, que completa 110 anos, dos quais, pelo menos 60, passei a seu lado. Foram muitos anos, alegrias e tristezas, mas, como dizia Vinicius, poeta botafoguense, ‘’um renovar de esperanças’’. Sempre! Lembro-me das tardes ensolaradas, ou das noites estreladas, ou das nuvens cinzentas, ou do frio pouco, ou do calor muito, todas elas vividas, intensamente, enquanto a Estrela Solitária percorria os gramados, eu, o grito parado na garganta, ou gritado a plenos pulmões. Casei, tive filhos, vieram os cabelos brancos, foram muitos deles, mudei três vezes de pouso, mas o Botafogo ficou, constante, em sua inconstância, paixão ardente que esmaece, mas jamais se extingue, como eu, tantas vezes inconstante, tantas vezes esmaecido, mas vivo, presente. Acho que, também, daí, dessa similitude, vem esse meu amor ao Glorioso. A ele e a mim soem acontecer sumidouros de depressão, dos quais irrompemos, eventualmente, para a euforia. O Botafogo às vezes se maltrata, como eu; o Botafogo é meio inconseqüente, como eu e, como eu, tem os pés esquecidos em Minas Gerais e, por isso, como eu, alterna o fervor com a indolência. Fernando Pessoa, com certeza, era Botafoguense e só por essa razão escreveu o seu ‘’Poema em Linha Reta’’. Dostoievski, com seus personagens alucinantes, sem dúvida, era Botafoguense, porque somente um Botafoguense poderia ser desvairado. Por isso já tivemos Amarildo, o Possesso, como já tivemos Nilton Santos, o doce Nilton, que tocava a e na bola como se regesse uma sinfonia Bachiana. Por isso tivemos Heleno de Freitas, que morreu louco em Barbacena, porque o Botafogo é, acima de tudo, loucura.

Era um sábado estranhamente paradoxal, de um maio de 1977. Minha alma alvinegra agitava-se: morrera Carlos Lacerda, meu guia intelectual, meu mentor político por quem eu vibrava, desde meus 13 anos. E, no mesmo dia, jogava o Botafogo, no Maracanã. Os mesmos olhos que se avermelharam diante do ídolo morto acenderam-se vendo os ídolos vivos percorrerem o gramado. Porque o Botafogo é isso: vida e morte ao mesmo tempo. 

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

A demissão do governo Dilma

A FIESP e a FIRJAN, as duas maiores entidades empresariais do País, fizeram publicar, nos jornais e revistas do último fim-de-semana, matéria, em que manifestam seu apoio à proposta, formulada pelo Vice-Presidente da República, Michel Temer, de se promover uma união nacional, envolvendo empresários, trabalhadores e partidos políticos, com o objetivo de evitar o caos econômico e preservar a estabilidade institucional do Brasil. Por outro lado, o noticiário, também do último fim-de-semana, dá-nos conta de jantar, realizado na residência do senador Tasso Jereissati, com a presença de vários lideres políticos, inclusive do Presidente do Senado, Renan Calheiros e onde se debateu o meio, a ser adotado, para a retirada de Dilma da Presidência. Juntemos os dois fatos – a manifestação das Federações e o jantar – e chegaremos à conclusão óbvia: a vacância da Presidência da República está em final de gestação. Para os que passaram dos 60, a comparação é inevitável: qual a diferença entre o clima de hoje e o ‘’pré’’ 1964? Esse último, contou com a decisiva participação das Forças Armadas que, hoje, pelo menos por enquanto, resta silente. Jango, ao contrário de Dilma, contava com forte apoio político: o PTB de Brizola e parte do PSD de Abelardo Jurema. Em 1964, ao contrario dos dias atuais, a ‘’estabilidade institucional’’ não era prioridade, bastava, afastado o Presidente, dar ao novo governo algum contorno de legalidade e, para isso, bons juristas ofereceram seus serviços. E, estabelecidas as diferenças, o que torna os dois momentos históricos, irmãos siameses? É que, em ambos, a crise econômica jogava e joga a população contra o governo. Em 1964, uma oposição aguerrida, competente soube galvanizar a opinião pública que exigiu a deposição de Jango. Quem duvidar, que consulte os jornais da época. Hoje, ao contrario, a opinião pública, asfixiada por uma economia em frangalhos e por crise moral, sem precedentes, impulsiona uma oposição vacilante a buscar uma solução ‘’institucional’’, já que os tempos modernos não mais admitem ‘’golpe de estado.’’ As revistas e os jornais, de hoje, repetem as manchetes, de ontem, o que faz, a nós, encanecidos, viajar no tempo. São tempos diferentes, mas são tempos semelhantes. É a historia, que teima em se repetir, quando suas lições não são aprendidas.

A menos que, para desgraça geral, aconteça o que preconizei no meu escrito de ontem. 

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

O governo arma cilada contra a população

Dilma e Lula convocaram reunião de emergência com Centrais Sindicais e Movimentos Sociais, para, amanha, 13. O pretexto é organizar a manifestação, a favor da Presidente, agendada para o próximo dia 20. Preocupa-me, todavia, se tal reunião não tem outro objetivo senão preparar um clima de confronto, em relação à manifestação do próximo domingo. Espero – e muito – estar enganado, mas, se não estiver, poderemos ter, nesse último encontro, embate físico, de imprevisíveis consequências. Dilma tem larga experiência terrorista, o mesmo acontecendo com Lula, idealizador de greves e piquetes. Ambos estão em suas respectivas UTI’s. A Presidente já não preside e o País, cavalo de rédeas soltas, galopa, sem rumo certo. Lula, a menos que seja nomeado Ministro de qualquer coisa, para usufruir das benesses do foro privilegiado, cairá nas mãos de Sergio Moro, o justiceiro. Então, a guerrilheira e o agitador sindical conceberam um plano diabólico: promovem, no próximo domingo, verdadeira guerra civil entre população e a milícia do governo e, assim, criam um clima para decretar “estado de exceção”, instalando a ditadura com que sempre sonharam.

Estejamos atentos!  

terça-feira, 11 de agosto de 2015

16 de agosto: festa ou revolução cívica!

A menos que o imponderável me impeça, no dia 16 de agosto próximo, lá estarei – como estive em março -, na Avenida Paulista, para a grande manifestação cívica contra este governo, atolado na corrupção e na incompetência administrativa. Nessa manifestação haverá de tudo, desde cantos patrióticos, até pedidos de impeachment da Presidente, passando por tresloucados, perdidos no tempo e no espaço, a pedirem o retorno dos militares ao poder. Mas, como se tratará de festa cívica tudo será permitido – menos violência, é claro – como o foi em março. Todavia, será uma festa e, como toda festa, tem hora para terminar. E a mídia falará dos milhões – ou milhares – de pessoas, que aqui e por todo o Brasil cantarão e gritarão palavras de ordem. E o que resultará dessa festa? O governo, assustado, tomará algumas médicas inócuas; no Congresso, parlamentares farão discursos inflamados. E daí? Passados alguns dias, poucos dias, as vozes se calarão e tudo ficará como dantes. A grande questão, que fica em aberto, é como se galvanizará a ‘’voz das ruas’’, seja para afastar a Presidente e sua ‘’entourage’’ de larápios, seja para formar um grande arco de aliança, que nos tirará a todos desse buraco, que parece não ter fim. Nós não somos a Grécia, não temos qualquer relevância geopolítica, o que significa que, a não ser nós mesmos, ninguém se preocupa ou se interessa por nós. Estamos cercados de desvalidos, países tão arruinados como nós. A ‘’voz das ruas’’, sem uma liderança que a conduza a lugar seguro, que encaminhe soluções concretas, cairá no vazio, tal qual aconteceu em março. É de se lamentar que, em hora tão crucial, tenhamos uma oposição pífia, distante até mesmo de seus eleitores e que adote a equívoca estratégia de ‘’fazer a Presidente sangrar’’, como se o País pudesse esperar, por mais 03 anos, tal derramamento de sangue. O dólar, impulsionado pelo fiasco do ajuste fiscal, volta a subir; as companhias aéreas, seguindo o mesmo caminho da industria automobilística, reduz vôos e demite funcionários; a dívida pública já encosta em 03 trilhões de reais; o mercado projeta inflação de 9,5% (por enquanto); o governo corta mais 10 bilhões no orçamento, mas promete liberar 02 bilhões em emendas para garantir o apoio de deputados do ‘’baixo clero’’, além de liberar milhares de cargos para manter sua frágil base aliada. Precisaremos de mais sangue derramado, para buscarmos solução que nos permita ultrapassar tão inglório momento? Todavia, como ‘’a praça é do povo, como o céu é do condor ’’, como cantava o poeta, nela, em todas elas, estaremos, no próximo 16 de agosto,para soltarmos nossa voz de indignação, pelo que esta escoria fez com o Brasil. 

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Considerações sobre o programa do PT

Honra se renda ao programa do PT, na última 5ª-feira, pelas verdades que foram ditas. Pincemos algumas:
1.     Dentre os programas para amenizar as dificuldades financeiras, a Presidente destacou o de ‘’proteção ao emprego’’. Se vocês se lembram essa ‘’proteção’’ consistiu em se permitir a jornada de trabalho com redução de até 30%, no salário. Isto tem sido ótimo para o trabalhador, que pode ficar mais tempo em casa, brincando com os filhos e ‘’namorando’’ a esposa. Com o salário reduzido, ele não vai para a esbornia, com os amigos, nem gastando seu suado dinheiro em porcarias, como ‘’foie gras’’, por exemplo, em boa hora proibido pelo prefeito-ciclista, Haddad.
2.     Para amenizar a crise econômica, - disse a Presidente – incentivamos a exportação. Tão vendo, como a madame é generosa? É por isto que o dólar já encosta nos 04 reais e, graças aos tais incentivos, até setembro, chega aos 05 reais. Com certeza, os ‘’golpistas’’ de sempre, vão dizer que o aumento do dólar vai pressionar a inflação; que o pãozinho vai subir, porque o trigo é importado; que o dólar pode voltar a ser usado como indexador. Mas, é claro, tudo isto é balela de mau perdedor, porque o governo está atento e coeso, como sempre.
3.     A presidente disse que está com o ‘’ouvido e o coração aberto para os que mais precisam’’. Só os mal-intencionados podem duvidar da bondade de nossa santa Presidente. Não se viu que ela liberou mais de 01 bi, em emendas, de deputados, esses patriotas, defensores do bem comum? E não venham falar no veto ao aumento dos aposentados! Aqui pra nós, aposentado já não paga condução, sai pouco de casa, portanto não precisa de roupa e ainda tem mania de querer viver muito, só para estourar o caixa da previdência.
4.     O presidente do PT, Rui Falcão, disse uma grande verdade ao afirmar que ‘’as dificuldades estão por toda parte’’. Basta olhar, por exemplo, para a Venezuela, onde o povo saqueia supermercados, em busca de alimentos, ou para a Argentina, onde falta até papel higiênico. Eu, cá de mim, acho justo o Brasil ajudar Bolívia, Cuba e outros países pobres, que nada podem nos oferecer, em troca. Isto é ser cristão.
5.     Outra coisa importante foi Rui Falcão pedir ‘’juízo aos que querem desestabilizar o governo, pois esse tem o apoio do povo’’. E tem mesmo! Este negócio de a mídia afirmar que a Presidente tem menos de 10% de aprovação, é tudo pesquisa ‘’fabricada’’. Vocês não viram o tanto de gente que havia, defronte ao telão armado, ouvindo e vendo a fala da Presidente? Havia, por baixo, umas 05 mil pessoas que, espontaneamente, foram dizer à Presidente: ‘’estou contigo e não abro.’’
6.     E o Lula, com aquela sinceridade de sempre, afirmou: ‘’sei que a situação não está fácil e que a crise já chegou em nossas casas’’. E chegou mesmo! Chegou na casa do José Dirceu, na do irmão do dito cujo, nas casas de seus amigos da Petrobrás, na do tesoureiro do PT e até de seu diletíssimo Marcelo Odebrecht que, reconhecendo a bagagem intelectual dele, Lula, pagava-lhe 01 milhão de reais para proferir palestras para executivos das empresas do Grupo Odebrecht. E foi graças aos ensinamentos do nosso abstêmio ex-presidente que a Odebrecht conquistou importantes contratos, mundo afora.
Para encerrar, importante esclarecer sobre o ‘’panelaço’’. Ao contrario do divulgado por essa ‘’mídia’’, vendida ao capitalismo internacional (como diria Brizola, de saudosa memória), na verdade foi manifestação de apoio à Presidente, ouvida do Oiapoque ao Chuí, como se dizia em meus tempos de estudante!

Com certeza, no próximo domingo, 16, iremos todos às ruas para manifestar nossos agradecimentos ao PT, por esses anos todos de governo honesto e competente. Hahaha.

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Melhor viajar do que ficar


Abro o computador, para acessar o resumo das noticias do dia, aquelas chatices de sempre, Dilma X Eduardo Cunha; Polícia Federal X Lula; TCU X Dilma, Collor x Janot, até parece jogos da série ‘’C’’ deste medíocre campeonato brasileiro. Todavia, antes de perder o bom humor, lendo tantas mazelas, eis que a tela é invadida por publicidade, falando da maravilha que é viajar, e dando algumas sugestões. E eu, refém do trabalho cotidiano, roubo, gostosamente, algum tempo do meu pouco tempo, reclino na cadeira e viajo, através da gasta memória, por alguns lugares que deixaram marcas de inapagáveis satisfações. Aquela viagem, de carro, pela ‘’Rio – Santos’’, com demoradas paradas, em várias praias, até Búzios, nosso paradisíaco destino final. Arraial D’Ajuda e seu mar, protegido por falésias, onde, à noite, num espaço de menos de mil metros, pode-se ouvir, em bares colados uns aos outros, todos os tipos de música e comer as mais variadas comidas. Mais para cima, colado à Recife, chega-se a Porto de Galinhas, onde, em pleno julho, sol de 30 ou mais graus, percorre-se praias, onde coqueiros lambem a areia e se se delicia com ‘’peixe na telha’’. Anda-se um pouco mais e aí está João Pessoa, preciosa jóia do nordeste, com seu pôr-do-sol, sob o ‘’bolero de Ravel’’, tocado por magnífico piston, de dentro de tosco barco. E tem ‘’areia vermelha’’, banco de areia, formado a exíguos quilômetros (05, se tanto) da praia, para onde se deslocam barcos e comerciantes, para oferecerem cerveja gelada, bebida, literalmente, sentado dentro do mar. E quem não tomou um caldinho de caranguejo na barraca de ‘’Mão Branca’’, um ‘’negão’’ de 1,90m de doçura e paciência, na praia de ‘’Caboinha’’, desconhece a verdadeira porta do céu. E, sem menosprezo a outros lugares, chega-se a Fortaleza e as praias entorno, onde a ‘’do futuro’’ é a mais próxima, além de tantas outras, onde se pode ‘’navegar’’, em dunas, cujos condutores dos bugs oferecem passeio ‘’com emoção’’ ou ‘’sem emoção’’, diferença que só se descobre, quando o coração insiste em sair, pela boca. E o Rio será sempre lindo, ‘’do Leme ao Pontal’’, com obrigação de parar na ‘’Pedra de Guaratiba’’ e comer uma moqueca de camarão. Lá fora, Paris será ‘’toujours une fête’’, com suas avenidas arborizadas, os cafés, principalmente do ‘’quartier latin’’, cerveja gelada e cançonetas, a qualquer hora do dia ou da noite. Em Roma, o Vaticano mexe com seus valores espirituais, lembrando que, às quartas-feiras, o Papa celebra missa na Praça de São Pedro e, depois, percorre-a, cumprimentando os fieis e, em Nápoles, pega-se um barco e, se a maré deixar, uma canoa o levará até o interior da ‘’Gruta Azul’’ que, à época da Roma antiga, fora formidável piscina do Imperador Tibério. Indo à Espanha, não se pode deixar, de lado, Toledo, com sua catedral gótica e os artesãos do ouro. E, em Lisboa, melhor que o bacalhau à moda – que por cá os há melhor – ouvir fado, saboreando um rosbife ao molho de vinho, dentre tantos outros prazeres, é programa para se gravar na memória. Realmente, viajar é preciso, até para constatar a existência de ‘’outro mundo’’, sem governantes corruptos, onde se trata o povo com respeito, dando-lhe educação e saúde dignas e onde o turista pode bater pernas pelas ruas, sem sobressalto. Em setembro, se o dólar deixar, vou à Alemanha, colher material para meu novo livro. Promessa que fiz a mim mesmo e ameaça aos que me honram, consumindo-se com meus escritos.

Afinal, hoje é sexta-feira, terno e gravatas deixados no armário, e até me delicio com a ironia, nada sutil, do Presidente da Petrobrás, que se declara satisfeito com o balanço da empresa, apesar de se ter registrado uma redução de 90%, no lucro. Satisfação de hiena, é claro. 

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

O passado e o presente se encontram

Eu pretendia falar do meu espanto-alegria, por este majestoso agosto que, esquecendo-se de que ainda é inverno, enfeita as árvores de flores, como se primavera fora e aquece os corpos, fazendo-nos sentir o gosto-lembrança-espectativa do verão, que está logo ali, a nos esperar, de sorriso e braços abertos. Todavia, lembrei-me de um texto de Brecht, que introduz a ‘’ópera dos 3 Vinténs’’ e que, ‘’mutatis mutandi’’, adapta-se aos dias, hoje vividos pelo Brasil: ‘’que tempo é este, em que falar de flores é quase crime, pois importa em calar sobre tantos horrores’’. Brecht falava dos horrores da guerra e eu invoco os horrores políticos, que nos assolam, invadindo este ensolarado agosto. Meus poucos conhecimentos de historia fazem-me lembrar que agosto é mês fatídico para a política brasileira. Nem falo da renuncia de Janio – 25 de agosto -, que pretendeu ser um Peron brasileiro, encharcado em vinho do porto. Falo do suicídio de Vargas – 24 de agosto -, cujo sangue lavou seus 15 anos de sanguinária ditadura e de um governo de apadrinhados, marcado pela corrupção. Gregório Fortunato, chefe da guarda pessoal de Getulio, era o canal das grandes negociatas daquele governo e ficou milionário. Alguma semelhança com personagem atual? Getulio, aparentemente constrangido, alegou nada saber sobre o ‘’mar de lama’’ que corria sob o Palácio do Catete. Mais semelhança? Após propagadas as denuncias de corrupção, agravadas pelo atentado a Carlos Lacerda e que resultou na morte do Major Vaz, Getulio perdeu, inteiramente, condição de governar o País e sua renuncia passou a ser exigida por todos os segmentos da sociedade. Não é muita coincidência com os fatos atuais? Sem alternativa, Getulio se matou e se transformou em mártir. Por óbvio, ninguém almeja que a Presidente se imole, apenas se espera que ela percorra os livros de historia da época e deles retire a lição definitiva de que sua presença, na Presidência da República, é nefasta ao País. Ninguém – à exceção dos banqueiros – suporta sua incompetência. Os trabalhadores, desempregados, ou em vias de, não mais suportam. Os comerciantes, com suas lojas às moscas, não mais suportam. Os industriais, com suas máquinas paradas ou subutilizadas, não mais suportam. Os sindicatos laborais, por não terem como se justificar, perante seus associados, não mais suportam. Os aposentados, cujo pífio reajuste a senhora vetou, não mais suportam. A dona de casa que vê o carrinho de feira diminuir de quantidade, não mais suporta. Seus aliados, os presos e os (ainda) soltos não mais suportam. É hora, Presidente, de buscar a porta de saída. É agosto, aproveite o mês, que é propicio para retiradas. 

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Bancos, oásis de prosperidade, a meio à recessão

Alguma coisa deve estar errada, neste planejamento de recuperação econômica do País, que eu, ignorante em quase tudo e, muito mais em economia, não consigo entender. Como logo mais estarei com meu estimadíssimo Ministro Delfim Netto, vou beber na fonte do saber dele. Por que estou a dizer isto? Leio que o banco Itaú, que já obtivera, no primeiro trimestre, um lucro liquido de 06 bilhões, no segundo semestre repetiu o resultado. Leio, também, que o Bradesco pagou mais de 05 bilhões de dólares pelo HSBC, apenas em sua parte brasileira. A mim, ignorante, causa-me espanto que, com o País mergulhado na maior recessão de sua historia, os bancos possam obter lucros tão extraordinários. De onde vem essa enxurrada de lucros? A explicação não é muito complicada: segundo relatório do próprio Itaú, seu saldo na carteira de crédito (o que ele pode emprestar) é alguma coisa entorno de 225 bilhões. Em desconto de duplicata, os juros cobrados são da ordem de 1.5% ao mês, para clientes especiais (‘’personalité’’) e, para empréstimo pessoal, 2% ao mês, para clientes idem. Já no cheque especial os juros chegam a 200% ao ano. Por outro lado, a caderneta de poupança rende, para o poupador, não mais que 0.5% ao mês e o melhor investimento de longo prazo, não supera a 12% ao ano. Segundo a mesma fonte de informação, o índice de inadimplência, no semestre, não alcançou a 3% daquele lucro liquido e se estima que, pelo menos 50% dessa inadimplência seja recuperada, quer através de repactuações, quer através de cobrança judicial. Parece-me lógico, por ser justo e legal, que a carga tributaria incida sobre quem aufere maiores lucros. Seguindo tal lógica, cabe perguntar: por que o ajuste fiscal recaiu sobre o trabalhador, o aposentado, a industria e o comercio? Por que não se aumentar, de modo significativo, pelo menos enquanto perdurar a crise, a ‘’Contribuição sobre o Lucro Líquido’’ dos bancos e das instituições financeiras, em geral? A resposta se me afigura obvia: porque o ajuste fiscal está sob o comando de Joaquim Levy, preposto dos banqueiros, ele que é um deles. Vale dizer, repetindo o velho adágio, colocou-se a raposa para tomar conta do galinheiro. Este governo, que não é sério, nem competente, poderia ter constituído uma comissão – não mais que 05 membros -, representantes  dos principais segmentos, inclusive dos trabalhadores, que apresentaria um ‘’plano’’, este sim, que atendesse aos interesses de todos.

Esta é a marca registrada deste famigerado governo: privilegiar o interesse de poucos, em detrimento ao interesse de muitos. 

terça-feira, 4 de agosto de 2015

A nova farsa petista

Não sei não, mas este atentado ao ‘’Instituto Lula’’ tem forte cheiro de ‘’armação’’, para transformar o ex-presidente, em mártir. As características do atentado impõe-no esta conclusão: realizado à noite, quando não mais havia qualquer pessoa no prédio e os danos causados limitaram-se a um portão, ligeiramente amassado. Por outro lado, o cerco fecha sobre Lula, tantas são os indícios de seu envolvimento no ‘’petrolão’’, quer através de executivos da Petrobrás, nomeados e manobrados por ele, quer através da ‘’advocacia administrativa’’, por ele realizada em favor das mesmas construtoras, envolvidas no maior escândalo de corrupção detectado no País e que, agora, ramifica-se para outras empresas públicas. A prisão de José Dirceu, lugar tenente de Lula, complica, em muito, a situação do ex-presidente. José Dirceu, que não é mais primário, não terá os privilégios obtidos, quando da condenação, por seu envolvimento no ‘’mensalão’’. Se condenado agora, cumprirá a pena em regime fechado. Talvez por isto, segundo as ultimas noticias, não mais funcionará como escudo protetor de Lula. Promete ‘’abrir o bico’’ e contar tudo que sabe, desde o esquema que abasteceu, de recursos espúrios, as campanhas de Lula e Dilma, até as vantagens pessoais, obtidas pela ex-presidente. Segundo fontes, de respeitável credibilidade, a Polícia Federal já detém todo arcabouço de provas para pedir – e conseguir – seja a prisão temporária, seja a preventiva de Lula, estando, tão somente, aguardando o momento certo para ‘’desferir o golpe’’, de modo a criar o menor impacto político e econômico. Lula, por certo sabe que está na alça de mira, até porque, pelo menos no papel, a Polícia Federal está subordinada ao Ministro da Justiça, José Eduardo Martins Cardoso que, apesar de afastado de Lula, é petista de primeira hora. Foi esse quadro sombrio para Lula que, a meu sentir, deu origem ao plano de atacar o ‘’Instituto’’ e vitimizar Lula. Ao que parece, o plano foi furo n’água, seja porque suas pífias conseqüências revelaram as verdadeiras intenções, seja porque a imprensa (até pelas mesmas razões) não deu ao fato a repercussão que seus autores esperavam. A pergunta, que sobra, é: como ficará a Presidente Dilma e seu paraplégico governo, em se confirmando o decreto prisional de Lula? Dilma anda sobre as nuvens, alheia a tudo que acontece, no Brasil real. Seus acólitos preparam-se para retomar a guerra com o Congresso, que retorna do recesso, ‘’cuspindo fogo’’. Enquanto isto, o dólar caminha, sereno, para 3,50; a inflação oficial ultrapassa os 10%; o déficit público já compromete 80% do PIB, a industria segue demitindo e o comercio vai fechando suas portas. Todo este quadro melancólico vai estourar, nas ruas, no próximo dia 16. Já passou dá hora de serem convocados os políticos e juristas de plantão, para se estudar uma demissão honrosa para Dª Dilma. Não sei porque, mas me veio à lembrança um bordão, utilizado por Brizola, em tempos idos e vividos:

‘’Na lei ou na marra.’’

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Conselhos para os que chegam à velhice


Leio, na internet, que pesquisa realizada indica que 90% dos brasileiros têm medo do envelhecimento, por problemas de saúde, de memória, de solidão, de limitações físicas e de dificuldades financeiras. Eu, que já cheguei ‘’lá’’, posso dar algumas sugestões e passo a fazê-lo a essas 90% de pessoas:
1.     Não precisam ter medo, porque, a menos que morram antes – (o que, convenhamos, é muito pior), - vocês vão chegar à velhice e, como os fatos vão se sucedendo em velocidade, cada vez mais extraordinária, afirmo que a chamada ‘’terceira idade’’, começa, de fato, a partir dos 50. Querem alguns exemplos? Vamos lá: se, até os 50 vocês estão fora do mercado de trabalho, esqueçam, as portas estão definitivamente fechadas. Tratem de montar algum negócio, que tem tudo para dar errado. Se vocês estiverem solitários, com certeza assim permanecerão até o final dos tempos, ou, o que é pior, arranjarão um companheiro ou companheira, repleto(a) de frustrações e amarguras, tão intensas quanto as suas. E, se tiverem filhos de relações anteriores, esses ou os odiarão ou, na melhor das hipóteses, terão por vocês profundo desprezo.
2.     Quanto aos problemas de saúde, estes, com absoluta certeza, virão, com crescente intensidade. Por isso, previnam-se com um bom ‘’plano’’ que, de preferência, tenha como associado, hospital, próximo a sua residência, isto porque, certo males, como cálculo renal ou infarto, exigem pronto-atendimento. Imagine alguém, morando no Ipiranga e tendo, em seu plano de saúde, hospital situado em Santo Amaro. Tem tudo para não chegar vivo a este último local.
Quanto à inevitável perda de memória, sugiro alguns ‘’truques’’: se alguém olhar fixamente para você e você não tiver a menor lembrança de quem seja, sorria, angelicamente, para ela; se ela sorrir para você, apenas diga ‘’oi querido (ou querida) como vai?’’ E saia de perto o mais rapidamente possível, para não correr o risco de ela perguntar: ‘’você se lembra de mim?’’. E leve sempre consigo uma identificação (nome, endereço, telefone de parentes), para o caso de esquecer o caminho de volta para casa.
3.     Quanto à solidão, lembre-se de que ‘’antes só que mal acompanhado’’. E, conforme-se, assim como vocês fizeram com seus pais, seus filhos só virão visitá-lo,ocasionalmente, por breves minutos, ou se estiverem precisando de ajuda.
4.     Quanto às limitações físicas, que são inexoráveis, olhem para suas carteiras de identidade, antes de se aventurarem a uma ‘’pelada’’, de fim de semana, ou de ginástica ‘’puxada’’, na academia. Melhor as inúteis ‘’palavras cruzadas’’ ou um livro, que não exija reflexões ou esforço para entender a trama. Não se iludam: fisioterapia, inclusive acupuntura, não resolve, no máximo, ameniza essa dor muscular, que incomoda, até quando se se levanta do sofá. Operar o joelho ou a coluna, nem pensar! Qualquer ortopedista sério vai dizer que, nesta idade, a cirurgia não só não resolve, mas, até, agrava o problema. Melhor os relaxantes musculares que, pelo menos, ajudam a dormir. É claro que atacam o estômago, mas, que diabo, vocês não podem querer tudo!

5.     Quanto às dificuldades financeiras, como diriam nossos avós, ‘’é aí que a porca torce o rabo’’. Se vocês não conseguiram independência financeira, até os 50, esqueçam, a menos que acertem na ‘’mega cena’’, estão fadados às agruras de viver, ou melhor, sobreviver, com pífia aposentadoria. Abdiquem dos grandes prazeres, como beber um bom vinho, saborear um churrasco, em um restaurante de classe, que não seja esses nauseabundos rodízios, viagem para o exterior, etc, etc. Como não pagam transporte coletivo, passem pelas grandes avenidas, sentem nos bancos das praças, apreciando o pôr-do-sol, visitem monumentos históricos, enfim, desfrutem do lazer que nada custa. Agora, meu amigo, ou amiga, se você passou dos 50, sem emprego, sem dinheiro, sem aposentadoria, sem plano de saúde, com dores aqui e ali, aguardando um exame em hospital do SUS pra daqui a 06 meses, se não houver greve, se você for um solitário, sem família, aí só lhe resta uma alternativa: procure um edifício bem alto e salte. Todos os seus problemas estarão resolvidos, até porque... voar é com os pássaros.