Quem vai espremer Marina Silva?
Passada a comoção da brutal morte de Eduardo Campos, a
disputa presidencial volta à cena, agora com Marina Silva, entre os
protagonistas. Confirmando o que eu escrevera dias atrás – até porque era o
óbvio – a pesquisa DATAFOLHA concluiu pela realização de segundo turno e empate
técnico entre Aécio e Marina. E mais: se essa for para o segundo turno com
Dilma, vence com relativa folga. Passei o fim de semana ouvindo diversos “especialistas”, debatendo o “novo” quadro sucessório, em todas as
suas nuances. Apenas não ouvi qualquer referencia à plataforma política de
Marina. Seria, no mínimo, ingenuidade imaginar que ela vai seguir, “im totum”, o ideário de Eduardo Campos.
Ela tem personalidade forte e chega a ser “xiita”
em alguns pontos e não foi por outra razão que rompeu com o PT, não aceitou
alianças com o PMDB, por considerá-lo fisiologista demais e pretendeu ter ser
próprio partido, um, digamos, “PV”
extremado. Marina eleita, esqueçam, por exemplo, a transposição do rio São
Francisco e o agronegócio, responsável pelo mínimo do desenvolvimento do País,
viverá tempos adversos. Marina, como evangélica convicta, repudia o aborto e a
união homoafetiva, dentre outros temas polêmicos. Parece ser consenso que será
ela poupada, com Dilma atirando em Aécio e vice versa, o que, a meu
modestíssimo juízo, além de recíproco tiro no pé, é incomensurável desserviço
ao País. “Tiro no pé”, porque será
entregar a presidência, de bandeja, para Marina. E desserviço ao País, porque
todos precisamos saber, com clareza, as suas propostas, inclusive seus pontos
vulneráveis. Como já disse, linhas atrás, Marina e Eduardo Campos não se
fundem, nem se confundem, no plano ideológico. Eduardo, apesar de jovem, tinha
larga experiência política, inclusive como Governador de um dos mais
importantes Estados da Federação. Para usar linguagem anacrônica, era ele homem
de centro, adepto do pragmatismo para se governar. Marina, repito, tanto como
Senadora, quanto como Ministra de Lula, foi xiita, o que nos permite situá-la,
a depender do tema, na extrema direita ou na extrema esquerda. Sem medo de
atingir a memória – ia dizendo fantasma – de Eduardo Campos, Marina precisa ser
espremida, até a última gota, para se constatar se seu “sumo” será útil ao Brasil. Fico a imaginar o que será de nós, se
amanhã chegarmos ao desvario de sentir saudades de Dilma e do PT.
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