segunda-feira, 11 de setembro de 2017

A Revolução necessária



O jornal da noite começou, mostrando as malas de dinheiro, espalhadas na sala do apartamento. Ao invés de vomitar, estiquei o braço e alcancei o aperitivo ao jantar. Depois, vieram os trechos da entrevista do ex-Ministro, então todo poderoso membro de seu  partido. Depois, vieram as gravações do “grande empresário”, tratando a  Procuradoria Geral da República e o Supremo Tribunal Federal, como se fossem propriedades sua. O jornal acabou e fui jantar, como se nada daquilo fosse comigo, não atingisse as pessoas, que conheço e milhões de anônimos, que se espremem, duas vezes ao dia, em ônibus, metrô, trem, para ganharem salário, que não chega ao próximo pagamento. A televisão, na sequência, mostra estádio de futebol repleto de torcedores – uns  60 mil -, eufóricos a pular e a cantar. Aqueles problemas, as malas, o depoimento do ex-Ministro, a gravação do empresário, nada disto é com eles. Amanhã, o dia surgirá luminoso e as pessoas continuarão a se espremerem, demandando ao trabalho, alheios, ou pior, indiferentes ao fato, de que a maior parte desse trabalho foi desviado para aquelas malas de dinheiro (e quantas centenas de outras não haverá), para contas secretas das pessoas citadas pelo ex-Ministro e que ajudou a formar o obsurdo patrimônio daquele impossível empresário. Se o problema não é nosso, que nem mesmo vomitamos, de nojo, ao tomar conhecimento deles, de quem será? Recebo mensagem de querido companheiro, de 50 ou mais anos, que lutou lutas dilacerantes, para vencer em sua/nossa profissão. A mensagem diz que não precisamos pegar em armas, para fazer uma Revolução. Podemos fazê-la, através das redes sociais. Poesia pura, que a história contesta. A Revolução Francesa foi feita com sangue. A Revolução Norte-Americana matou milhares de irmãos e, passados quase 03 séculos, parece que restam feridas semi-abertas. A Revolução Russa e, mais tarde, sua filial, a Revolução Cubana foi feita com sangue. Então, merece ser perguntado: apenas as redes sociais conseguirão derrotar as organizações criminosas – tantas as são – que dominaram o Brasil? O poder político está dominado! A segurança pública está dominada. Todos  estamos dominados, por uma haste de marginais, que se diferem, apenas nos trajes. O grito, emitido nas redes sociais, a eles não causa senão escarneio. Mas, então, onde fica a saída? As instituições estão moribundas. Ninguém as reconhece, tão disformes ficaram e, sem forças, não são capazes de preservar a democracia e sua filha dileta, a liberdade. Mas tenho certeza que, em algum livro, que li, está a resposta à minha pergunta. Depois de muito pensar, descubro onde foi: em livrinho de letras miúdas, que tem, como título “Constituição Federal”. Aprumo o corpo e as vistas e percorro o “livrinho”, ate encontrar o que buscava: artigo 142:
As forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica são instituições nacionais permanentes e regulares... e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais, da lei e da ordem
Eis, aí, nossa esperança de voltarmos a ser – se algum dia o fomos – um País – nação, cujos filhos não queiram dele fugir, para viverem com segurança e respeito E, se houver sangue? Não importa! Fará parte do processo de purificação.

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