Eleições
Constato que hoje é 03 de outubro, data em que, noutros
tempos, realizavam-se as eleições. Uma só, para todos os cargos, de vereador a
presidente da República. Minha memória devolve-me à infância ou
pré-adolescência, tão distantes que as confundo. Mas, o certo é que, ainda longínquas
as urnas eletrônicas, os votos eram impressos em cédulas, com os nomes dos
candidatos escolhidos, as quais eram inseridas em um envelope, enfiado, depois,
em urnas de madeira. A contagem levava semanas, até a proclamação do resultado.
A cena paterna, que precedia a hora da votação, era severa demonstração de “democracia”: meu pai, um dos caciques
locais do velho PSD, entregava, aos filhos votantes, envelopes fechados já
contendo os nomes dos candidatos, previamente escolhidos por ele. Duvido que alguém
tenha tido a ousadia de quebrar-lhe a confiança, se bem que, de um canto da
memória remota vejo uma irmã chorando, enquanto meu pai soltava fogos de
artifício, comemorando a vitoria de Dutra sobre o Brigadeiro Eduardo Gomes. Se
houve traição, era justificável: Dutra era baixinho, absurdamente feio e, ainda
por cima, fanho. O Brigadeiro era solteiro e fazia o gênero galã de Hollywood,
apesar de a oposição ter espalhado o boato que sua solteirice se devia ter
perdido os “bagos”, na Revolta dos
Tenentes.
Hoje, novos tempos, ouso apenas, superficialmente, perguntar
em quem meus filhos vão votar. Nossos candidatos são diferentes e, quando há
coincidência, os motivos são dispares: eu, por convicção, vou de Aécio; eles,
tapando o nariz, mas com o único objetivo de nos livrar do PT, vão de Marina.
Quanto a meus irmãos, desconheço-lhes a preferência, a não ser de um, lá do sul
da Bahia, petista até a raiz do cabelo e que me acena com o exílio, caso Dilma
ganhe.
Quanto à urna eletrônica, olho para ela, com dinossaurica
desconfiança. Fico a me perguntar porque países tão mais evoluídos tecnicamente
do que o Brasil, ainda se utilizam do método tradicional, como aconteceu, no
mês passado, na Escócia. Noticiou-se que especialista norte-americano aqui
esteve para conhecer o funcionamento de nossa maquininha. Olhou, mexeu, torceu
o nariz e foi embora, julgando-a pouco confiável. E nossos “irmãos do norte” continuam votando pelo
método tradicional. Em passado, não muito remoto, tentaram “garfar” uma eleição do Brizola. Como a
engenhoca ainda era incipiente, descobriu-se a fraude e a vontade popular
prevaleceu. E hoje, aperfeiçoado, para o bem e para o mal, o sistema, seria
inviável a uma fraude imperceptível? Sei não, mas para quem quase quebra a
Petrobras, desviando bilhões, só descobertos às custas de delação premiada,
para esses tudo me parece possível.
Consola-me saber que “se
Deus é por nós, quem será contra nós.”?
Arrepiado, escuto, como resposta, um grito monstruoso: “o PT”
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