De tempo em tempo, adquiri o hábito de tirar férias das
pessoas, das coisas e dos lugares que gosto e que fazem parte de meu cotidiano.
Acho isto importante, para que eu não me canse delas e elas, os lugares,
pessoas e coisas não se cansem de mim. Liga-me amiga querida e, por uma semana,
não a atendo, peço para dizer que viajei, ou outra desculpa esfarrapada qualquer. Tempos depois, sinto sua falta, sua
risada larga, ligo para ela e ficamos jogando conversa fora. Moro ao lado de um
parque que freqüento, com assuidade, desde quando por lá me instalei. Pois, às
vezes, vejo-me compelido a me fazer ausente e, quando retorno, tenho a
impressão – e a pretensão – que as folhas das árvores farfalham, alegremente,
saudando-me, de volta. O mesmo acontece com os livros: leitor compulsivo – até
por falta de melhor e saudosa opção – leio, simultaneamente, dois, por semana,
um de ficção, outro, via de regra, de história, sem contar os de Direito,
tediosa obrigação. Todavia, de quando em vez, deixo-os, repousando em paz e
fico, a nada fazer, arrumando papeis velhos, roupas velhas, vendo filmes dos
anos 80, ou, até mesmo, a primeira versão da ‘’Escolinha do Professor
Raimundo.’’ Agora, resolvi que meu período ‘’sabático’’ será o de escrever
aqui. Tudo bem, sei que meus escritos são mancos e que falta não farão. O
problema é a ausência de assuntos novos, o que periga em auto-fulanizar a
conversa, falar do meu cansaço, físico e mental, de minha desesperança, em
relação ao mundo, ao Brasil e a mim mesmo, ainda esperando, como diria o Pessoa,
que se me abra porta, ao pé de parede sem porta. Junto tudo isto, encolho os
dedos e, por tempo indefinido, dou paz a todos. Qualquer dia, qualquer hora, a
gente se fala, sobre a reforma, que não virá, sobre o despotismo, que não se
vai e, até mesmo para contar historias do cotidiano, historias que ouço e vivo.
Até mais!
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