sexta-feira, 14 de outubro de 2016

A urgente reforma do ensino.



Depois de tantos erros acumulados, em razão da demagógica proposta ‘’Universidade para Todos’’, iniciada no governo FHC e extremada nos 13 anos de lulopetismo, propõe-se, agora, reforma do ensino médio, o que tem gerado críticas, à esquerda e à direita. Venho de uma geração, onde o ensino era bem definido: primário (fundamental); ginásio (1° grau) e colegial ( 2º grau) e este ainda se subdividia em curso científico, voltado para a área de ciências exatas e biomédicas e curso clássico, voltado para a área de humanas. A escola era essencialmente pública e de excelente qualidade. Vindo de pequena cidade do interior, passando por escolas públicas, ingressei em colégio particular, de elevado padrão, onde fiz o curso clássico, tendo sido, modéstia a parte, excelente aluno. Sem dificuldade, como conseqüência da base adquirida, ingressei na Faculdade de Direito da PUC e na de Filosofia e Letras, da USP, ainda instalada na Rua Maria Antonia. Minha trajetória não foi exceção, ao contrário, foi caminho trilhado por todos os jovens, com objetivo definido, e a escola abria-nos esse caminho, independentemente de nossa condição sócio-econômica. O ingresso, em uma Faculdade, passava por um funil de conhecimento rigoroso, de modo que se se não estivesse adequadamente preparado, ficaria de fora. A partir de determinado ponto, alguns luminares decidiram ‘’democratizar’’ o ingresso às Universidades e, para tanto, duas caolhas medidas foram tomadas: facilitou-se a proliferação de Faculdades e abrandaram-se as exigências dos ensinos fundamental e médio. Daí para a progressiva decadência do ensino foi um pulo. Lecionei Português para alunos de 2º grau e era lamentável desconhecerem eles fundamentos do idioma, que eu e meus colegas dominavam, desde o curso primário. Assim, salvo honrosas exceções, o aluno medíocre do curso secundário, passou a ser o aluno medíocre da Universidade, que passou a ‘’vomitar’’ profissionais sem capacitação técnica para enfrentarem o mercado de trabalho. A escola pública, com a perda de qualidade, passou a ser ‘’gueto’’ dos hipossuficientes que, para ascenderem, precisaram de cotas e outros artifícios sociais, que constituem a negação da meritocracia. Agora, diante da balburdia instalada, o Governo Temer propõe-se a colocar o dedo na ferida. Mas, por onde começar? Como a destruição começou de cima para baixo, sugere-se impedir a criação de novas Faculdades e cassar o funcionamento daquelas que não têm condições de proporcionar ensino de qualidade. É inconcebível que o Brasil, sozinho, tenha mais Faculdades de Direito que todos os países do mundo, reunidos. É desastroso que o Governo, qualquer Governo, tenha autorizado a instalação de Faculdades de Medicina, em cidades do interior, onde não há nem mesmo hospitais. Enquanto isto, nossos poucos centros de pesquisas carecem de insumos essenciais e sobrevivem graças à abnegação de nossos cientistas. O ensino Superior gratuito é falácia, que deveria ser extirpada. Estatística da própria USP revela que 60% de seus alunos pertencem à classe econômica, cuja renda familiar é superior a 20 salários mínimos. A instituição de bolsas de estudo aos comprovadamente pobres, com o pagamento de mensalidades, para os que o possam, seria fórmula adequada para equipar a Universidade. Quanto ao ensino fundamental e médio outra solução não há a não ser sua total municipalização. O Estado, enquanto Unidade Federativa e a União não têm capacidade de gerir escolas espalhadas nos quase 6 mil municípios brasileiros, que é onde as pessoas vivem e trabalham, com suas diversidades sociais e culturais. O ministério da Educação e as respectivas Secretarias Estaduais deveriam ser entes meramente normativos e fiscalizadoras, respeitadas as características de cada região. Estabelecer, como regra geral, por exemplo, ‘’horário integral’’ na escola é desconhecer a necessidade de o filho menor, com o seu trabalho, ajudar na mantença da família. Outra celeuma desnecessária, que se criou, foi a concernente às ‘’disciplinas facultativas’’, a critério do próprio aluno. Como, por exemplo, tornar obrigatória a educação física, em escolas, cujo ‘’centro esportivo’’ consiste em raquítica quadra de futebol-de-salão? Por que não todas as matérias serem obrigatórias, mas com peso diferenciado, para aprovação do aluno? A reforma do ensino brasileiro é urgente e essencial e, acima de tudo, deve se distanciar de debates ideológicos e passar ao largo de interesses meramente políticos. A realidade, triste realidade, é que, em matéria de ensino, situamo-nos nos últimos degraus da escada mundial e, sem rápida e eficaz ascensão, jamais deixaremos de ser apenas País emergente. 

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