Não é comum, mas, de quando em vez o Direito e a Justiça
dão-se as mãos e a sociedade sente-se mais segura. Falo da corajosa decisão do
Desembargador do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, Ivan Sartori, que
propôs a absolvição dos réus, condenados no processo, conhecido como o
‘’Massacre do Carandiru’’. Cerca de 70 policiais militares, chamados a
intervirem em rebelião, deflagrada pelos detentos daquele presídio, foram
recebidos, com extrema violência, pelos presos, armados de facas, estiletes,
pedaços de pau e até revólveres. Os policiais, em estrito cumprimento de um
dever legal – reprimir o ato de rebeldia – obedecendo ordem hierarquicamente
superior, e em inequívoco estado de legitima defesa, atiraram contra os
amotinados, matando cerca de uma centena deles. Dentre os mortos, não havia um
único que não tivesse, em seus registros policiais, pelo menos dois crimes
hediondos e a fúria, com que enfrentaram os policiais, não deixava dúvida que
estavam dispostos e prontos para um confronto mortal. As circunstâncias
objetivas indicavam que não tivessem os policiais repelido à injusta e iminente
agressão perpetrada pelos marginais, todos estariam mortos. Indiscutível a
caracterização da legítima defesa, como bem sustentou o ilustre Desembargador,
Ivan Sartori. Infelizmente, vivemos tempos obtusos ,onde os criminosos são
transformados em ‘’vítimas sociais’’, e a polícia é execrada, mesmo no
cumprimento do dever. No caso do Carandiru, os policiais foram acusados de
‘’uso desmedido de força’’, como se fosse possível, naquele estado de tensão,
mensurar a força a ser empregada, para reprimir o levante. Também não se pode
responsabilizar os policiais pelas degradantes condições da prisão, o que teria
sido o estopim da rebelião dos presos. Essas ‘’condições degradantes’’ devem
ser debitadas ao Poder Público que mantém um sistema penitenciário, equivalente
às masmorras da Idade Média. E igualmente degradante são as condições de
trabalho do policial, baixos salários, armamento inadequado, pressão psicológica
adversa, tudo a transformar o seu trabalho, em defesa da sociedade, em
verdadeiro ato de heroísmo. A Imprensa – apenas a má Imprensa – quer mudar os
papeis, transformando em vítimas os marginais presos e em bandidos, os policiais
que, atendendo a uma ordem superior, adentraram ao Carandiru com a única
certeza de que não sabiam se de lá sairiam com vida. Enquanto não nos
conscientizarmos que bandido deve ser tratado como bandido, independentemente
de sua cor ou condição social, crescerá o nosso receio de sair à rua, seja para
trabalhar, seja para o lazer. Não é por outra razão que a vitimização do
marginal coloca a segurança pública no topo das preocupações do brasileiro.
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