quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Um encontro para lembrar
Almoço com querido amigo, brilhante e bem sucedido advogado, que tem lá suas simpatias pela Dª Dilma e que me honra, acompanhando-me nestas mal traçadas. Pergunta-me ele o porquê do meu pessimismo, em relação ao presente do Brasil. Ia eu repetir a lenga-lenga de sempre, os juros estratosféricos, a inibir os investimentos e estimular a especulação; a inflação, cujo índice real e crescente é muito maior do que o oficialmente divulgado; a crise energética, a comprometer a produção; a gastança oficial, que transfere para o contribuinte a irresponsabilidade administrativa e a corrupção desenfreada, muito acima do limite suportável. O que dizer de um país que permite cortar a luz e água de suas embaixadas, por falta de pagamento? Consta, inclusive, que Dª Dilma não foi a Davos, porque teve receio dos credores que, à porta do hotel, esperavam-na para cobrar contas vencidas. O Brasil está no Serasa e no SPC dos organismos internacionais. Todavia, em respeito ao amigo, que me convidara para conhecer seu novo escritório (sóbrio e elegante como ele) e, depois, almoçar, eu, sabedor do alinhamento dele com Dª Dilma, seria, no mínimo, deselegante, recitando estas diatribes todas. Preferi levar a conversa para amenidades, falar das vantagens que a tecnologia trouxe para nossa profissão etc. Saímos do restaurante e buscamos caminhos opostos, eu matutando como pessoa tão culta, bem informada, de induvidosa respeitabilidade podia se afinar com um governo que é exatamente o contrário de tudo isto! Vou convidá-lo a voltar a almoçar comigo, primeiro pela honra de sua companhia, depois para tentar desvendar esse mistério. Tenho uma leve desconfiança de que sei o porquê. Meu amigo não bebe, a não ser coca-cola e assim mesmo “diet”. Meu amigo – fidelíssimo -, nem por um mísero segundo desviou o olhar para várias coxas torneadas, a nosso redor. Meu amigo não fuma. Ora, algum vício – e grave – ele havia de ter. E este vício, repulsivo, é admirar a megera:
Errata: no meu texto de ontem, onde saiu “declaração de idoneidade”, leia-se “declaração de inidoneidade”.


quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Um palpite infeliz

No discurso de abertura da primeira reunião ministerial de seu novo mandato, a Presidente Dilma teve a desfaçatez de afirmar que a operação “lava jato” não pode levar à ruína as empreiteiras envolvidas no escândalo da Petrobras, porque isto prejudicaria a economia brasileira. Com esse inoportuno pronunciamento a Presidente, além de estuprar a legislação que disciplina os contratos firmados entre particulares e a Administração Pública, praticamente isentou de responsabilidade as empresas envolvidas, na petropropina. A legislação, no caso, a lei 8666/93 é absolutamente clara ao prever, para tais empresas, a penalidade administrativa definida como “declaração de idoneidade”, o que as proíbe de contratar com a Administração Pública por lapso de tempo não inferior a um ano. Por outro lado, é principio assente em nosso ordenamento jurídico que o preponente – no caso, as empresas – responde pelos atos de seu preposto – no caso, o executivo envolvido na maracutaia. Somente a ignorância ou a prepotência, ou ambas podem justificar o inoportuno pronunciamento da Presidência. Para a ignorância tem remédio: basta que ela consulte a Advocacia Geral da União, já para a prepotência não há solução, é marca registrada de Dª Dilma e de seu tenebroso partido. Colocam-se acima do bem e (principalmente) do mal, achando que tudo podem. O “mensalão” já mostrou, mesmo timidamente, que não é bem assim. Conseguirão a Presidente e seus asseclas petistas sobreviver a este iceberg de corrupção que, até agora, mostrou apenas sua menor parte?

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Pérolas recolhidas do noticiário
1-    Informa-nos o competente repórter investigativo de “A Folha de São Paulo”, Mário Cesar Carvalho (24.01) que o doleiro Youssef, em razão de sua delação, fará jus a uma remuneração de 2% sobre todo o valor das propinas, que for repatriado, em razão de suas denuncias. Seria cômico, se não fosse trágico ver o grande artífice da petropropina, por cujas mãos passou todo o dinheiro sujo, ainda auferir lucro, entregando seus comparsas. E mais lamentável ainda é que os termos de tal esdrúxulo acordo foi aprovado pelo supremo Tribunal Federal.
2-    Nossa (minha, pelo amor de Deus, não!) prestigiou a posse de Morales (o mesmo que se negou a pagar 200 milhões de dólares devidos ao Brasil) e não deu sinal de vida em Davos, mandando o Ministro da Fazenda representar o Brasil. Fez bem, já que seu conceito, no cenário internacional, é deplorável. O Ministro Levy, por outro lado, é economista respeitado e – se Dª Dilma não interferir – vai promover os ajustes preconizados pelo tucanato.
3-    A Presidente Dilma manifestou sua preocupação com a crise na Venezuela. Que coisa, não? Ainda bem que por aqui as coisas correm as mil maravilhas, apesar do crescimento 0, do aumento da inflação, dos apagões, do desemprego, etc, etc, etc.
4-    A “Veja” do último fim de semana, traz matéria sobre a “estranha” relação entre Lula, o tríplex, e o empresário (?) José Carlos Bumlai que tinha passe livre para entrar no Palácio do Planalto, através de ordem expressa do então Presidente. Esse Bumlai, pela reportagem, era o grande articulador dos contratos da Petrobras e fora quem indicara Nelson Cerveró para a diretoria internacional da Empresa e “consultor” do Lulinha. E agora?
5-    A tresloucada e incompetente Cristina Kirchner (só podia ser amiga de Dilma) está mergulhada, até o pescoço, no assassinato do Promotor Alberto Nisman. Começou dizendo que tinha sido suicídio, voltando atrás, tão logo a pericia afastou essa hipótese. Agora, Cristina usa a tática petista de pretender desmoralizar a vítima. Até parece que fez estágio com a troupe de Lula, o tríplex.

6-    Este (des) governo vai entrando para o anedotário popular. Por falta de planejamento e investimentos no setor elétrico, o País começa a conviver com apagões. Sensacional a cara de bunda do Ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, dando entrevista no escuro. Consta que Dª Dilma convocou todos os Ministros para fazerem a “dança da chuva”, ela ao meio da roda, é claro.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

O dia que não terminou

Oito horas da manhã daquela segunda feira de agosto e Luiz Claudio se preparava para descer os 10 lances de escada, que o levaria à garagem. O gerador do prédio – cujo cheiro nauseabundo, pela falta de água, impregnava todos os ambientes – só permitia a iluminação das áreas comuns. Luiz Claudio estava exausto, porque o racionamento de água, só liberava o escasso produto uma vez por semana, no seu caso, aos domingos, entre 01 e 04 horas da madrugada, lapso de tempo utilizado por ele para tomar banho, lavar a louça acumulada e suas peças menores, cuecas e meias e ainda estocar água em latões, enfileirados na área de serviço. Seu edifício, com 24 apartamentos, àquela hora da manhã, estava mergulhado em fúnebre silencio. Muitos moradores já o tinham abandonado, mudando para outras cidades, principalmente do sul do País, onde, se parca era a energia elétrica, pelo menos tinha água. Desde o mês passado, quando a situação ficou definitivamente caótica, a cidade foi, progressivamente, transformando-se em “cidade fantasma”. As aulas estavam suspensas, por prazo indeterminado; os hospitais só atendiam casos de emergência; os bancos reduziram suas atividades para 2 horas, em dias alternados, o mesmo acontecendo com as repartições públicas. A grande maioria das indústrias dera férias coletivas a seus empregados e os Shoppings Centers só funcionavam aos sábados, no período da tarde, assim mesmo com os banheiros interditados. As ruas estavam desertas e o percurso entre seu prédio, situado na Vila Mariana e o Hospital, onde trabalhava, na Pompéia, que, em dias normais, não demorava menos de uma hora, agora podia ser feito em, no máximo, 10 minutos. Estimava-se que mais de 03 milhões de pessoas abandonaram a cidade, nos últimos 02 meses e o êxodo diário continuava, cada vez mais acentuado. Das calçadas exalava forte cheiro de urina e alguns, sem maiores escrúpulos, buscavam os canteiros mais isolados para fazerem suas necessidades. Luiz Claudio chegara ao hospital municipal, onde trabalhava e a recepção prolongava-se em filas, pela rua. Impossível atender mais do que 5% de todos aqueles infelizes. Mal passara pela portaria, a enfermeira chefe, aborda-o, aflita: - “Dr. Luiz Claudio, nosso gerador quebrou, a Secretaria alega que só pode mandar consertar em 03 dias, não tem outro para repor, a água só dá para mais uma hora, a SABESP não possui caminhões pipa, não temos leitos disponíveis, estamos com 10 cirurgias agendadas, que já deveriam ter sido iniciadas e não há uma única vaga nos outros hospitais públicos da cidade. O que vamos fazer?”.  Luiz Claudio olhou para a enfermeira chefe, com profundo tédio. Que esperava ela que ele fizesse? Que, imitando Moisés, batesse com seu cajado (e ele nunca vira um) na pedra e fizesse jorrar água? Que, como Deus, no primeiro dia, apenas dissesse “faça-se a luz” e todas as lâmpadas se acendessem? Ele, Luiz Claudio, estava cansado de tudo isso. Das vidas que se perdiam, todos os dias, por leniência do poder público; da frustração profissional de saber o que fazer e não dispor de meios para fazê-lo. Lembrou-se de seu colega e amigo, Henrique, um dos mais renomados cirurgiões plásticos do país, inclusive com consultório no exterior: - “Luiz Claudio, saia dessa vida maluca de trabalhar em hospital público, lugar de gente pobre. Entenda que negócio com pobre sempre será um pobre negócio.” Mas ali estava Luiz Claudio, olhando, sem ver, para a enfermeira chefe, que aguardava uma resposta, impossível de ser dada. Sem nada dizer, Luiz Claudio subiu, pelas escadas, até o 5º andar e se dirigiu a sua sala. Abriu a janela, contemplou o céu, irritantemente azul e limpo. Subiu no parapeito da janela, beijou o crucifixo que trazia, permanentemente, pendurado no peito e saltou... iria buscar de Deus as respostas às perguntas da enfermeira chefe.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Porque continuamos a dormir em berço (nada) esplêndido
No último domingo, a Ministra da Fazenda no governo Collor, Zélia Cardoso de Mello, em uma entrevista ao programa “Manhattan Conecction campanha, sob o pretexto de ajustar as contas públicas, cortou verbas para a educação, mudou as regras de benefícios sociais, aumentou em cerca afirmou que a característica marcante do povo brasileiro é a tolerância, é aceitar, inerte, todos os desmandos perpetrados pelo poder público. Ela não disse, mas, por óbvio, foi a certeza dessa tolerância que motivou aquele governo a confiscar os ativos financeiros do brasileiro, criando clima de intranqüilidade econômica, como nunca visto. Vivemos, nos dias atuais, idêntica situação. A presidente Dilma, apagando todas as promessas de de 30% o preço da energia elétrica e vai aumentar o preço do combustível. Segunda feira, cerca de 50 milhões de brasileiros ficaram, por varias horas, sem energia e ninguém reclamou. Prevê-se que, neste ano, o índice de desemprego supere a 10%, em relação a 2014 e o governo aumenta para 18 meses o prazo mínimo para se ter direito à percepção do salário desemprego. E ninguém, muito menos as Centrais Sindicais reclamaram. O preço dos combustíveis vai aumentar mais 10% impactando, via de conseqüência, o custo de vida e isto em um momento em que o petróleo, no mercado internacional, alcança a menor cotação da história. E ninguém reclamou. E o pior é que toda a economia, que tais medidas vão proporcionar, é de valor inferior ao que o PT e seus asseclas desviaram da Petrobrás. E mais: é voz corrente que, quando se abrir a “caixa preta” da Eletrobrás e do BNDES, a “petropropina” vai se assemelhar a furto de galinhas. Enquanto isto tudo acontece, com a população dormitando ou, talvez, cada um, por força de suas intempéries, voltado para seu próprio umbigo, o governo continua mantendo absurdos 39 ministérios, com milhares de cargos de confiança, funções gratificadas, cartões de crédito corporativo, sem limite de gastos, além de “outras vantagens” não contabilizadas. Apenas para comparar: leio no “Google notícias” que milhares de argentinos saíram às ruas, protestando contra a morte do Procurador que fez acusações contra a tresloucada presidente Cristina Kirchner. Aqui, diante dos olhos de uma população adormecida, a nossa (minha, não, Deus se apiade de mim!) presidente distribui cargos, de modo a eleger o Presidente da Câmara Federal e barrar investigações sobre os atos de corrupção, que propiciaram sua eleição. E um queridíssimo amigo ainda me liga, sugerindo que eu redija alguma coisa, falando das boas perspectivas do Brasil! Então, tá!

  

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

O perdão que não houve
A legislação da Indonésia pune, com pena de morte, o tráfico de entorpecentes e não há registros de abrandamento da pena, quando o traficante é estrangeiro. Nesse caso, não há clemência e a pena é aplicada, em todo o seu rigor. Um brasileiro foi executado, no último sábado, outro será executado, no próximo mês de fevereiro e a atuação do governo brasileiro, neste episódio, foi, para variar, desastrosa, para dizer pouco. Para começo de conversa, a Presidente da República não pode descer da dignidade de seu cargo, para, interferindo na legislação de outro País, pedir clemência para um traficante. Em segundo lugar, a afirmação do assessor especial da presidência, Marco Aurélio, de que o não atendimento ao apelo da Presidente irá “arranhar” as relações entre o Brasil e a Indonésia, é, no mínimo, imbecil. Os interesses, entre países, situam-se predominantemente, no plano comercial, segundo regras de organismos internacionais e tais relações não podem ficar “arranhadas”, porque um delinqüente brasileiro foi punido, nos exatos termos da legislação penal do País, executor da pena. E, para não deixar dúvidas quanto à pena aplicável, há, no aeroporto de Jacarta, um aviso de que, naquele País, o tráfico de entorpecente é punido com pena de morte. O traficante mandou carta até para a ONU que, agindo com bom senso, restou silente. Aliás, seria oportuno voltar ao debate a inserção da pena de morte, em nossa legislação penal, aplicável a determinados crimes e o tráfico de drogas é um deles. Quase todos os dias, a mídia dá-nos conta de grandes traficantes que, mesmo presos, em presídios de segurança máxima, ordenam a morte de rivais, policiais e até juízes. O tráfico de drogas destrói o ser humano, vilipendia a sociedade e onera o Estado. Quanto custa ao contribuinte manter preso um Marcola, um Fernandinho Beira-Mar? Gostaria de ter acesso a estatísticas da Indonésia para constatar qual a posição daquele País no “ranking” mundial do consumo de drogas. A morte de um ser humano, nas condições impostas ao brasileiro Marco Archer é mal incomensuravelmente menor, se comparado às vitimas que ele faria, caso lograsse êxito em disseminar os 13 quilos de cocaína, que trazia, escondidos nos tubos de sua asa delta. Pergunte a um pai ou a uma mãe, que perdeu seu filho para a droga, que fim almejaria para o traficante que lhe viciou o filho. Pergunte a uma esposa, que teve seu marido, policial, covardemente executado, por ordem do “chefe do tráfico”, que pena gostaria que se lhe fosse aplicada.

Se a pena de morte para o traficante colabora, de forma decisiva, para excluir ou, até mesmo, minimizar o problema das drogas, na Indonésia, já temos um caminho a seguir. 

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Tancredo e os 30 anos de sua eleição
Tudo bem que meu irmão, lá do sul da Bahia, vai me chamar de reacionário, extrema direita, etc, não faz mal, mas vou dar a minha visão destes últimos 30 anos, cujo marco inicial foi a eleição de Tancredo Neves, no Colégio Eleitoral. Para começar, vamos deixar de estuprar os fatos históricos, afirmando que a vitória de Tancredo foi uma conquista do povo. Coisa nenhuma! Tancredo deve sua vitória ao General Leônidas Pires Gonçalves (que seria seu Ministro do Exército e o foi do Presidente Sarney), que convenceu o Alto Comando das Forças Armadas, inclusive o Presidente Figueiredo, que os dois candidatos a candidato, do governo Mário Andreazza e Paulo Maluf – não correspondiam aos interesses do Comando Militar para promover a transição. Maluf, pelos motivos óbvios e Andreazza, por ser Coronel, a quem os Generais, Almirantes e Brigadeiros não aceitavam ficar subordinados. Figueiredo, se quisesse, poderia ter exigido que Maluf não participasse da Convenção e Andreazza, correndo sozinho, seria o candidato do PDS – partido do governo – e venceria a eleição. Figueiredo declarou que não interferiria na escolha do candidato do partido e, no dia da Convenção, viajou para seu sítio, no Estado do Rio. O General Leônidas, como se disse, aproximou Tancredo de Figueiredo, que deu seu “sinal verde”, inclusive, cumprimentando-o, via telefone, tão logo proclamado o resultado da eleição. Quis o destino que a transição fosse feita por Sarney, “revolucionário” de primeira hora e que passou para a “oposição” (?), quando a vitória de Tancredo, no Colégio Eleitoral, já estava assegurada. Comentou-se, à época, que a inclusão de Sarney, como vice, na chapa do mineiro, também se deveu ao engenho e arte do General Leônidas, que, inclusive, quando do impedimento de Tancredo, decidiu por aquele, preterindo Ulisses, o preferido pela oposição. Dizer, então, que a candidatura e a eleição de Tancredo resultaram do movimento “diretas já”, é desconhecer a história. Na verdade, a devolução do Poder aos civis já estava decidida desde o governo Geisel, tanto assim que, ao contrário das vezes anteriores, durante o governo Figueiredo, nunca se especulou o nome de outro General para sucedê-lo. Os militares jamais tiveram receio de qualquer insuflação popular, até porque sempre contaram com o apoio da população, mesmo e principalmente no difícil período da repressão ao terrorismo.

Agora, o que os civis fizeram com o Brasil, nestes 30 anos, todos o sabemos. À exceção do governo Itamar Franco, absolutamente íntegro e o verdadeiro artífice do “plano real”, o resto é a melancólica história da destruição do patrimônio público, que começou com as privatizações e segue com a inacabada “petropropina”. O resto, “são tertúlias plácidas para embalar bovino.”

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Para, sem mágoas ou rancores, falar da velhice
Em um almoço, sem hora para terminar, eu e um companheiro de anciãs batalhas, ficamos a dissertar sobre as intempéries da idade. Eis um resumo de nosso papo: Ficar velho não é apenas viver do passado. É muito mais. É saber que os amigos estão morrendo e os que teimam em viver estão entrevados... ou quase. É sorrir, interminavelmente, não por necessidade interior, mas porque a boca não fecha ou a dentadura é maior que a arcada. É ainda ler jornal e, nele, ir primeiro ao obituário. É ficar pensando em como seria bom ter 30 anos ou, vá lá, 40, ou mesmo, ó Deus, 60. É ficar olhando as coxas torneadas, que passam, numa inútil esperança. É não querer, não querer, mas cada dia mais ficar mais necessitado que outrora. É, ao listar os pagamentos do mês, colocar, em absoluto primeiro lugar, o plano de saúde. É sentir plenamente que tudo que leu, aprendeu e viveu não serve absolutamente para nada. É chamar de “jovem” a quarentona e achar que Sophia Loren ainda é uma bela mulher. É reparar a decadência dos amigos, a pele que desidrata, a ausência de cabelos, as manchas senis, o andar lento e arqueado e ter o orgulho vão de ainda ter cabelos (poucos), não totalmente brancos e ser capaz de andar alguns míseros quilômetros, mesmo que isto lhe provoque dores insuportáveis. É se apegar, desesperadamente, aos filhos e netos, embora saiba que, para eles, visitá-lo, apenas aos domingos, já é grande sacrifício. É saber que já não há quem tenha prazer em lhe acarinhar a pele e já nem mesmo ter prazer em passar a mão na própria pele. É esquecer de coisas importantes e lembrar, sem saber porque, nomes, lugares há tempos esquecidos. É recitar, de um único fôlego, um soneto de Castro Alves ou a escalação da seleção de 70, mas ser incapaz de dizer o nome do lateral esquerdo da seleção do Dunga. É fazer um esforço mortal para aceitar o PT, mas no intimo, sonhar com um bom golpe militar.
Ficar velho, enfim, é sentir o isolamento e ficar amedrontado, imaginando que chegou sua vez e que não tem a menor idéia do que vem a ser a “vida eterna”.
Ficar velho, em resumo, é uma merda.
Obs. Com imprescindível auxilio de Millôr Fernandes e Oswaldo Jurema.


quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Pequenas palavras a um grande brasileiro
Tive o privilegio de conhecer o agora Senador eleito, Antonio Anastásia, ele, Secretário Executivo do Ministério do Trabalho, no governo FHC, eu, consultor jurídico de associação patronal. Estivemos juntos várias vezes, em Brasília e em São Paulo, a falar da atividade específica, que nos unia e, nos momentos de lazer – raros – de literatura, principalmente teatro, no que ele é mestre. Sua competência administrativa, sua agilidade em equacionar e resolver problemas, aliados a sua mineira discreção, eram marcas registradas de seu caráter e personalidade. Durante cerca de 04 anos de convívio, jamais ouvi dele a mais longínqua palavra, que rompesse seus rígidos limites de probidade, sentimento experimentado pelos meus companheiros de associação. Suas qualidades levaram-no a ser o motor do governo Aécio Neves e, depois, ele próprio, eleito Governador e, agora, Senador, por Minas Gerais, que, por absoluta maioria, reconheceu aqueles méritos que ele carrega, com franciscana naturalidade.
Agora, os velhos conhecidos “aloprados” quiseram envolvê-lo na operação “lava-jato” e, via reflexa, atingir o Senador Aécio Neves, que vai se desenhando como o grande líder da oposição a um governo, que cheira cada dia pior, porque apodrece também a cada dia, com mais intensidade. Por não ousarem atacar o criador, atacaram a criatura. Por certo, não conheciam Anastásia e sua história de honradez e competência e as aleivosias contra ele, em menos de 24 horas, viraram fumaça.

Orgulho-me de ser conterrâneo do Senador Anastásia e, mesmo por breve lapso de tempo, ter convivido com ele. De igual sorte, lamento pelos brasileiros, que vivem esta melancólica quadra de nossa história, marcada pela corrupção e pelo desrespeito à honra alheia. Mas, que bobagem estou a falar, se desconhecem eles, os encastelados no Planalto e cercanias, o significado da palavra honra?  

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

As eleições para a Câmara Federal

Para inicio de conversa devo dizer que não conheço e nem mesmo tenho simpatia pelo Deputado Eduardo Cunha, candidato à Presidência da Câmara Federal. Consta ser ele hábil líder da ala fisiologista do PMDB, que impõe seus pleitos ao Planalto. Todavia, conhecemos os métodos nada éticos do PT para conseguir seus objetivos. Lá atrás, um grupo deles, coordenados pelo hoje Ministro Berzoini, tentou armar a compra de um dossiê contra Serra, é claro, com o beneplácito do Planalto. Tudo indica que esse mesmo grupo (ou outro similar), com o objetivo de minar a candidatura de Eduardo Cunha, tentou “enfiá-lo” na operação lava-jato. Como na vez anterior, os “aloprados” petistas viram frustrado seu plano, já que o doleiro Youssef declarou, através de seu advogado, nunca ter tido qualquer relação com Cunha. Vamos ver qual a próxima jogada nebulosa do PT para tentar eleger seu candidato, o inexpressivo Arlindo Chinaglia. Aliás, por falar no próprio, em campanha no Piauí, pregou ele a “reforma política negociada”, expressão para lá de duvidosa. Reforma política, em um País que tem (por enquanto) mais de 20 partidos, nenhum deles sem linha pragmática bem definida? Aposto um almoço, no “quilo” da esquina, que toda a reforma política consistirá no financiamento público de campanha que, além de não acabar com o financiamento privado (sempre haverá interesses espúrios para se negociar), apenas servirá para retirar do orçamento da União recursos destinados a áreas prioritárias. E por falar em “áreas prioritárias”, impressionante a incoerência do (des) governo Dilma: criou um slogan (coisa do João Santana), fazendo da educação seu carro-chefe. Logo em seguida, deixando cair a máscara, cortou 7 bi do orçamento do respectivo Ministério. E por falar em “interesses espúrios”, que história nebulosa é esta dos novos extintores de incêndio, tornados obrigatórios, sem qualquer explicação técnica convincente! Lembra muito as “caixas de primeiros socorros”, que enriqueceram meia dúzia e depois de ter seu uso contestado pelas organizações médicas, teve sua obrigatoriedade suspensa. Na verdade, tudo que vem do petismo cheira tão mal que os funcionários do Palácio do Planalto recebem adicional de insalubridade.

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Por uma correta política de imigração
Os ataques de terroristas muçulmanos, na França, trazem ao debate questão que, na verdade, sempre esteve em pauta: a imigração. O Brasil deve muito aos imigrantes – principalmente italianos, espanhóis e alemães – que para cá acorreram, na primeira metade do século 20, seja fugindo das guerras, seja fugindo da crise econômica, que se abateu sobre a Europa, entre os anos 20 e 40. A zona leste de nossa Capital foi o reduto de espanhóis e italianos, que se integraram, sem qualquer forma de preconceito, à cidade, ajudando-a a crescer. Os alemães fixaram-se no sul do País e a forte presença de sua cultura – tomado o termo em sua expressão mais ampla – ainda hoje se encontra registrada. Não falo dos portugueses, por aqui estão desde o descobrimento e são, na verdade, “a causa das causas” do brasileiro. Mais recentemente, vieram os japoneses, cuja contribuição, principalmente na pequena agricultura, tem sua relevância. Todavia, o Brasil – visto com olhares paulistas – começa a conviver com uma imigração indesejável: coreanos e chineses, a maioria vivendo na clandestinidade, vilipendiaram nossa indústria têxtil, vendendo produtos contrabandeados e de péssima qualidade. São eles os principais proprietários de bingos e máquinas “caça níqueis”, disseminados por toda nossa Capital. Agora, o governo petista abriu as portas para africanos e haitianos que, sem qualificação, em nada contribuirão para o desenvolvimento do País. Pela incompetência do (des)governo Dilma, vivemos dias difíceis, com desemprego em massa, como o que vem ocorrendo na indústria automobilística. Não podemos aceitar que essa nova horda de imigrantes, submetendo-se a subsalários, ocupe o lugar do trabalhador brasileiro. Por outro lado, esses imigrantes, sem qualquer vínculo subjetivo com o Brasil, de difícil identificação e localização, engrossarão o índice de criminalidade e já se sabe da existência de “máfia chinesa”, “máfia coreana”, “máfia nigeriana”. A Inglaterra, de larga data, enfrenta problema com a imigração africana, assim como a Alemanha, com a imigração turca. Os Estados Unidos abriram suas portas para o mundo e o resultado é que cerca de 60% dos crimes, ali praticados, o são por estrangeiros, notadamente porto riquenhos e mexicanos. Quem vai a Miami – “ocupada” por cubanos – e se hospeda em hotéis, situados na região central da cidade, recebe a recomendação de não circular, à pé, pelas ruas, após o anoitecer. Agora, foi a vez da França sofrer as conseqüências da “invasão muçulmana”. A adoção de regras rígidas quanto à imigração, a selecionar estrangeiros em função da boa qualificação profissional e bom nível sócio econômico, surge como forma de minimizar o problema. Não é discurso de extrema direita, como falaciosamente se quer impingir. É maneira natural e legitima de proteger a segurança do País e privilegiar o emprego dos nacionais. “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”, mas com as devidas ressalvas.

Em tempo: a respeito de minha matéria de ontem, 2ª feira, recebo e-mail de meu prezadíssimo Braz Martins, dizendo que estou enganado, minha fonte não é fidedigna, que ele, em suas constantes viagens internacionais, tem sido bem tratado e até com reverencia. Ora, Braz Martins – nosso Catão –, além de Conselheiro da Ordem, é um dos mais brilhantes e importantes advogados do Brasil e sua clientela é, essencialmente, formada por grandes conglomerados internacionais, notadamente franceses. Sei, de fonte limpa, que, em Paris, janta, habitualmente, com o Presidente François Hollande, com cujas idéias ele, Braz, (infelizmente) comunga. Por isso, o exemplo desse amigo, cuja amizade enriquece meu “curriculum”, não destrói meu argumento, segundo o qual a ação delituosa, deflagrada pelo petismo, respingou externamente, em todos os brasileiros, à exceção de alguns VIP, como o meu estimado Braz.  

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Resposta aos amigos inconformados
Telefona-me amigo muito querido, dizendo-me chocado com meu texto de 6ª feira, que eu estou muito para baixo, que é sintoma de depressão, preciso me cuidar, talvez um a terapia etc, etc. agradeci a preocupação, não me justifiquei na hora, mas o faço agora:
1º: É verão, minha estação do ano preferida. Estou aqui, neste senegalesco calor (ainda vou ao Senegal para confirmar o adjetivo criado) e sujeito aos alagamentos de todas as tardes. Enquanto isto, em praias pelo Brasil afora, desfilam coxas torneadas e se bebem, entre um mergulho e outro, cervejas estupidamente geladas. Faz, pelo menos, 05 anos que não tiro férias e me contento, nos finais de semana, em tomar sol no quintal de casa. Minto para mim mesmo que é, muito melhor, tenho sossego e, quanto à cerveja, basta ir até à geladeira. É claro que não é. Velho “praieiro”, gosto do ir e vir das pessoas, dos ambulantes gritando seus produtos, de mergulhar nas ondas, de repousar nelas e, depois, “jiboiar” na areia, até a pele arder. E, ao final do dia, de qualquer ponto mais elevado, assistir ao sol ir, lentamente, mergulhar no mar. Como dizia o poeta, “eu sou como o velho barco, que guarda, em seu bojo, as lamentações do mar batendo”;
2º: Ainda conservo, de modo o mais dolorido que se possa imaginar, a dor da ressaca de ver a megera e sua “troupe” de assaltantes, destruindo o que resta de um País que tinha tudo para dar certo. Além de terem corroído a Petrobrás, de terem jogado a economia em um buraco, cuja profundidade ainda não se pode mensurar, desmoralizaram o Brasil perante o mundo. Um cliente, milionário, que acabou de chegar da Suíça, onde fora esquiar, contou-me do constrangimento passado, ao ter sua mala revistada, na saída do hotel. Por ser brasileiro – e só por isto – concluíram que ele estaria levando toalhas, cinzeiros, etc. Somos todos petistas, imaginam eles;
3º: Informa-me o noticiário que, em nome de Maomé (logo ele, que era do bem) um bando de psicopatas anda assassinando judeus e não judeus, pelas ruas da França.
4º A FIFA acaba de divulgar a classificação das seleções de futebol e o Brasil está em 7º lugar, atrás da Colômbia... e da Bélgica;

5º: Abro meu “laptop”, às 08 horas da manhã e, ao ligá-lo, aparece “Botafogo de Futebol e Regatas – Hás de ser nosso imenso prazer” e, ao lado, os retratos de Garrincha, Nilton Santos, Didi, Manga e Quarentinha. Eu, que vi todos eles, agora, quem vejo? Dem-me licença, mas vou chorar um pouco, antes de começar a trabalhar.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Considerações sobre mim mesmo

Ando, ultimamente, possuído pelo que Nelson Rodrigues chamou de “complexo de vira latas”. Para começar, afora trocar lâmpadas, sou absolutamente incapaz de realizar tarefas domésticas. Minha esposa é uma espécie de “faz tudo” dentro de casa: conserta aparelhos domésticos danificados, recompõe fiação elétrica, recupera móveis antigos, cujos componentes se romperam e até pinta paredes. Enquanto ela faz tudo isto, eu a contemplo com olhar bovino e nem ouso oferecer ajuda, porque serei olhado e afastado com profundo desprezo. Tenho amigos – alguns até já safenados – que ainda jogam tênis, montam a cavalo, voam de asa delta e eu, goleiro medíocre aposentado (o “medíocre”, aqui, é mera figura de linguagem, porque, na verdade, “eu era bom nisso”), limito-me a dar algumas voltas, no parque, aqui ao lado, assim mesmo em passos comedidos. Na área da informática, sou o mais retumbante desastre. Não navego na internet, ando de jangada. Outro dia, meu neto de 06 anos, desafiou-me para uma partida de futebol, no vídeo game. Sabe aquele Brasil e Alemanha, de melancólica lembrança? Pois é, eu fui Brasil. No campo intelectual, babo-me de inveja de meu irmão, morador do interior da Bahia e com quem travo porfias políticas. Ele vive citando autores, que desconheço e filósofos, cujas obras percorri, na longínqua juventude, mas cujo conteúdo esqueci, por completo. Outro dia, ele citou Epicuro. Eu já ouvi esse nome, só não recordo se era ponta direita ou meio campo, se jogava no Flamengo ou Fluminense. Ou estarei confundindo com Cafuringa, este, tenho certeza, foi filosofo grego, só não lembro o que ele filosofou. Tio – pergunta-me a sobrinha – você me ajuda a resolver essa equação de 2º grau? Lembro-me, vagamente (ou terá sido sonho-pesadelo?) que estudei isso, mas, hoje, sem a ajuda da maquininha de calcular, não realizaria nem mesmo as 04 operações (se ainda continuam sendo 04). No campo musical. Como diz minha mulher, ainda estou na “bossa nova” e, se a musica for clássica, acho tudo muito bonito, mas não sei se Rubinstein é pianista ou marca de piano. Chego, assim, à última idade, tendo esquecido tudo do pouco que aprendi e sem ter aprendido nada de novo. Outro dia, andando no parque, fiquei a me imaginar na Roma antiga, com os conhecimentos, que tenho hoje. Para começar, do latim só me recordo de algumas expressões, mas isto seria detalhe menor. O que eu poderia fazer para deixar estupefatos os romanos? Não fabricaria automóveis, não inventaria a luz elétrica, o telefone, o cinema. Enfim, pela minha absoluta ignorância e, como estrangeiro, incapaz até de se comunicar, seria atirado ao Coliseu, enquanto a turba ignara apontaria o polegar para baixo. 

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Os desafios do novo Secretário de Segurança

Vejo com otimismo, a assunção ao cargo de Secretário de Segurança Pública de São Paulo do advogado Alexandre de Moraes, jurista emérito, ex-membro do Ministério Público e com larga experiência em gestão pública. Advogado há mais de 40 anos, com passagem como Diretor da Secretaria de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro, tenho a convicção formada que o combate à criminalidade só se torna eficiente, quando se dá a adequada estrutura aos Distritos Policiais. E assim o é, porque é exatamente dentro da jurisdição do distrito que tudo acontece e, pelo menos em tese, o respectivo Delegado e sua equipe deve saber onde, por exemplo, situa-se a “boca de fumo”, o “desmanche” de veículos, quem são os “gerentes” dos furtos e roubos. É claro que os departamentos especializados são importantes, mas deveriam estar voltados para as macro operações. Quem, hoje, como vitima e, principalmente, como advogado freqüenta os distritos policiais defrontam com desoladora realidade: poucos funcionários, via de regra desmotivados, em razão dos baixos rendimentos, paupérrima estrutura de trabalho, tendo que atender ocorrências, as mais variadas. É absolutamente comum o escrivão de Cartório acumular, simultaneamente, o plantão. A investigação, para falar o óbvio, só se torna eficiente se for ágil e rápida e, sem material humano, em qualidade e quantidade suficientes, esses adjetivos se tornam mera ficção. Sugiro ao novo Secretário que, de surpresa, visite, a seu alvedrio, alguns Distritos Policiais, pois esta é a única maneira de se inteirar da realidade e, a partir daí, elaborar um projeto para dinamizar a Polícia Civil. Projetos elaborados de cima para baixo costumam não sair do papel. A Segurança Pública do Estado de São Paulo, principalmente a Polícia Civil precisa de um choque de gestão, a começar pela melhoria salarial dos policiais. É o que nós, cidadãos paulistanos que, hoje, vivemos, sob intensa tensão, esperamos do novo Secretário e de sua equipe. 

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Operação “lava-jato”: os donos ficaram de fora

Os executivos das Construtoras, envolvidas no escândalo da Petrobrás e contra quem já foi oferecida denúncia, continuam presos, o que se nos afigura uma excrescência jurídica. Se foram denunciados pelo Ministério Público e a denúncia recebida pelo honrado Juiz Sérgio Moro, por serem eles primários e terem residência fixa, têm assegurado o direito de responder ao processo em liberdade. Ao que tudo indica, mantê-los presos tem, como objetivo, forçá-los à delação premiada, o que passa a ser ato arbitrário, que macula a seriedade com que se houve aquele Magistrado, na condução do processo. A contrário senso, os “donos” das Construtoras envolvidas continuam “livres, leves e soltos”, com seus bens pessoais disponíveis, a esta hora devidamente protegidos das mãos da justiça. Veja, por exemplo, o caso da “Camargo Correia”. Ao que consta, o controle acionário da empresa pertence às herdeiras do patriarca Sebastião Camargo e que, segundo recentemente divulgado pela mídia, cada uma delas possui fortuna superior a 02 bilhões de reais. Se essa fortuna foi construída às custas de negócios escusos, por certo, trata-se de matéria que interessa ao Poder Judiciário. Se os executivos presos foram os autores diretos do crime de corrupção, não resta dúvida que os beneficiários do crime – no caso, os donos das Construtoras – também estão envolvidos nos atos ilícitos praticados. Ou alguém pode imaginar que os executivos agiram à revelia dos donos das Construtoras?

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Tudo outra vez
1-    Começa 2015, a vida vai retornando a sua realidade, sem direito a brindes e fogos de artifício. Lá no Planalto, a Presidente – como já se preconizara – viveu dias de enxaqueca, construindo um Ministério que saciasse a sede de sua base aliada. Há para todos os gostos: representantes da elite empresarial, pastores evangélicos, a esquerda decadente e amigos pessoais. Na verdade, nada disto conta, porque quem vai reger este exército brancaleone é o Joaquim Levy que, “intra muros”, já declarou que ou dita o ritmo, sem interferências, ou volta ao velho Bradesco, onde a orquestra é afinada. Todos estão de acordo em um ponto: 2015 vai ser pedreira e teremos que jogar muito para perdermos de pouco.
2-    O envolvimento da Presidente, pelo menos por omissão, para sermos generosos, cresce a cada dia. O jornal “O Globo”, edição de ontem, domingo, traz matéria, sob o titulo “negócios de fachada”, revelando que o TCU “apontou superfaturamento de 1.800%” em obra de construção de uma rede de gasodutos, que, em um único trecho, consumiu quase 04 bilhões de reais. Ilustrando a matéria, Dilma, Lula “tríplex” e Gabrielli, todos alegres e sorridentes. Adivinhem por que?
3-    Por aqui, em nossa metrópole, vamos sofrendo os efeitos danosos da administração do petista Haddad, mais um poste inventado por Lula, o “tríplex”. Não é que nossa Capital experimentou por cerca de 10 meses, a maior seca de sua história, tempo mais do que suficiente para promover limpeza de bueiros, “bocas de lobo”, construir piscinões, obras de contenção de encostas, cortar arvores apodrecidas enfim, preparar a cidade para as chuvas que chegariam? E elas chegaram, alagando ruas, destruindo casas, afogando carros, derrubando árvores, enfim provocando o caos. Em apenas um dia, tivemos 200 semáforos, colocados fora de ação pelas chuvas, piorando o que já era péssimo. Enquanto tudo isso acontece, o nosso simpático alcaide, que passou todo o ano brincando de colocar a cidade com inúteis e inoportunas ciclofaixas, agora, olha o céu e se pergunta, apavorado: “será que vai chover?” É a atualização da fábula, “a cigarra e a formiga”. Passou o ano pintando faixa, agora colhe os frutos de sua ineficiência administrativa. E, com sádica premonição, limita-se a colocar a cidade em “estado de atenção para alagamentos”.
4-    Lá fora, o “grande acontecimento” é o reatamento das relações diplomáticas entre os Estados Unidos e Cuba. Mero “factóide” político, produzido pelo presidente Obama, que vê seus índices de popularidade desabarem, malgrado a recuperação econômica do País. Cuba ainda está no século 19 e não serão os Estados Unidos que a trarão para a modernidade. Nada produz de relevante e sua economia, parcamente, é de sobrevivência. Falta o essencial, a liberdade, no sentido amplo do termo, e isto só o próprio povo cubano pode conquistar. Já foi local de turismo, mas a decadência, a falta de conforto, faz com que o turista volte-se para Cancun e Punta Cana. Estive em Cuba, em um pleno verão, e no melhor hotel da Capital – o “Habana Riviera” – o ar condicionado não funcionava e o serviço de quarto era lastimável. E, para completar a demagogia do Obama, o essencial, que é o fim do embargo econômico, depende da chancela do Congresso Americano, hoje, em mãos dos Republicanos. Em síntese: Cuba é um buraco no “mapa mundi” e não há quem queira investir para recompor esse buraco. A saída ainda continua sendo “pular” para Miami.