Como já alardeei, sou católico, apostólico, romano, onde
estiver, não perco missa de preceito e
até, em outros tempos, fui Ministro Extraordinário da Eucaristia, o que não é
pouca coisa para pecador contumaz. Procuro solidificar minha fé, lendo e
aprendendo com quem a teve e tem, mais sólida do que a minha. Todavia, muita
vez, vacilo. O evangelho de hoje (Marcos 12, 28b-34) nos dá conta de que, indagado
qual seria o primeiro mandamento, Jesus respondeu: “Ouve, Israel! O Senhor nosso Deus é um só. Amarás o Senhor, de todo o
coração, com toda sua alma, com todo o teu entendimento e com toda a tua força.”
E o segundo mandamento é “Amarás teu
próximo como a ti mesmo. Não existe outro mandamento maior do que este...”
Certa vez, discutindo o tema com queridíssimo amigo,
absolutamente ateu, ponderou-me ele: “como
posso amar a Deus, ente abstrato, mais do que amo minha esposa e filhos e como
amar ao próximo, que nem conheço, inclusive aqueles sem qualquer resquício de
moralidade, que são capazes de matar para roubar mísero celular?”
Respondi-lhe que há grande equívoco na interpretação desse mandamento. Jesus
não nos manda amar a Deus acima de esposa, filhos e pais. São amores diferentes,
que não se excluem, nem se hierarquizam. Como ensinou Jesus, no evangelho de
hoje: o amor a Deus se estrutura na convicção firme, na fé absoluta de que nele
está todo “poder e glória”.
Quanto ao “amor ao
próximo”, não se trata do amor físico ou abstrato, mas, sim, em exteriorizar
esse amor: respeitar o próximo, independentemente de sua condição
sócio-econômica, inclusive, sendo, com ele, misericordioso, se for o caso.
Jesus, ao longo de toda sua peregrinação ensinou que, ao
contrário do contido no antigo testamento, agradar a Deus não é se dar
holocausto ou sacrifício. Agradar a Deus
é “servir”, sem esperar ou exigir
nada em troca.
“Mostra-me tua fé, sem
as tuas obras, que eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras” ensinava
São Tiago.
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