terça-feira, 26 de setembro de 2017

Rodolfo e as Forças Armadas



Domingo, voltando, com Nara e Rodolfo, do passeio no parque, paramos na banca. Pertenço à última geração que lê jornal impresso, cujas notícias já chegam velhas, porque a internet e a televisão as dão, em tempo real. Mas o jornal tem outra serventia: é o “piso” da casa dos porquinhos da índia que habitam nossa residência. Pego o jornal e, antes de pagar, Rodolfo puxa-me pela guia (não sei se o guio ou sou guiado por ele) e pede-me para comprar a “Isto é”. Ia eu argumentar que era revista de segunda linha, mau escrita (à exceção da coluna do Boechat), mas, ponderei comigo mesmo, o que são 15 reais, perante tão gratificante amizade? Comprei, fomos para casa e, enquanto assistia ao jogo São Paulo x Corintians, ele ficou a ler a revista. Felizmente deu empate. Explico: meu filho Fernando, é corintiano fanático e minha filha, Aline, chora, quando o São Paulo perde. Encerrada a contenda, vou ao encontro de Rodolfo, que já me recebeu, no ataque: “então você escreveu no seu blog, propondo a intervenção das Forças Armadas, citou artigo da Constituição, mas, dolosamente, omitiu  que elas estão subordinadas à autorização suprema do Presidente. Que feio?” – “mas a que presidente você se refere, meu caro Rodolfo? Ao da escola de samba, ao do Botafogo? Porque a Constituição fala em “autoridade suprema”. Você acha mesmo que o Temer, envolvido até o pescoço em  robustas denúncias de corrupção, é “autoridade” e, ainda mais “suprema”? Na verdade, amado Rodolfo, o Poder, no sentido constitucional do termo, está vago e é neste vazio que as Forças Armadas têm a obrigação de ocupar. Como disse o General  Mourão (o atual), não será como em 1964. Será o tempo de afastar os responsáveis pela desmoralização pública. Depois, é convocar eleições, legislativas e executivas, das quais só possam participar aqueles que não tiverem comprometimento com este descalabro, que se instalou, no Brasil. O mundo moderno não mais aceita ditaduras, à esquerda ou à direita. A voz, que se espalha nos quartéis e já ecoa, nas ruas, nas redes sociais, nos bares e restaurantes, é da necessidade de fortalecer a democracia, que resta enfraquecida, dilacerada pela insegurança, no sentido mais largo do termo. Veja: o petismo ameaça-nos com guerra civil, caso Lula seja impedido de disputar as eleições presidenciais do próximo ano. Então, eu pergunto: quem, senão as Forças Armadas, têm a obrigação constitucional de manter a ordem interna, exigir que o Poder Judiciário funcione, punindo quem deve ser punido? O que se propõe, de imediato, para que atravessemos este abismo moral, que parece não ter fim, é exatamente que ele, o abismo, seja ultrapassado, Forças Armadas e Poder Judiciário, de mãos dadas”.
Rodolfo, calado, retirou-se a um canto, concentrado nas eleições alemãs, onde sua candidata, Ângela Merkel, era dada como vencedora.

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