Sobre o Vestibular
Concordo com o falecido Roberto Campos, quando ele afirma que
a experiência se assemelha a uma “lanterna
de popa”, a iluminar, inutilmente, para trás. Via de regra, quando alguém
começa uma frase, dizendo “no meu tempo”,
apenas atesta que seu prazo de validade venceu. Mas, hoje, sinto-me impelido a
falar do passado, em razão da matéria, veiculada pela última edição da Revista
“Veja”, versando sobre as
dificuldades, a serem enfrentadas este ano, pelos vestibulandos. No meu tempo,
o vestibular era dividido em 03 áreas distintas: humanas (para quem pretendesse ingressar em Faculdade de Direito,
Ciências Sociais, Letras e carreiras afins); exatas (para quem pretendesse cursar Engenharia e carreiras afins);
e biomédicas, (para quem se
direcionasse para Medicina e assemelhadas). O nível de exigência, por matéria,
ficava a depender da opção do candidato. Por exemplo: exigia-se muito mais
conhecimento de Português de quem optara por “humanas”, do que de quem optara por “exatas”, inexistindo matemática, física, química e biologia, para
quem fosse para a área de humanas. Essa sistemática – ainda utilizada nos
Estados Unidos – permite que o candidato se aprofunde nas matérias, voltadas
para seu interesse específico. Por que e para que advogado precisa saber sobre
“equação, com números irracionais”? E
para que o médico ou engenheiro precisa saber sobre as características do
realismo português ou as 13 funções da palavra “que”? O vestibular de hoje é um acumular de conhecimento inútil e
transitório, a merecer urgente reformulação ou, então, desaparecer de vez,
utilizando-se outros critérios para aferir a capacitação necessária ao
ingresso, em uma Faculdade. E assim deve ser porque quanto mais conhecimento
especifico o estudante reunir, melhor será seu rendimento no curso superior e,
via de conseqüência, maior sua habilitação para ingressar no mercado de
trabalho. Conhecimento genérico, em tempos cibernéticos, basta acessar o “Google” para adquiri-los.
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