sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Despedida, com gosto de adeus


De tempo em tempo, adquiri o hábito de tirar férias das pessoas, das coisas e dos lugares que gosto e que fazem parte de meu cotidiano. Acho isto importante, para que eu não me canse delas e elas, os lugares, pessoas e coisas não se cansem de mim. Liga-me amiga querida e, por uma semana, não a atendo, peço para dizer que viajei, ou outra desculpa esfarrapada  qualquer. Tempos depois, sinto sua falta, sua risada larga, ligo para ela e ficamos jogando conversa fora. Moro ao lado de um parque que freqüento, com assuidade, desde quando por lá me instalei. Pois, às vezes, vejo-me compelido a me fazer ausente e, quando retorno, tenho a impressão – e a pretensão – que as folhas das árvores farfalham, alegremente, saudando-me, de volta. O mesmo acontece com os livros: leitor compulsivo – até por falta de melhor e saudosa opção – leio, simultaneamente, dois, por semana, um de ficção, outro, via de regra, de história, sem contar os de Direito, tediosa obrigação. Todavia, de quando em vez, deixo-os, repousando em paz e fico, a nada fazer, arrumando papeis velhos, roupas velhas, vendo filmes dos anos 80, ou, até mesmo, a primeira versão da ‘’Escolinha do Professor Raimundo.’’ Agora, resolvi que meu período ‘’sabático’’ será o de escrever aqui. Tudo bem, sei que meus escritos são mancos e que falta não farão. O problema é a ausência de assuntos novos, o que periga em auto-fulanizar a conversa, falar do meu cansaço, físico e mental, de minha desesperança, em relação ao mundo, ao Brasil e a mim mesmo, ainda esperando, como diria o Pessoa, que se me abra porta, ao pé de parede sem porta. Junto tudo isto, encolho os dedos e, por tempo indefinido, dou paz a todos. Qualquer dia, qualquer hora, a gente se fala, sobre a reforma, que não virá, sobre o despotismo, que não se vai e, até mesmo para contar historias do cotidiano, historias que ouço e vivo.

Até mais! 

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