A Via-Sacra, do latim “Via
Crucis”, que significa caminho da cruz, é o trajeto seguido por Jesus
Cristo, carregando sua pesada cruz, desde o Pretório (tribunal) de Poncio
Pilatos até o Monte Calvário (ou gólgota, “lugar
do crânio”, em hebraico), em Jerusalém. Tal exercício, comum em tempo de
quaresma, teve origem na época das Cruzadas (séculos XI a XIII). O número de “estações”, (passos ou etapas dessa
caminhada nas quais se faz uma parada para meditar e rezar) foi sendo definido, paulatinamente, chegando a
quatorze estações no século XVI, a que se acrescentou uma 15ª, alusiva à
ressurreição de Cristo. Tenho, para mim, que o tríduo pascal constitui o
momento maior do Cristianismo. Na “Ceia
do Senhor”, que culmina com a cerimônia do “lavapés”, Cristo nos dá, não só lição de humildade, mas mostrou que
o valor do ser humano está no ato de servir. Para mim, o momento maior da
semana, que comove às lágrimas, é a procissão do Senhor Morto. O canto-lamento
de Verônica é a dor incomensurável de
Maria, que assiste ao sofrimento e morte de seu Filho. Impossível não voltar os
olhos para as mães, que, cotidianamente, perdem seus filhos, vitimados por
balas perdidas ou em conflitos com organizações criminosas. Somente este ano,
entrando em seu quarto mês, 20 jovens
policiais tombaram em confronto com marginais. Também para as mães deles,
Verônica cantará seu lamento. Domingo marca a ressurreição de Cristo, a vida
vencendo a morte, o amor vencendo o ódio.
A semana santa é tempo de reflexão. Certa feita, Jesus
perguntou a seus discípulos: “quem disse
que eu sou?” Tentemos, nesta quadra, responder a essa complexa pergunta, porque,
se acreditamos Nele, não podemos dar as costas a nosso semelhante, vitimado
pelas vicissitudes. Não podemos pregar o sectarismo e seu filho mais torpe, os
conflitos armados. Jesus foi amor. O que estamos fazendo com esse legado? Jesus
serviu, sempre, até na última ceia. A quem temos servido, sem esperar nada em
troca?
Feliz e santa páscoa a todos.
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