Pelo “dia do professor”
Impossível não dizer alguma coisa sobre o “Dia do Professor”, que se comemora hoje,
até porque, em priscas eras, por quase uma década, fui um deles. Sempre julguei
interessante essa abismal diferença entre o respeito, que se tem pelo titulo “professor” e a contra-partida financeira
oferecida, de vulgar expressão. Apresentar-se como “professor”, envolve a pessoa numa “aura”, tratando-a como ser superior, mas, na hora de remunerá-lo,
ele é tratado como representante subalterno da sociedade, raciocínio válido,
tanto para quem leciona em escola pública, quanto em escola particular. Lembro-me
de que, trabalhando em estabelecimento de ensino, voltado para a classe média,
dava 100 (cem) aulas por mês e o salário mal permitia pagar a faculdade e o
aluguel. Sempre ouvi – e continuo ouvindo, nos debates dos presidenciáveis –
que a educação é fundamental, para o desenvolvimento do País. É claro que é,
mas, além de informatizar a sala de aula, é imprescindível pagar salário
decente ao professor que, por mais surpreendente que possa ser, precisa comer,
vestir, morar e até se divertir. Tempos atrás, mas não tão distante assim, fui
convidado a lecionar em uma dessas Faculdades de Direito, que pululam pela “grande São Paulo”. Achei que seria
interessante aprender a conviver com os jovens, transmitindo-lhes o meu saber
pouco e minha experiência muita. Todavia, ao ser informado da remuneração,
contrastada com a responsabilidade, “arrepiei
carreira”. A produção cientifica, no Brasil é pífia e nossas escolas
perdem, de goleada, para escolas, até de países mais pobres. É absolutamente
normal o estudante concluir o primeiro grau, sem ser capaz de escrever um “ditado” de poucas linhas, sem cometer incontáveis
erros. Cobra-se mais empenho dos professores, mais atualização, discutem-se
novas metodologias de ensino, mas a remuneração justa, por trabalho tão relevante,
nunca é considerado.
De qualquer maneira, lembro a data e reverencio três professores,
os quais, em diferentes etapas, foram essenciais a minha formação intelectual:
Rui Campos, professor de Português, no curso ginasial; Candido de Oliveira,
professor de Literatura, no curso clássico e Washington de Barros Monteiro,
professor de Direito Civil, na faculdade de Direito. A eles, minha eterna
gratidão e minhas preces e, através deles reverencio todos os professores do
Brasil.
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