sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Um dia para esquecer (ou não)
Naquela manhã, a Presidente acordara mais mal humorada do que de costume. Reclamou que o pão estava frio e o café fraco demais. Não conseguia construir, no cabelo, o ninho habitual. Decididamente precisava mudar de cabeleireiro. Como comera muita porcaria, durante a campanha (como pobre gosta de fritura, falou consigo mesma!) engordara e estava difícil entrar na calça comprida, que lhe comprimia o estômago, resolveu pelo conjunto verde, cor de cocô de recém nascido. Ou fazia um regime ou reformava o guarda roupa, como já lhe sugerira sua assessora para assuntos de moda, a Eulália, DAS 6. Passou os olhos nos jornais do dia. Lá vinha o Obama, com aquela conversa que o Brasil era parceiro importante. Não estava nem aí para os Estados Unidos, sua paixão era mesmo Cuba, do velho Fidel e a Venezuela, daquele imbecil do Maduro. Não conseguia entender como o Chavez, tão esperto, não foi capaz de escolher um sucessor à altura. Devia ter se mirado no exemplo de Lula, modéstia a parte. Mas a irritação maior era o fato de ter que voar 03 horas, atravessar a selva amazônica, ir até Manaus para ouvir uma orquestra de índios, regida pelo João Carlos Martins, executar peças de Bach. Odiava música clássica, tinha antipatia pelo maestro, malufista histórico e não tinha a menor paciência com índio, esse bando de gente inútil que só sabia pedir. Tremenda roubada em que o Gilbertinho lhe enfiara, que não gostou, quando ela disse que ele iria também. Inventou mil desculpas, reunião com metalúrgico, etc, mas ela bateu o pau, desculpe, a mão na mesa e disse, você vai e pronto, não se fala mais nisto, quem manda é ela e o Lula, que nem estava no Brasil, estava fazendo uma palestra, na Alemanha, com direito a cachê de 100 mil euros, mais despesas pagas. Precisava assistir a uma dessas palestras, para ouvir o que o Lula tinha a dizer, que valia 100 mil euros. No Planalto, recebeu deputados, (querendo cargos, é claro), empresários (querendo dinheiro, é claro). Dispensou o José Eduardo, porque sabia que ele vinha falar naquela chatice de delação premiada. Almoçou uma salada e um bife esturricado. Na volta, ia mandar trocar o cozinheiro e escolher logo o Ministro da Fazenda, para dar uma acalmada no mercado. Falaram muito bem desse tal de Trabuco. Gostei do nome, me lembra os tempos de guerrilheira. Gostaria mesmo que fosse o Delfim, que sabe das coisas e até votou em mim. Mas já imaginou os xiitas do partido?, que ele era da época da ditadura militar, gente ignorante, que vive do passado. Às 03 da tarde, ela e alguns assessores embarcaram no avião presidencial, com destino a Manaus. Avisou que não queria ninguém com ela, na primeira classe. Bando de puxa sacos que só quer falar em problemas, é Petrobrás pra lá é Petrobrás pra cá. Ia dormir e ler o livro da Fernanda Torres, como escreve bem essa menina. Também filha de quem é! Será que ela não aceitaria escrever meus discursos, que andam tão sem sal e sem açúcar? Porcaria, o avião começou a balançar, odeio isto. A comissária (muito bonita, vou mandar trocar por uma feia) informa que estamos sobrevoando a selva amazônica, região de grandes tempestades. Penso no Alckmin e dou risada, ele se ferrando por falta de chuva. De repente, a comissária sai da cabine de comando e, muito nervosa, senta a meu lado: o avião está com problemas, vamos fazer um pouso forçado em uma clareira que o comandante avistou...
Bonner, senho franzido, aparece na tela da TV: “atenção, atenção, o Jornal Nacional informa: o avião, conduzindo a Presidente da República e comitiva desapareceu, às 17 horas, na selva amazônica. Jatos e helicópteros da Força Aérea Brasileira dão buscas no possível local, onde desapareceu a aeronave presidencial. Maiores detalhes, a qualquer momento, no Jornal Nacional.”

Naquele mesmo instante, Michel Temer, levanta-se da poltrona, de onde assistia ao noticiário, dirige-se ao frigobar e de lá retira uma “Moet et Chandon”, liga para sua linda esposa e exclama: “agora, é nóis, amor, é nois”.

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

São Judas e a Megera

Tenho hábito dominical de ir até o Santuário de São Judas Tadeu, de quem sou devoto, agradecer a proteção e continuar pedindo, como convém a quem sabe que, sozinho, é difícil tocar o barco. Certa vez, lá encontrei um amigo. Sua esposa o trocara por outro e ele fora pedir ao Santo que ela fosse infeliz. Pensei em dizer-lhe que o Santo era do bem, não atuava para prejudicar. Melhor procurar a umbanda, que tem “Exu”, missionário do mal. Preferi calar-me, não dar conselhos negativos e entender o ódio do amigo, que passaria com o tempo, como, ao que tudo indica, passou. Anteontem, 28, foi dia de homenagear São Judas, considerado o Santo das causas impossíveis. Pois não é que me peguei pedindo o mal da megera, que se elegera? O certo é que, desde domingo, às 09 da noite, não vejo, não escuto, nem leio noticiário. Proclamado o resultado (que, tenho certeza, foi fraudado), mudei de canal para um, onde estava passando “Tropa de Elite”. Imaginei o Capitão Nascimento invadindo o Planalto e “comendo” a megera e seus asseclas na bala. Puro devaneio! Precisei tomar um “lexotan” para dormir e, mesmo assim, dormi mal, acordei com o dia nascendo, ainda inconformado, não sei quando e se vai passar. Perder no nordeste era esperado, pelas esmolas públicas lá distribuídas. Compra disfarçada de votos. Perder no Rio, tudo bem. O Rio é como mulher bonita e desejável. É para ver e usufruir, jamais tentar entender. Lá ganhou um tal “Pezão”, que foi vice no Sérgio Cabral, execrado por cariocas e fluminenses. Não disse? é mulher bonita e desejável, impossível levar a serio. Mas doeu Minas Gerais, a minha terra. É certo que de lá sai no começo dos anos 60 e, depois de 1971, quando faleceu meu cunhado, nunca mais voltei. Mas minha cidade tinha uma história de liberdade. Fora fundada por Teófilo Benedito Otoni, precursor da República, que lá se refugiou perseguido por Duque de Caxias, a mando do Imperador D. Pedro II. Minha região era a base eleitoral de Tristão da Cunha, avô paterno de Aécio, como, também o foi de seu pai. Pois um consagrado jornalista paulistano, amigo queridíssimo de meio século, informa-me que Aécio perdeu em minha região. Pode? Tomei algumas medidas para me apascentar: segunda feira “assassinei” a megera. Ontem, “matei-a” de infarto. É a força do pensamento negativo. Vai ver pega e eu vou para a Avenida Paulista comemorar. Pensei em romper com meu irmão petista. No período infanto juvenil, sem motivos, ficamos bom período sem nos falar. Agora, teria excelente motivo. Mas vou me vingar de forma mais violenta: no próximo mês, publico meu terceiro livro, dedicado a ele, até porque me inspirei em parte da vida dele, para desenvolver o tema. Quem o ler e não gostar, deverá colocar a culpa nele. Estarei vingado. A vitória da megera trouxe uma única conseqüência positiva: descobri defeito em amigo, que imaginava sem defeito. Trata-se do advogado Braz Martins que, além de competentíssimo, é o mais ético dos profissionais, em uma profissão, onde a ética não é o forte. Pois Braz é nosso Catão e, no fundo, todos queríamos ser como ele. Pois não é que descubro, por e-mails dele recebidos, que Braz é simpatizante da megera? Mesmo assim, continuarei seu amigo, porque é título de que não se pode abdicar. Quanto à megera, olho para a imagem de São Judas Tadeu, na mesinha ao lado. Ele sabe o que desejo a ela.

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

O Ocaso da Megera

Fazia dois anos que “Mama Doc” assumira a Presidência de Bananil e as coisas não podiam ir pior. A inflação crescente, a falta de gêneros alimentícios, as denúncias, quase diárias, de corrupção vinham provocando constantes manifestações de rua, estimuladas pelos governos estaduais, quase todos de oposição a ela. Nem mesmo contava com o apoio dos Sindicatos, incapazes de controlar a onda de desemprego. Para tornar péssimo o que já estava ruim, o Ministério Público descobrira contas no exterior e empresas fantasmas em nome de seus principais auxiliares, inclusive de seu guru, o homem que a tirara do limbo e que morrera um mês atrás, vítima de um câncer, que nunca conseguira extirpar. A conta secreta veio à tona pela insatisfação de uma amante do falecido, excluída da divisão do bolo. Logo ela, que correu mais riscos, arrecadando junto a fornecedores do governo! Deitada, à beira da piscina, naquela ensolarada manhã de domingo, Mama Doc lia a revista semanal, que trazia novas denúncias de corrupção. Seu assessor de comunicação, Franco Escobar, já a avisara sobre as denúncias e insistiu com a idéia de, antes da edição, ir para a rua, “empastelar” a editora. Ela não autorizara, não queria a imprensa internacional caindo de pau sobre ela. Para completar suas preocupações, ainda havia a história de traição de seu amante, Dante Mercado. Seu serviço secreto lhe informara que ele estava tendo um caso com uma jornalista que cobria o Palácio. Mostraram-lhe o retrato da moça, de biquíni, em uma praia do nordeste. Morena, alta, coxas torneadas, seios apontados para o alto. Instintivamente, passou a mão pela barriga proeminente, seios quase encostados. Pensou em demitir Dante, que ele fosse curtir a amante jovem às custas de outro, mas, pensando bem, ele era o único escudeiro fiel, que lhe restara e os prazeres da cama, de larga data, não lhe despertavam mais interesse. Na verdade, quase nenhum prazer lhe restava. Afora as vantagens do poder, o salamaleque dos puxa-sacos, o tripudiar sobre os subalternos, não ter que pagar contas, estava cansada de tudo. Das reuniões inúteis, dos ataques da oposição, a exigir sua renúncia, o que não seria má idéia, largar aquela chatice e terminar seus dias, naquela casa de praia, que ganhara daquela construtora, amiga do Dante. Mas iria resistir, era mulher de luta, sempre fora. Sozinha, naquele silencio sepulcral, já tendo bebido quase uma garrafa de vinho, ela dormiu profundamente. De repente, acordou com falta de ar, braço formigando e uma crescente dor que comprimia o peito. Quis gritar, mas a voz calou-se na garganta. Uma hora depois foi encontrada morta, enquanto, no braço da cadeira, um passarinho, da espécie “brasilis”, gorjeava, alegremente.

terça-feira, 28 de outubro de 2014

Da Queda à Ascensão
Deitado, na cama do luxuoso hotel, onde se hospedara, Luiz Claudio não conseguia relaxar. Pelas informações recebidas, a Presidente, depois da solenidade, onde seria homenageada pelo Sindicato dos Metalúrgicos, passaria a noite, naquele mesmo hotel, instalando-se na suíte presidencial, ao final do corredor. Já fora ele dezenas de vezes para checar a chegada da comitiva presidencial. Pela vigésima vez, olhava o relógio: ainda eram 08 horas e a Presidente não chegaria antes das 11 horas. Pensou em tomar um uísque, mas afastou a idéia, precisava se manter sóbrio, quando o momento chegasse. Refez o plano, mais uma vez, nenhum detalhe poderia colocar em risco o sucesso. Sentou na poltrona, encostado à janela, de onde, acendeu o cigarro e deixou seu pensamento voar até aquele março de 2016, quando tomou a decisão definitiva de fechar suas lojas. A inflação, em apenas 03 meses, ultrapassava a 50%. Investira todas as suas reservas financeiras, estocando mercadoria para o natal que se tornara a última esperança de sobrevivência. Fechara 07 de suas 10 unidades, os fornecedores já não lhe concediam prazo e os bancos, nem mesmo aceitavam renovar os empréstimos. Vendeu dois, de seus três carros, a casa de praia e recorreu a agiotas para fazer capital, apostando suas últimas fichas no natal. Segundo os jornais, foi o pior dos últimos 30 anos. Boa parte da indústria automobilística fechara suas filiais, no Brasil e o índice de emprego formal caíra mais de 50%. Saques, em supermercados, eram freqüentes e alguns produtos essenciais como a carne, o leite, o arroz e o açúcar estavam racionados. O dólar chegara a 6 reais, no oficial e a quase 8 no paralelo. O caos econômico tomara conta do País, mas, mesmo assim, o governo insistia que a situação estava sob controle. O fracasso do natal enterrara, de vez, a esperança de Luiz Claudio. Fechou as três lojas, que sobraram, indenizou os funcionários com os próprios produtos. Para sobreviver, vendeu dois “Volpi” e um “Aguillera”, aplicando o dinheiro em nome da esposa. Por toda uma semana, passara todo o dia no escritório de sua casa, conversando com o retrato do falecido pai. A esposa chamou os filhos, que ele não comia, não tomava banho, apenas chorava e repetia, olhando para o retrato do velho – “me desculpa, pai...” Numa manhã de domingo, ele saiu do isolamento: fez a barba, tomou banho, aprontou-se com esmero. Tinha tomado uma decisão e precisava consultar Cristo. Pouco tempo depois, voltou, calmo, até cantarolando. Passara na padaria, comprara pão e aquele bolo de fubá que lhe remetia, à infância, além do jornal, que leu, avidamente, enquanto a esposa preparava vasto café-da-manhã. Ela não entendia o que se passava pela cabeça do marido, mas tinha certeza que viria novidade. Na segunda-feira ele a chamou para conversar: “olha, aqui está o valor que nós temos no banco, se me acontecer alguma coisa, procure  Guilherme, o gerente da conta, que ele vai orientá-la. Preciso viajar amanhã para o Rio e, se tudo correr bem, 4ª feira estarei de volta.” A mulher, submissa de toda a vida, nada perguntou, mas estranhou quando, ao sair no dia seguinte, ele a apertou nos braços, deixando escapar algumas lágrimas que desapareceram no bigode espesso. E, agora, ali estava ele, no último andar daquele suntuoso hotel, à beira-mar, à espera da Presidente. Tenso, mas determinado, viu a comitiva chegar e, minutos depois, pela fresta da porta, três pessoas, dois homens e uma mulher, ela, entrarem na suíte. Alguns minutos depois, os homens saíram, mas um deles ficou do lado de fora. Ele puxou a cadeira para perto da porta, com um pacote na mão e sentou, olhos grudados no final do corredor. O homem do lado de fora, saiu, ele marcou 15 minutos e depois caminhou vagarosamente até o que era seu destino. Bateu, vigorosamente à porta que, após alguns eternos minutos apenas foi entre aberta. Ele arremessou seu corpo e invadiu o quarto. A Presidente, com o impacto, fora jogada ao chão. Vestia um pijama azul, coberto por um robe de tonalidade mais clara. Ele, sem pressa, desfez o embrulho, que tinha às mãos, de onde tirou um revolver, colt 45, que fora de seu pai. Atirou 03 vezes, mirando o peito e a cabeça. Depois, saiu, sem pressa e sem olhar para trás – nunca suportara ver sangue. Entrou em seu apartamento e, do último andar saltou em direção à calçada. Apenas a tempo de sorrir, pela satisfação do dever cumprido.
Na 4ª feira, como prometera, voltara, mesmo em um caixão, mas voltara.


segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Então, depois do resultado das eleições e graças à contribuição do norte e nordeste, que sempre carregamos nas costas, fica combinado que, a partir de hoje, o roubo, o peculato, a corrupção passiva, a concussão, deixaram de figurar como crime, em nosso Código Penal. Passamos a ser o Haiti da América Latina, tudo sob a proteção de nossa “Mamãe Doc”.

Recolhido do “facebook”, com muita propriedade: “ontem, 90% da população nordestina votou na Dilma, amanhã esta mesma população virá para São Paulo, sob o Governo do PSDB, para tentar melhorar de vida.

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Competência x Incompetência
Quarta - feira, 19 horas, embarco na estação “Faria Lima” do metrô, com destino à Vila Mariana. 20 minutos depois, com baldeação na Avenida Paulista, chego a meu destino. Tudo com muita segurança, conforto e limpeza. Obra do Governo do Estado. O motorista que me levara, demora 90 minutos para fazer o mesmo percurso, preso em congestionamento, tornado mais gigantesco pela incompetência administrativa do prefeito Haddad, do PT, é claro. Ontem, fui a Santos, percurso feito, porta a porta, em 60 minutos, passando por túneis de 10 ou mais quilômetros, serpenteando a Serra do Mar. Obra do Governo do Estado. Quem viajar pelo interior, circulará por rodovias como “Castelo Branco”, “Trabalhadores”, “Airton Sena”, “Bandeirantes”, “Carvalho Pinto” dentre tantas outras, cujo alto padrão tecnológico, só se encontra – diga-se de passagem, em menor número – nos Estados Unidos e na Alemanha. Todas construídas pelo Governo do Estado. O “INCOR – Instituto do Coração”, referencia internacional em doenças “cardio - respiratórias”, construído e mantido pelo Governo do Estado, assim como o “Hospital Emílio Ribas”, especializado em doenças infecto – contagiosas. Enquanto isso, o Conselho Federal de Medicina informa que, nos últimos doze anos, o Governo Federal deixou de investir mais de 100 bilhões de reais, em saúde pública, sendo cerca de 50 bilhões nestes últimos dois anos. Eis algumas – dentre tantas – razões pela qual o petismo não tem vez por estas plagas. Conhecêmo-lo muito bem, porque ele nasceu aqui e sabemos ser o PT como o exército de Átila, Rei dos hunos: por onde passa, nem a grama cresce.



quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Mergulho para Liberdade
Decididamente, aquele não fora um bom dia. Enfrentara transito infernal até o escritório, discutira com a secretaria, por causa do café frio, o cliente das 09 chegou quase 10, tumultuando a agenda (odiava esperar e era rigorosamente britânico em seus horários). Como chovia, preferiu almoçar por ali mesmo e a carne veio quase crua. Decididamente aquele não seria um bom dia. Finalmente, saiu o julgamento do processo, cujo cliente telefonava todos os dias. Perdeu! Sabia que não tinha muitas possibilidades, mas aquele homem, idade avançada, via no resultado sua última e única alternativa para sair daquela vida miserável, o minúsculo apartamento de subúrbio, comida racionada, o mesmo terno lustroso, paletó desfiado na ponta. Teria que enfrentá-lo: “perdemos, esqueça seus sonhos, mas ainda podemos recorrer e, quem sabe?” Sabia que o recurso, além de demorado, seria esforço inútil. O homem de terno lustroso, por certo, abaixaria a cabeça, em sinal de desânimo e se despediria dele com as mãos úmidas, o que o faria correr ao banheiro para lavar as suas. As luzes da orla já estavam acesas, quando encostou seu carro naquele bar, no final do Leblon. Fizera-o quase instintivamente. Fora ali que conhecera Maria Clara. Alta, loura, queimada de praia, vestia uma saia que libertava coxas torneadas. Viveram dois anos de tórrida paixão, até que um dia, chuvoso como o de hoje, encontrou-a malas prontas. Poucas palavras: “já demos o que tínhamos que dar. Adeus, a gente se vê por aí.” Ele se lembra de ter se jogado no sofá, atônito. É certo que o relacionamento tinha esmaecido, o vulcão já não vomitava larvas incandescentes. Já não saíam tanto, já não transavam tanto, mas... A verdade é que sentia falta de Maria Clara, do perfume, que inundava o apartamento e até de suas calcinhas, penduradas no Box do banheiro, motivo de tantas discussões. E, agora, quase um ano depois, sentado naquele mesmo bar, bebendo o uísque “sauer” de sempre, pensava em Maria Clara, vontade de tê-la, ali, a seu lado, brincar com seus cabelos, que teimavam em cobrir-lhe o rosto. Sentiu-se absurdamente cansado. Não cansaço físico, mas cansaço daquela vida inútil, cotidiano inútil. Chegava aos 50, sem família, sem perspectiva de levar outra vida, senão aquela, medíocre, todos os dias mediocremente iguais. Pagou a conta, sem qualquer cordialidade com o garçom de tantos anos. No elevador do prédio, uma senhora gorda, resfolegando, tentou puxar conversa, reclamando do transito. Como ele respondeu um raquítico “é mesmo”, ela desistiu. Felizmente chegou seu andar, o oitavo. Abriu a porta. Tudo absurdamente igual, como ele deixara: o livro aberto, ao lado da poltrona, a xícara de café, suja, pão espiando a cozinha. Sinal que a faxineira não aparecera. Era o que faltava para completar. Vagarosamente, como quem sabe o que fazer, ele caminhou até a varanda, que dava para a avenida, subiu no parapeito e mergulhou. Ainda teve tempo de sentir gotas de chuva molhar-lhe os cabelos.

  

terça-feira, 21 de outubro de 2014

A escolha presidencial: últimas palavras
Foram-se os dias ensolarados de primavera e São Paulo amanheceu fria e cinzenta, com uma garoa, que nem mesmo umedece os reservatórios vazios, mas, com certeza, provocará maiores engarrafamentos e vestirá de tristeza o semblante das pessoas. E, para tornar péssimo o que já é ruim, o DATAFOLHA revela pesquisa, dando conta que Dilma está 04 pontos à frente de Aécio. Nelson Rodrigues dizia, já lá vão 04 décadas, que o brasileiro precisava se livrar do “complexo de vira-latas”. A se confirmar as previsões do DATAFOLHA, ouso afirmar que o Brasil tem inexorável vocação para “vira-latas”. Dilma e o PT representam o atraso e a corrupção, que foram as marcas registradas dos últimos 12 anos de administração pública. Se Dilma vencer, vencerá às custas dos votos dos analfabetos e semi-analfabetos, pessoas tristemente ignorantes, compradas, vilipendiadas em sua dignidade, pela chamada “bolsa família”. Apesar de estarmos entre as 10 maiores economias do mundo, somos dos últimos em educação e saúde. Enquanto o mundo cresce a uma taxa média de 3,5%, nossa taxa de crescimento se aproxima de 0. Social e economicamente falando, estamos saindo do continente americano e ingressando no continente africano. José Dirceu, o grande líder do “mensalão”, prócer maior do PT, menos de um ano depois de ser preso, como “chefe da quadrilha”, está sendo colocado em liberdade e, dela desfrutando, voltará a formar novas quadrilhas, que se abastecerão e abastecerão os cofres do PT, como financiaram a campanha de Dilma, em 2010 e, muito provavelmente, também a atual. Quem lê jornal, ouve rádio e vê televisão sabe de tudo isto, indigna-se com tudo isto e não vota no PT. Mas aqueles pobres infelizes, que vivem da miséria pública, miseravelmente ignorantes, não tem percepção da realidade, que nos desloca para o continente africano.
Se a Presidente se reeleger, para mim, pessoalmente, nada muda. Já no final de minha jornada, continuarei cumprindo a maldição bíblica de ganhar o pão com o suor do meu rosto, sem depender do governo para tal. Mas, na parede ao lado, olho vários retratos de meus netos. Lamento por eles. Choro por eles. Almejava um País melhor, econômica, social, e moralmente falando. Não um Congo, mas, pelo menos, uma Espanha, com saúde de qualidade, com educação de qualidade. Vencendo Dilma, reafirmaremos nossa vocação de “vira-latas”. Reafirmaremos nossa preferência, não pelos países desenvolvidos, mas por Cuba, Venezuela e Bolívia. Reafirmaremos nossa preferência, não pelos grandes líderes – como Tancredo -, que escreveram a história do Brasil, mas pelos assaltantes dos cofres presos, que fazem da “Penitenciária da Papuda” seu habitat natural. Lá entraram e de lá sairão, erguendo os punhos, revolucionários da mediocridade e da falta de caráter, que o são.
Domingo, nosso voto será a matéria-prima com que faremos um vaso de plantas – Aécio – ou um vaso sanitário – Dilma. Se o Brasil optar pela segunda já sabemos qual será o conteúdo que nos aguarda.


sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Sobre o Vestibular
Concordo com o falecido Roberto Campos, quando ele afirma que a experiência se assemelha a uma “lanterna de popa”, a iluminar, inutilmente, para trás. Via de regra, quando alguém começa uma frase, dizendo “no meu tempo”, apenas atesta que seu prazo de validade venceu. Mas, hoje, sinto-me impelido a falar do passado, em razão da matéria, veiculada pela última edição da Revista “Veja”, versando sobre as dificuldades, a serem enfrentadas este ano, pelos vestibulandos. No meu tempo, o vestibular era dividido em 03 áreas distintas: humanas (para quem pretendesse ingressar em Faculdade de Direito, Ciências Sociais, Letras e carreiras afins); exatas (para quem pretendesse cursar Engenharia e carreiras afins); e biomédicas, (para quem se direcionasse para Medicina e assemelhadas). O nível de exigência, por matéria, ficava a depender da opção do candidato. Por exemplo: exigia-se muito mais conhecimento de Português de quem optara por “humanas”, do que de quem optara por “exatas”, inexistindo matemática, física, química e biologia, para quem fosse para a área de humanas. Essa sistemática – ainda utilizada nos Estados Unidos – permite que o candidato se aprofunde nas matérias, voltadas para seu interesse específico. Por que e para que advogado precisa saber sobre “equação, com números irracionais”? E para que o médico ou engenheiro precisa saber sobre as características do realismo português ou as 13 funções da palavra “que”? O vestibular de hoje é um acumular de conhecimento inútil e transitório, a merecer urgente reformulação ou, então, desaparecer de vez, utilizando-se outros critérios para aferir a capacitação necessária ao ingresso, em uma Faculdade. E assim deve ser porque quanto mais conhecimento especifico o estudante reunir, melhor será seu rendimento no curso superior e, via de conseqüência, maior sua habilitação para ingressar no mercado de trabalho. Conhecimento genérico, em tempos cibernéticos, basta acessar o “Google” para adquiri-los.

  

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

O Inútil Debate

Liga-me um amigo “correligionário”, perguntando o que achei do debate. Jogo de 0 x 0, com muitas caneladas, respondo eu. Com efeito, a palavra “mentira” e seu derivado adjetivo “mentiroso (a)” foram usados, pelo menos, 50 vezes. A Presidente, como é de seu hábito, citou dados e números, sacados ao acaso e sem qualquer consistência. É de se lamentar que os candidatos não tenham usado melhor o tempo, apresentando propostas concretas que possibilitassem ao Brasil deixar de ser o “País do futuro”, posição que ocupa desde quando eu esfregava o trazeiro nos bancos escolares. E esse debate, vazio de idéias e repleto de agressões mútuas, decorreu do fato de a assessoria da Presidente ter vetado participação de jornalistas, formulando perguntas aos candidatos. Ficou na base do “eu acuso” e duvido que metade dos telespectadores não tenha mudado de canal ou ido dormir. A presença de inquisidores é fundamental para, não só dar dinâmica ao debate, mas também para instar os candidatos a exporem seus projetos e seus pontos de vista, sobre temas controvertidos. Como “quem tem, tem medo”, o PT excluiu os jornalistas “perguntadores”, daí resultando um “vamos ver quem é pior”, o que, como conseqüência, resultou em um frustrante empate sem gol.

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Pelo “dia do professor
Impossível não dizer alguma coisa sobre o “Dia do Professor”, que se comemora hoje, até porque, em priscas eras, por quase uma década, fui um deles. Sempre julguei interessante essa abismal diferença entre o respeito, que se tem pelo titulo “professor” e a contra-partida financeira oferecida, de vulgar expressão. Apresentar-se como “professor”, envolve a pessoa numa “aura”, tratando-a como ser superior, mas, na hora de remunerá-lo, ele é tratado como representante subalterno da sociedade, raciocínio válido, tanto para quem leciona em escola pública, quanto em escola particular. Lembro-me de que, trabalhando em estabelecimento de ensino, voltado para a classe média, dava 100 (cem) aulas por mês e o salário mal permitia pagar a faculdade e o aluguel. Sempre ouvi – e continuo ouvindo, nos debates dos presidenciáveis – que a educação é fundamental, para o desenvolvimento do País. É claro que é, mas, além de informatizar a sala de aula, é imprescindível pagar salário decente ao professor que, por mais surpreendente que possa ser, precisa comer, vestir, morar e até se divertir. Tempos atrás, mas não tão distante assim, fui convidado a lecionar em uma dessas Faculdades de Direito, que pululam pela “grande São Paulo”. Achei que seria interessante aprender a conviver com os jovens, transmitindo-lhes o meu saber pouco e minha experiência muita. Todavia, ao ser informado da remuneração, contrastada com a responsabilidade, “arrepiei carreira”. A produção cientifica, no Brasil é pífia e nossas escolas perdem, de goleada, para escolas, até de países mais pobres. É absolutamente normal o estudante concluir o primeiro grau, sem ser capaz de escrever um “ditado” de poucas linhas, sem cometer incontáveis erros. Cobra-se mais empenho dos professores, mais atualização, discutem-se novas metodologias de ensino, mas a remuneração justa, por trabalho tão relevante, nunca é considerado.

De qualquer maneira, lembro a data e reverencio três professores, os quais, em diferentes etapas, foram essenciais a minha formação intelectual: Rui Campos, professor de Português, no curso ginasial; Candido de Oliveira, professor de Literatura, no curso clássico e Washington de Barros Monteiro, professor de Direito Civil, na faculdade de Direito. A eles, minha eterna gratidão e minhas preces e, através deles reverencio todos os professores do Brasil.   

terça-feira, 14 de outubro de 2014

Prezado Saul: não quis ser mordaz nem irônico quando falei que você está na direita. Você usa um artifício dos que habitam esse castelo em ruínas, a direita, quando afirma que ela e a esquerda acabaram. Isso é só para encobrir o que os governos da sua troupe fizeram do mundo, incluindo o Hitler que você tanto elogiava e agora condena. O que acho mais grave: por minha própria convicção e até do meu líder maior (Lula, para seu horror) não sou de esquerda, apenas tenho uma visão social diferenciada da sua. Tenho profundo horror ao comunismo leninista ou stalinista, que tantos assassinatos perpetraram ao longo do século. Você, por mais que isso me doa dizer, afirma que não existe esquerda ou direita, mas conserva um pensamento direitista e flutuante: foi para Marina quando ela teve a bolha que se desmanchou e, mesmo tendo afirmado não gostar de Aécio, está com ele não por programas do candidato, mas pelo ódio ao PT. Essa é uma prática da velha direita senhorial, a mesma que torturou e matou no pós-64 e que você tanto admira. Não vou responder às questões de Dilma pelos absurdos nque elas são propostas e por saber q
Saul: disparei acidentalmente, sem terminar, a mensagem. Segue o restante:
Não vou responder as questões de Dilma, por entender que elas são absurdas e que você odeia a presidente pelo que chama de terrorismo dela. Claro, jamais você vai sequer admitir o terrorismo de estado que vitimou tantos jovens, estado que derrubou pela força um governo eleito pelas urnas, sob a desculpa, depois desmentida, de que o Brasil cairia nas mãos dos comunistas. Veja bem: na questão israelense, nossas opiniões convergem e como você afirma, não por anti-semitismo. Entendo que Israel pratica hoje as mesmas crueldades dos nazistas. Quanto ao seu Aécio e a minha Dilma, espero explicações sobre as mesmas corrupções que vocês assacam à presidente e que em Minas foram praticadas, desde o mensalão mineiro, que aconteceu antes do mensalão do PT: abomino os dois e para eles quero explicações. O do PT já foi punido, pois com Lula e Dilma a sujeira jamais foi para debaixo do tapete, como nos belos tempos de FHC e do engavetador geram da república, sem falar de Paulo Preto e outros que tais. Quanto a Maluf e Collor, o que obriga o governo a apoiá-los é o cruel sistema republicano de política, que atrela o presidente aos partidos e aos políticos de qualquer qualidade. Vou encerrar dizendo: não me envergonharia de ser de esquerda, mas nunca fui. A referência à papai foi até covardia, pois não tive convívio político com ele, que se foi quando eu ainda não completara 14 anos: ele morreu em 9 de março e meu aniversário, tristíssimo aniversário, foi em 12 de março.
Saudações afetuosas e, ganhe quem ganhar, sou seu maior admirador. Ramiro

Resposta a um irmão (petista) indignado
Ramiro,
Como sou democrata e procuro, na medida do possível, ser intimo da verdade, publico sua carta, onde você dispara sua metralhadora contra mim, até me chamando de nazista, pode? Acho que você está levando longe demais esta nossa porfia, até porque, “a virtude está no meio”, coisa que o petismo desconhece. O que “os governos de minha troupe” trouxeram para o mundo foi o desenvolvimento científico, tecnológico, social e, principalmente o primado da liberdade. Afinal, não foram os Estados Unidos que salvaram o mundo do avanço de Hitler? Você, como porta voz empedernido do PT, coloca em duvida a delação premiada de Paulo Roberto e do doleiro Youssef, quando, na verdade, disseram eles o que todo mundo já sabia: que a Petrobrás foi utilizada como canal de escape da grana que custeou a campanha da Dilma. Não vou voltar a falar da Refinaria de Pasadena, apenas estranho que tudo tenha acontecido debaixo dos olhos dela e ela não tenha sabido de nada. Ou era conivente ou muito ruim de gestão. Apenas lhe pedi que me explicasse o que entende por direita e esquerda e você sai a atacar o PSDB e Aécio, como se eu tivesse alguma coisa com isto. Já lhe disse: não sou o aliado do partido de FHC e, quanto ao Aécio, surge ele como única alternativa para liquidarmos com o seu PT. Desconheço os méritos pessoais dele, mas sei ser ele capaz de montar uma boa e honesta equipe, ao contrario de seu povo. Conheci, com alguma intimidade, o Anastásia, à época em que era ele Secretário Executivo do Ministro do Trabalho, Francisco Dorneles. Pessoa absurdamente séria e competente, méritos que o levaram ao governo de nosso Estado e que, sem duvida, será um dos ancoras do governo Aécio. Então seu “líder maior” é o Lula? Puxa vida, que decepção contemplar pessoa tão inteligente, tão culta, tão firme em suas ações, ter líder tão medíocre. Mas, pensando bem, vocês não tem ninguém muito melhor. Pois meu mentor político, nascido no passado, mas vivo no presente, chama-se Carlos Lacerda, o maior, mais competente, mais integro político, que este pobre País conheceu. Agora, para terminar, quero cumprimentá-lo pela vitoria de seu “companheiro“, Evo Morales, eleito, pela terceira vez, com  o patrocínio do cartel da cocaína, Presidente da Bolívia. Antes, apenas por cautela, subjugou o Poder Judiciário daquele País que, estuprando a Constituição, permitiu-lhe concorrer a um terceiro mandato. Nenhuma novidade, porque o Chávez fez a mesma coisa. Depois, tratou de prender ou expulsar da Bolívia seus mais temíveis adversários. Dª Dilma deve andar triste, porque Morales dedicou a vitoria a Chávez e a Fidel e se esqueceu dela e de seu querido Lula, ambos a abastecerem o cofre do boliviano. Quanto a nosso pai, a referencia que fiz, foi pelo fato de ter sido ele um dos “caciques” locais do velho PSD e amigo pessoal do Benedito Valadares. Também era eu muito jovem (pode crer, já o fui) e me lembro daquele político se hospedando na casa ao lado, do “Tenente” e nosso pai ia a  reuniões com ele. Já morando em São Paulo, entusiasta pelo Jânio, de férias, fui participar de um programa na “Rádio Teófilo Otoni”, fazendo pregação janista, levado que fui pelas mãos de Pedro de Paula Otoni, Presidente da UDN local. Quando cheguei em casa, ainda entusiasmado, nosso pai me esperava com minha passagem de volta na mãos, que, se eu quisesse fazer propaganda para a UDN, que voltasse para São Paulo. Não tive o privilegio de conviver, intimamente, com ele, como você e imaginei que você tivesse bebido, com intensidade, na sabedoria tancredista dele.
Qualquer que seja o eleito (e já tenho certeza da vitoria do Aécio), convido-o para reafirmarmos nossa amizade, ao pé de uma cerveja gelada, aqui ou aí.
Sempre, fraternalmente,
Saul
Em tempo: só para contrariá-lo, retransmito-lhe artigo de importante historiador contemporâneo, que me foi enviado por outro “direitista de minha troupe”. Se você quiser conhecê-lo (o historiador, não o “direitista”), ligue, toda segunda feira, no “Jornal da Cultura”.
PUBLICADO NO JORNAL O GLOBO 
MARCO ANTONIO VILLA
Estamos vivendo um momento histórico. A eleição presidencial de 2014 decidirá a sorte do Brasil por 12 anos. Como é sabido, o projeto petista é se perpetuar no poder. Segundo imaginam os marginais do poder — feliz expressão cunhada pelo ministro Celso de Mello quando do julgamento do mensalão —, a vitória de Dilma Rousseff abrirá caminho para que Lula volte em 2018 e, claro, com a perspectiva de permanecer por mais 8 anos no poder. Em um eventual segundo governo Dilma, o presidente de fato será Lula. Esperto como é, o nosso Pedro Malasartes da política vai preparar o terreno para voltar, como um Dom Sebastião do século XXI, mesmo que parecendo mais um personagem de samba-enredo ao estilo daquele imortalizado por Sérgio Porto.
Diferentemente de 2006 e 2010, o PT está fragilizado. Dilma é a candidata que segue para tentar a reeleição com a menor votação obtida no primeiro turno desde a eleição de 1994. Seu criador foi derrotado fragorosamente em São Paulo, principal colégio eleitoral do país. Imaginou que elegeria mais um poste. Não só o eleitorado disse não como não reelegeu o performático e inepto senador Eduardo Suplicy, e a bancada petista perdeu oito deputados na Assembleia Legislativa e seis na Câmara dos Deputados.
A resistência e a recuperação de Aécio Neves foram épicas. Em certo momento da campanha, parecia que o jogo eleitoral estava decidido. Marina Silva tinha disparado e venceria — segundo as malfadadas pesquisas. Ele manteve a calma até quando um dos seus coordenadores de campanha estava querendo saltar para o barco da ex-senadora. E, neste instante, a ação das lideranças paulistas do PSDB foi decisiva. Geraldo Alckmin poderia ter lavado as mãos e fritado Aécio. Mas não o fez, assim como José Serra, o senador mais votado do país com 11 milhões de votos. Foi em São Paulo que começou a reação democrática que o levou ao segundo turno com uma vitória consagradora no estado onde nasceu o PT.
Esta campanha eleitoral tem desafiado os analistas. As interpretações tradicionais foram desmoralizadas. A determinação econômica — tal qual como no marxismo — acabou não se sustentando. É recorrente a referência à campanha americana de 1992 de Bill Clinton e a expressão “é a economia, estúpido”. Com a economia crescendo próximo a zero, como explicar que Dilma liderou a votação no primeiro turno? Se as alianças regionais são indispensáveis, como explicar a votação de Marina? E o tal efeito bumerangue quando um candidato ataca o outro e acaba caindo nas intenções de voto? Como explicar que Dilma caluniou Marina durante três semanas, destruiu a adversária e obteve um crescimento nas pesquisas?
Se Lula é o réu oculto do mensalão, o que dizer do doleiro petista Alberto Youssef? Imagine o leitor quando o depoimento — já aceito pela Justiça Federal — for divulgado ou vazar? De acordo com o ministro Teori Zavascki, o envolvimento de altas figuras da República faz com que o processo tenha de ir para o STF. E, basta lembrar, segundo o doleiro, que só ele lavou R$ 1 bilhão de corrupção da Refinaria Abreu e Lima. Basta supor o que foi desviado da Petrobras, de outras empresas e bancos estatais e dos ministérios para entender o significado dos 12 anos de petismo no poder. É o maior saque de recursos públicos da História do Brasil.
Nesta conjuntura, Aécio tem de estar preparado para um enorme bombardeio de calúnias que irá receber. Marina Silva aprendeu na prática o que é o PT. Em uma quinzena foi alvo de um volume nunca visto de mentiras numa campanha presidencial que acabou destruindo a sua candidatura. Não soube responder porque, apesar de ter saído do PT, o PT ainda não tinha saído dela. Ingenuamente, imaginou que tudo aquilo poderia ser resolvido biblicamente, simplesmente virando a face para outra agressão. Constatou que o PT tem como princípio destruir reputações. E ela foi mais uma vítima desta terrível máquina.
O arsenal petista de dossiês contra Aécio já está pronto. Os aloprados não têm princípios, simplesmente cumprem ordens. Sabem que não sobrevivem longe da máquina de Estado. Contarão com o apoio entusiástico de artistas, intelectuais e jornalistas. Todos eles fracassados e que imputam sua insignificância a uma conspiração das elites. E são milhares espalhados por todo o Brasil.
Teremos o mais violento segundo turno de uma eleição presidencial. O que Marina sofreu, Aécio sofrerá em dobro. Basta sinalizar que ameaça o projeto criminoso de poder do petismo. O senador tucano vai encontrar pelo caminho várias armadilhas. A maior delas é no campo econômico. O governo do PT gestou uma grave crise. Dilma foi a terceira pior presidente da história do Brasil republicano em termos de crescimento econômico. Só perdeu para Floriano Peixoto — que teve no seu triênio presidencial duas guerras civis — e Fernando Collor — que recebeu a verdadeira herança maldita: uma inflação anual de quatro dígitos. O PT deve imputar a Aécio uma agenda econômica impopular que enfrente radicalmente as mazelas criadas pelo petismo. Daí a necessidade imperiosa de o candidato oposicionista deixar claro — muito claro — que quem fala sobre como será o seu governo é ele — somente ele.
Aécio Neves tem todas as condições para vencer a eleição mais difícil da nossa história. Se Tancredo Neves foi o instrumento para que o Brasil se livrasse de 21 anos de arbítrio, o neto poderá ser aquele que livrará o país do projeto criminoso de poder representado pelo PT. E poderemos, finalmente, virar esta triste página da nossa história.

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Uma história (verdadeira) de superação
Ao lado do prédio, onde funciona meu escritório, localiza-se uma “clinica de massagem”, eufemismo que se usa para... vocês sabem o quê. O manobrista, acima de tudo, é perfeito relações públicas: oferece balas às crianças, que passam acompanhadas de sua mães; ajuda os velhos a atravessarem a avenida, carregando-lhes suas compras. Ficamos amigos. Um dia, precisou ele de meus serviços – regularização de documentos – e eu o atendi, graciosamente, tantas as gentilezas que ele me faz, estacionando o carro de meus clientes. De outra feita, pediu-me para atender parente da recepcionista do “estabelecimento”. Essas coisas de casamento mal terminado. Resolvido o problema, fui presenteado com um litro de uísque, apreciador do liquido que sou. Algum tempo depois, perguntou-me ele, meio constrangido, se eu atenderia uma das “massagistas” da casa. Dia e hora marcados, recebo – chamêmo-la por nome fantasia – Milena. Loura, olhos claros, nem alta, nem baixa. Como ainda não estava “produzida” para a jornada, que começaria logo mais, não pude avaliar se era ou não bonita. Parêntesis para informar que a casa começa a funcionar às 02 da tarde e vai até às 10 da noite, mas o movimento atinge seu ápice ao cair da tarde, quando carros de alto luxo inundam o estacionamento. A freqüência é essencialmente de “orientais”. (Uso esse termo, porque jamais consegui fazer a distinção entre japonês, coreano e chinês). Mas, voltemos a Milena. Não tinha nenhuma questão jurídica, a resolver. Primeiro, falou um pouco de sua vida. Era do interior, onde deixara uma filha, fruto de aventura, ou melhor, desventura amorosa e viera tentar a vida, em São Paulo. A mesma história de sempre: sem qualquer qualificação profissional, só sub-emprego, cujo salário não dava para se manter e ainda ajudar na mantença da filha. Daí a se transformar em “garota de programa” foi um pulo. Tinha 19 anos então, mas a cabeça boa, sabia que aquela vida não poderia ser para sempre. Fez vestibular e, sem muito esforço, formou-se em Direito. Como tinha razoável poupança, deu um tempo em sua atividade e foi trabalhar em escritório de advocacia. Salário pouco, mas ganhou alguma experiência. De quando em vez, ainda fazia algum “programa”, para reforçar o caixa, cuja poupança se esvaía. Dois anos depois, concluiu que a advocacia não lhe traria grande futuro, as despesas da filha crescendo e muito mais a vontade de tê-la junto a si. Resolveu, então, fazer concurso para carreira jurídica (que, por óbvio, não vou dizer qual). Largou o escritório e arranjou emprego, aqui ao lado: garantia a renda, de que necessitava e lhe sobrava tempo – o período da manhã – para se preparar para o tal concurso. Estudava todos os dias, das 06 às 11 horas, mas sentia que andava em circulo, o estudo não rendia, por isso queria conversar comigo, até porque o advogado, com quem trabalhara, desconhecia essa sua outra, digamos, atividade. Sugeri-lhe que fizesse um cursinho e até indiquei um, além de uma forma mais organizada de estudar: não mais que dois livros, por assunto e relacionei alguns. “Milena” se foi e eu me esqueci do assunto. Essa conversa foi no começo do ano. Sexta feira, saio do escritório e sou abordado pelo amigo, manobrista do estabelecimento. Entrega-me um pacote, embrulhado para presente. Abro-o: um uísque de muitos anos, com um cartão: “Obrigada por seus conselhos. Passei, tomo posse na próxima semana, abraços, Milena.” Pensei comigo: será excelente profissional, porque, além de determinada, conheceu, nas agruras da vida, a miserável condição humana. E, sem saber porque, adaptei o cancioneiro popular: “qualquer dia, qualquer hora, a gente se vê, Milena, seja onde for.” E, nesse dia, eu, com toda a reverencia e, provavelmente, com emoção, a chamarei de “Excelência.


sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Ramiro,
Você, irado, rotula-me, com ironia mordaz, de “ser de direita”, rotulação anacrônica, bem ao estilo do PT, pois a dicotomia esquerda / direita se esvaiu com a derrubada do muro de Berlim, em 1989. O mundo andou e vocês, petistas, tão absorvidos com a auto-missão de salvar o País, não perceberam. Você ter se tornado petista, já é aberração, filho de quem é, com a educação que teve. Vá lá, que um pouco de excentricidade até tem um certo charme, mas falar de esquerda / direita, nos dias atuais, é destampar o sarcófago. De direita, eu? Sou apenas modesto advogado que, tantos fevereiros decorridos, ainda trabalha para pagar as contas, que vai à missa aos domingos (porque, sem a proteção do Cristo crucificado, fica impossível seguir em frente), que repudia qualquer tipo de discriminação, que apesar de trabalhar desde os 14 anos e ter ocupado alguns relevantes cargos público, tem o modesto patrimônio que você conhece. Sou a favor da Palestina contra Israel, não por anti-semitismo, mas porque entendo que Israel desenvolve a mesma política expansionista, desenvolvida por Hitler e que deu no que deu. Acho Cuba, Venezuela, Bolívia, diletos amigos do PT, o lixo do lixo. Onde fica a “direita” em tudo isso? A França, a outrora “mãe espiritual do mundo latino”, como dizia Almeida Garrett, elegeu um presidente, dito de esquerda, que desfruta do mais baixo índice de popularidade da historia daquele País. O que é ser de esquerda? É ser a favor da demarcação das terras indígenas, tiradas de agricultores pobres e entregá-las a um bando de vagabundos, que as arrendam para garimpos clandestinos? Dilma é de esquerda? Então como você a explica, aos beijos e abraços com Maluf e Collor? Ou serão esses também de esquerda? Lula que, mesmo sem trabalhar, desde os anos 80, mas, mesmo assim, construiu vasto patrimônio, é de esquerda? O PT, o seu PT, que lutou para inviabilizar o plano real, que está envolvido em todos os escândalos dos últimos 12 anos, é de esquerda? Maduro, este imbecil que está destruindo o País mais rico do continente, é de esquerda? Essa Cristina, que sufoca a liberdade de imprensa, na Argentina, é de esquerda? O relógio informa que são quase 08 horas da noite e o direitista que vos fala, que aqui chegou às 08 da matina, que não teve tempo para almoçar, lê, na internet, que os Estados Unidos, eles, os usurpadores, monopolizam o seu “Centro de Prevenção de Doenças” para impedir que o ebola se transforme em uma nova AIDS. Os Estados Unidos, eles, os usurpadores, vêem seus filhos morrerem, mundo afora, em nome dessa coisa etérea, chamada liberdade, enquanto Dilma, a sua Dilma, de sua esquerda, prega o dialogo com os psicopatas do Estado Islâmico. Quem está certo?
Vou para casa, brincar com meus cachorros – agora, são oito. Mas encerro, queridíssimo, suplicando-lhe que me explique, didaticamente, como se eu ainda estivesse no “Grupo Escolar Teófilo Otoni”, submisso aos beliscões de Dª Lúcia ou às reguadas de Dª Piedade, explique-me o que é ser  “de direita” e de “esquerda”.

Creia-me, acima das divergências ideológicas, seu amigo e admirador.

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Pérolas do dia
1-    A “REDE” de Marina, como não poderia deixar de ser, manifestou seu apoio a Aécio. Marina rouca, provavelmente de tanto ouvir, manteve-se em silencio e promete falar hoje. Por questão de coerência, também deve apoiar Aécio, já que defende mudanças e foi, inescrupulosamente, atacada por Dilma, no primeiro turno.
2-    Paulo Roberto, o ex-Diretor da Petrobrás, depondo em juízo, confirmou que o esquema de corrupção, que sangrou em bilhões os cofres da Empresa, financiou, em 2010 (e, com certeza, em 2014) a campanha do PT e dos partidos da base aliada à Presidente Dilma, que, seguindo o manual, vai declarar que de nada sabia. Se vivêssemos em um País, minimamente civilizado, tal revelação seria motivo suficiente para se decretar o impedimento da Presidente. Quem será o “político que liderava o esquema?” Para azedar a vida de Dª Dilma, a Policia Federal apreendeu 116 mil reais e vários petistas, em um jatinho. Segundo a noticia, a grana estava de posse de um empresário que teria pago o aluguel de uma casa, em Brasília, onde funcionou um núcleo da campanha da Presidente Dilma que, é claro, de nada sabia. Os petistas, carregando o dinheiro, são ligados a Fernando Pimentel, governador eleito de Minas, e o jatinho fazia o percurso Belo Horizonte – Brasília. Interessante não?
3-    Não constitui nenhuma novidade, mas todas as vezes que emerge um escândalo, como este da Petrobras, há sempre uma grande Construtora, em especial, a “Camargo Correa” envolvida. Infelizmente, assim se formam as grandes fortunas.

4-    O Ministério da Saúde tem a obrigação de, com todas as letras, esclarecer a população sobre os reais riscos de o ebola chegar ao Brasil, quais os procedimentos preventivos que estão sendo tomados e como a doença pode ser enfrentada. Urge uma campanha contundente sobre o tema, já que a doença, em 90% dos casos, é fatal. 

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Carta a Aécio Neves

Aécio, mineiramente, você declarou, em sua primeira fala, após a eleição de domingo, que, para o bem da democracia, “espera uma campanha limpa, com predominância de programas de governo”. Ledo e duplo equivoco, meu caro conterrâneo. Primeiro, não estamos em uma democracia, pois, se estivéssemos, não teríamos uma Presidente, candidata à reeleição, usando, de modo deslavado, a maquina governamental. Se fossemos uma democracia, a Presidente teria saído do cargo, com antecedência e feito a campanha como você e a Marina a fizeram. Em segundo lugar, “campanha limpa” é expressão que o petismo desconhece. Se trucidaram Marina, que já foi “companheira”, imagine o que vão fazer com você. Esperamos – nós, seus eleitores – que você mostre ao País o que o petismo nos fez: a decadência econômica e moral, que nos diminui, no cenário internacional e massacra principalmente os mais pobres. Compare seu índice de aprovação, quando deixou o governo de Minas com o de sua adversária. Lembre que o PT votou contra o plano real, executado no governo FHC e que viabilizou o Brasil. Relacione os principais assessores de FHC, técnicos de prestigio internacional com os “lideres do PT”, uns na “Papuda”, outros a caminho da. Enfim, Aécio, prepare-se para o jogo sujo, para a tática de guerrilha moral, feita de mentiras, que será usada contra você. Nós, os que chegamos ao fim da jornada, nossos filhos, que estão no meio do caminho e nossos netos, que começam a descobrir a vida, todos precisamos de você, porque você – veja que responsabilidade – tornou-se a possibilidade real de o Brasil reencontrar o caminho perdido, afastando esses assaltantes de beira de estrada. Empresto-lhe a lição de Cristo aos Reis e Governantes da época: “volta teu olhar para o teu povo, que vive na estrada do desprezo e da insignificância.

terça-feira, 7 de outubro de 2014

E as urnas falaram

São Paulo amanheceu esplendida, nesta segunda feira de primavera. Brisa suave traz lembranças de um inverno, que não houve. O ypê roxo, bem debaixo de minha janela, enfeita a avenida. No rosto das pessoas noto ar de alivio, como quem se livra de noticia ruim. O que teria acontecido, afastando a nuvem cinzenta que, até ontem, amargurava os habitantes da cidade? Primeira ligação do dia, um querido amigo: -“e aí, gostou do resultado das eleições?” E passa a me contar que, apesar dos ibopes da vida, Aécio chegou, com folga, no segundo lugar e Dilma bem abaixo do previsto. Corro à internet e constato que, à exceção de Minas e Bahia, o PT, apesar dos ibopes da vida, levou uma “tunda” e que a migração dos eleitores de Marina para Aécio está a indicar que grande é a possibilidade de nos livrarmos de Dilma e seu bando de delinqüentes. É claro que teremos uma campanha acirrada, com o PT jogando sujo, como é seu hábito. Mas ninguém pode transformar tantas mentiras em verdades. É mentira que o desemprego diminuiu. É mentira que a inflação não se faz presente. É mentira que contamos com a confiança dos investidores estrangeiros. É mentira que melhorou a qualidade do ensino e da saúde públicos. As obras do PAC não saíram do papel. A verdade, que emana das urnas, é que o brasileiro quer mudanças, econômicas, sociais e éticas. E São Paulo deu o exemplo: o candidato petista amargou um terceiro lugar e Dilma teve a metade dos votos de Aécio. Lição para aprender: as mentiras não suportam ser confrontadas com a verdade.   

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Eleições
Constato que hoje é 03 de outubro, data em que, noutros tempos, realizavam-se as eleições. Uma só, para todos os cargos, de vereador a presidente da República. Minha memória devolve-me à infância ou pré-adolescência, tão distantes que as confundo. Mas, o certo é que, ainda longínquas as urnas eletrônicas, os votos eram impressos em cédulas, com os nomes dos candidatos escolhidos, as quais eram inseridas em um envelope, enfiado, depois, em urnas de madeira. A contagem levava semanas, até a proclamação do resultado. A cena paterna, que precedia a hora da votação, era severa demonstração de “democracia”: meu pai, um dos caciques locais do velho PSD, entregava, aos filhos votantes, envelopes fechados já contendo os nomes dos candidatos, previamente escolhidos por ele. Duvido que alguém tenha tido a ousadia de quebrar-lhe a confiança, se bem que, de um canto da memória remota vejo uma irmã chorando, enquanto meu pai soltava fogos de artifício, comemorando a vitoria de Dutra sobre o Brigadeiro Eduardo Gomes. Se houve traição, era justificável: Dutra era baixinho, absurdamente feio e, ainda por cima, fanho. O Brigadeiro era solteiro e fazia o gênero galã de Hollywood, apesar de a oposição ter espalhado o boato que sua solteirice se devia ter perdido os “bagos”, na Revolta dos Tenentes.
Hoje, novos tempos, ouso apenas, superficialmente, perguntar em quem meus filhos vão votar. Nossos candidatos são diferentes e, quando há coincidência, os motivos são dispares: eu, por convicção, vou de Aécio; eles, tapando o nariz, mas com o único objetivo de nos livrar do PT, vão de Marina. Quanto a meus irmãos, desconheço-lhes a preferência, a não ser de um, lá do sul da Bahia, petista até a raiz do cabelo e que me acena com o exílio, caso Dilma ganhe.
Quanto à urna eletrônica, olho para ela, com dinossaurica desconfiança. Fico a me perguntar porque países tão mais evoluídos tecnicamente do que o Brasil, ainda se utilizam do método tradicional, como aconteceu, no mês passado, na Escócia. Noticiou-se que especialista norte-americano aqui esteve para conhecer o funcionamento de nossa maquininha. Olhou, mexeu, torceu o nariz e foi embora, julgando-a pouco confiável. E nossos “irmãos do norte” continuam votando pelo método tradicional. Em passado, não muito remoto, tentaram “garfar” uma eleição do Brizola. Como a engenhoca ainda era incipiente, descobriu-se a fraude e a vontade popular prevaleceu. E hoje, aperfeiçoado, para o bem e para o mal, o sistema, seria inviável a uma fraude imperceptível? Sei não, mas para quem quase quebra a Petrobras, desviando bilhões, só descobertos às custas de delação premiada, para esses tudo me parece possível.
Consola-me saber que “se Deus é por nós, quem será contra nós.”?

Arrepiado, escuto, como resposta, um grito monstruoso: “o PT

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Os Santos do Mês de Outubro
Para quem comunga a fé cristã, o mês de outubro, que hoje se inaugura, marca a passagem, pela terra, de homens e mulheres, tão envoltos no amor ao próximo que foram elevados à categoria de santos. Alguns, abdicaram de suas riquezas materiais, de seus privilégios e optaram por seguir na barca de Jesus. Hoje, 1º, reverenciamos Santa Terezinha do Menino Jesus, nascida na França, onde faleceu com menos de 25 anos, vitima de tuberculose pulmonar. Mesmo gravemente enferma, não cessou seu trabalho a favor dos mais humildes, o que chamava “jogar a Jesus flores de pequenos sacrifícios”. No próximo dia 04, reverenciaremos a memória de São Francisco de Assis, verdadeiro arauto da perfeição evangélica, morto aos 44 anos de idade. De família abastada, aos 24 anos despojou-se de todos os seus bens, inclusive da roupa do corpo, passando a levar vida de absoluta pobreza e humildade, dividindo-se a servir aos doentes e pobres. Em 1939, o Papa Pio XII reconheceu-o, oficialmente, como “o mais italiano dos santos e o mais santo dos italianos”, passando a ser o padroeiro principal da Itália.
No dia 12 de outubro comemoraremos o dia da “Padroeira do Brasil”, Nossa Senhora Aparecida, cuja estátua, sem a cabeça, foi encontrada na rede de pescadores. Conta a história que, após encontrar a estátua, as redes, até então vazias, passaram a vir repletas de peixe.
As grandes efemérides religiosas do mês de outubro, encerram-se, no dia 28, com São Judas Tadeu, considerado o santo das causas impossíveis e cuja devoção leva milhares de pessoas a reverenciá-lo, em seu santuário, localizado ao final da Avenida Jabaquara.
Por último, mas não sem igual grandeza, no dia 15, reverenciamos Santa Tereza de Ávila, primeira doutora da Igreja; no dia 18, reverenciamos São Lucas, patrono dos médicos, ele que era um deles, autor do 3º Evangelho e dos “Atos dos Apóstolos”.  
Outubro é, pois, mês de abdicarmos, mesmo por breves momentos, de nossas necessidades e conquistas materiais e, mirando no exemplo desses homens, tornados santos por suas ações concretas, voltarmos nossos olhos para os desafortunados, por quem passamos, todos os dias e em todos os lugares, mas que nosso egoísmo não nos permite enxergar.