quinta-feira, 6 de outubro de 2016

O parto das urnas



Recebo alguns e-mails, cobrando-me considerações sobre a eleição do último domingo. Quase nada a acrescentar a tudo o que foi dito pela mídia, em geral. Mesmo a vitória de João Doria, já no primeiro turno, era previsível, vez que, além de ser o confronto do ‘’novo’’, em face do ‘’velho’’, Doria simbolizava anti-petismo, que sempre esteve na alma do paulistano. Aliás, o resultado do pleito, em todo o Brasil, comprovou que o eleitorado, convenientemente informado, traduz, nas urnas, sua insatisfação com os desmandos provocados pelos maus administradores públicos. Por outro lado, as limitações dos gastos com a campanha, obrigaram os candidatos a mostrarem suas idéias e, por elas, foram julgados. Agora, algumas considerações de ordem, eminentemente políticas, produto, apenas, dos fevereiros acumulados e de quem se interessa pelo assunto: primeira, se é verdade que a vitoria de Doria, em nossa Capital, fortalece o prestígio do Governador Alckmin, por outro lado, tal fato não lhe escancara as portas para a corrida presidencial de 2018. Alckmin é importante líder regional, mas essa liderança míngua, consideravelmente, quando ultrapassa os limites do Estado de São Paulo. Se se confirmar a vitoria de João Leite, em Belo Horizonte, Aécio recupera o prestígio no Estado, que lhe tirou a faixa presidencial, mas sua opaca atuação no episodio do impeachment, traz negativos reflexos numa nova corrida em direção ao Planalto. E ainda há que se considerar a retumbante vitoria de ACM Neto, em Salvador e que o introduz, como peça essencial, no jogo político, marcado para 2018. A última, mas relevante consideração, que tenho a pretensão de fazer, diz respeito à consolidação do PSOL, que surge, ocupando o espaço, desastrosamente deixado pelo PT, como o novo representante da esquerda brasileira. Não discuto o anacronismo de seu ideário, mas me parece que um partido político, com as características do PSOL, é essencial ao bom funcionamento da democracia. O eleitorado brasileiro, que, no Rio, levou Marcelo Freixo ao segundo turno e que, em São Paulo, fez de Eduardo Suplicy o vereador mais votado, com o dobro dos sufrágios do segundo colocado, mostrou que ainda há espaço para uma esquerda, de valores morais e intelectuais sérios. Na base do puro ‘’achômetro’’, entendo que o PSOL, em pouco tempo, ocupará o mesmo espaço, outrora ocupado pelo PT, com mais abrangência, pois recepcionará todos os políticos sérios, jovens e velhos, que, além do próprio PT, deixarão os partidos satélites deste. Chegaremos, assim, por combustão espontânea, a uma reforma política, formada por três ‘’centrões’’: o de ‘’esquerda’’, liderado pelo PSOL; o de ‘’centro’’, liderado pelo PMDB e o de ‘’direita’’, liderado pelo PSDB. É uma função desta modesta análise que eu, como membro da direita progressista (epíteto, a mim atribuído pelo meu querido José Paulo de Andrade e que incorporei, com grande satisfação) saúdo a entronização do PSOL no cenáculo político. Finalmente, alguém, à altura, para enfrentar. Que vença o melhor! 

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