segunda-feira, 12 de março de 2018

Curitiba: sede do arbítrio


A reunião de um promotor, de pouca capacitação técnica e querendo aparecer na mídia, com um Juiz que se julga representante exclusivo de Deus, na terra, eis formada a dupla “Batman e Robin”, que expediu o arbitrário mandado de busca e apreensão na residência e no  escritório do ex-Ministro Delfim Netto. Delfim, que chegará aos 90 anos, no próximo 1º de maio, desde 1985 não exerce qualquer cargo no Poder Executivo e se desligou do Legislativo, em 2006, quando encerrou sua última legislatura, como deputado federal, não tendo, assim, direta ou indiretamente, poderes para influenciar, licitação pública. Por isso, falar em “propina” é, juridicamente, incomensurável impropriedade. É claro que a “dupla dinâmica” curitibana não sabe disto, pois, voltada para o próprio umbigo, desconhece o que é um bom banho de legalidade, quer aparecer na “mídia”, como os salvadores da pátria. Todas as pessoas bem informadas deste triste País, sabem que, de larguíssima data, o ilustre ex-Ministro, de seu escritório no Pacaembu, presta  consultoria a empresas, inclusive à nossa poderosa “Federação das Indústrias”. É claro que a “dupla dinâmica” curitibana não sabe disto, porque está mais preocupada em rasgar a lei, denunciando e condenando, sem prova material, valendo-se de depoimentos, prestados em delações premiadas, repetindo os “feitos gloriosos” de Hitler e Mussolini. Todavia, além de consultoria, Delfim profere palestras, participa de programas radiofônicos, escreve para jornais e revistas, e dá aconselhamento (gratuito, é bom que se assinale) para políticos e particulares, como este canhestro escriba. É claro que a “dupla dinâmica não sabe disto, porque ignorante em história recente do Brasil, nem desconfia que Delfim guiou a economia deste desonrado País, por mais de 10 anos e, dele, nunca se falou nada que pudesse arranhar sua dignidade e sua incomensurável sapiência. É certo que, durante o governo Geisel, montou-se um tal “Relatório Saraiva”, querendo envolvê-lo em “maracutaia” internacional. Entretanto, tal relatório, com dados flagrantemente falsos, teve o destino da lata de lixo. Como Ministro, foi obrigado, por duas vezes, a provocar a desvalorização da moeda, oportunamente impar para se enriquecer... e muito. Delfim Netto –saiba, capengas arremedos de “justiceiros”-, já chegando aos 90, apesar de alguns males físicos, chega em seu escritório às 07 horas da manhã e atende aos mais variados compromissos. A ação perpetuada pela Polícia Federal, a mando de Curitiba, teve discreta repercussão na mídia televisiva, porque os jornalistas sérios, que conhecem Delfim, sabem de seu passado e de seu presente. Não se ouviu, da extrema esquerda à extrema direita, nenhuma liderança política manifestar-se sobre mais este ato de arbítrio, vindo de Curitiba. A imprensa manteve-se quase ausente. Empresariado,  classe política e  intelectualidade mantiveram-se silentes. Por que será? Vivemos tempos cinzentos, apagada a luz do bom direito. De qualquer maneira, estas luzes carregadas de arbítrio, passarão, sem brilho, nem glória, junto com quem as fabricou, mas o nome de Delfim Netto já está gravado na história. Trabalhou, com extrema competência, para governos militares e, pelo seu equilíbrio, aconselhou Lula e Dilma. Sempre esteve além de seu tempo.
Pequena história para encerrar: por interferência dele, sou recebido pela Ministra do Meio Ambiente do Governo Dilma. Mulher de cara brava, xiita, até o último fio de cabelo. Recebeu-me, a mim e a meu cliente e foi logo dizendo: “Não costumo, nem gosto de receber empresário, mas não posso dizer “não” ao Professor. Por que será, ein Curitiba?
Em tempo: a apresentação, feita por Delfim, nada me custou. Foi mais um (dentre tantos) gestos de generosidade feito a este escriba, advogado de pequena grandeza.

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