Recebo alguns e-mails, cobrando-me considerações sobre a
eleição do último domingo. Quase nada a acrescentar a tudo o que foi dito pela
mídia, em geral. Mesmo a vitória de João Doria, já no primeiro turno, era
previsível, vez que, além de ser o confronto do ‘’novo’’, em face do ‘’velho’’,
Doria simbolizava anti-petismo, que sempre esteve na alma do paulistano. Aliás,
o resultado do pleito, em todo o Brasil, comprovou que o eleitorado,
convenientemente informado, traduz, nas urnas, sua insatisfação com os
desmandos provocados pelos maus administradores públicos. Por outro lado, as
limitações dos gastos com a campanha, obrigaram os candidatos a mostrarem suas
idéias e, por elas, foram julgados. Agora, algumas considerações de ordem,
eminentemente políticas, produto, apenas, dos fevereiros acumulados e de quem
se interessa pelo assunto: primeira, se é verdade que a vitoria de Doria, em
nossa Capital, fortalece o prestígio do Governador Alckmin, por outro lado, tal
fato não lhe escancara as portas para a corrida presidencial de 2018. Alckmin é
importante líder regional, mas essa liderança míngua, consideravelmente, quando
ultrapassa os limites do Estado de São Paulo. Se se confirmar a vitoria de João
Leite, em Belo Horizonte, Aécio recupera o prestígio no Estado, que lhe tirou a
faixa presidencial, mas sua opaca atuação no episodio do impeachment, traz
negativos reflexos numa nova corrida em direção ao Planalto. E ainda há que se
considerar a retumbante vitoria de ACM Neto, em Salvador e que o introduz, como
peça essencial, no jogo político, marcado para 2018. A última, mas relevante
consideração, que tenho a pretensão de fazer, diz respeito à consolidação do
PSOL, que surge, ocupando o espaço, desastrosamente deixado pelo PT, como o
novo representante da esquerda brasileira. Não discuto o anacronismo de seu
ideário, mas me parece que um partido político, com as características do PSOL,
é essencial ao bom funcionamento da democracia. O eleitorado brasileiro, que,
no Rio, levou Marcelo Freixo ao segundo turno e que, em São Paulo, fez de
Eduardo Suplicy o vereador mais votado, com o dobro dos sufrágios do segundo
colocado, mostrou que ainda há espaço para uma esquerda, de valores morais e
intelectuais sérios. Na base do puro ‘’achômetro’’,
entendo que o PSOL, em pouco tempo, ocupará o mesmo espaço, outrora ocupado
pelo PT, com mais abrangência, pois recepcionará todos os políticos sérios,
jovens e velhos, que, além do próprio PT, deixarão os partidos satélites deste.
Chegaremos, assim, por combustão espontânea, a uma reforma política, formada
por três ‘’centrões’’: o de ‘’esquerda’’, liderado pelo PSOL; o de
‘’centro’’, liderado pelo PMDB e o de ‘’direita’’,
liderado pelo PSDB. É uma função desta modesta análise que eu, como membro da
direita progressista (epíteto, a mim atribuído pelo meu querido José Paulo de
Andrade e que incorporei, com grande satisfação) saúdo a entronização do PSOL
no cenáculo político. Finalmente, alguém, à altura, para enfrentar. Que vença o
melhor!
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