Domingo, voltando, com Nara e Rodolfo, do passeio no parque,
paramos na banca.
Pertenço à última
geração que lê jornal impresso, cujas notícias já chegam velhas, porque a
internet e a televisão as dão, em tempo real. Mas o jornal tem outra serventia:
é o “piso” da casa dos porquinhos da
índia que habitam nossa residência. Pego o jornal e, antes de pagar, Rodolfo
puxa-me pela guia (não sei se o guio ou sou guiado por ele) e pede-me para
comprar a “Isto é”. Ia eu argumentar
que era revista de segunda linha, mau escrita (à exceção da coluna do Boechat),
mas, ponderei comigo mesmo, o que são 15 reais, perante tão gratificante
amizade? Comprei, fomos para casa e, enquanto assistia ao jogo São Paulo x
Corintians, ele ficou a ler a revista. Felizmente deu empate. Explico: meu
filho Fernando, é corintiano fanático e minha filha, Aline, chora, quando o São
Paulo perde. Encerrada a contenda, vou ao encontro de Rodolfo, que já me
recebeu, no ataque: “então você escreveu
no seu blog, propondo a intervenção das Forças Armadas, citou artigo da
Constituição, mas, dolosamente, omitiu
que elas estão subordinadas à autorização suprema do Presidente. Que
feio?” – “mas a que presidente você
se refere, meu caro Rodolfo? Ao da escola de samba, ao do Botafogo? Porque a
Constituição fala em “autoridade suprema”. Você acha mesmo que o Temer,
envolvido até o pescoço em robustas
denúncias de corrupção, é “autoridade” e, ainda mais “suprema”? Na verdade,
amado Rodolfo, o Poder, no sentido constitucional do termo, está vago e é neste
vazio que as Forças Armadas têm a obrigação de ocupar. Como disse o General Mourão (o atual), não será como em 1964. Será
o tempo de afastar os responsáveis pela desmoralização pública. Depois, é
convocar eleições, legislativas e executivas, das quais só possam participar
aqueles que não tiverem comprometimento com este descalabro, que se instalou,
no Brasil. O mundo moderno não mais aceita ditaduras, à esquerda ou à direita.
A voz, que se espalha nos quartéis e já ecoa, nas ruas, nas redes sociais, nos
bares e restaurantes, é da necessidade de fortalecer a democracia, que resta
enfraquecida, dilacerada pela insegurança, no sentido mais largo do termo.
Veja: o petismo ameaça-nos com guerra civil, caso Lula seja impedido de
disputar as eleições presidenciais do próximo ano. Então, eu pergunto: quem,
senão as Forças Armadas, têm a obrigação constitucional de manter a ordem
interna, exigir que o Poder Judiciário funcione, punindo quem deve ser punido?
O que se propõe, de imediato, para que atravessemos este abismo moral, que
parece não ter fim, é exatamente que ele, o abismo, seja ultrapassado, Forças
Armadas e Poder Judiciário, de mãos dadas”.
Rodolfo, calado, retirou-se a um canto, concentrado nas
eleições alemãs, onde sua candidata, Ângela Merkel, era dada como vencedora.
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