sexta-feira, 16 de março de 2018

Para falar de livros



Pertenço a uma geração (a última) que foi educada, sob a influência cultural da França e, no meu caso específico, essa influência se acentuou por ter cursado o colegial (antigo “curso clássico”) no “Liceu Pasteur”, ali na Vila Mariana. Lembro-me de que franceses eram os professores desse idioma, com aulas todos os dias da semana. Aprendi a navegar pela literatura francesa e por tudo que dissesse respeito à França. Ancorei meu pouco saber em dois atores franceses, Emile Zola, na prosa e Baudelaire, na poesia. Com frequência, visito as “Oeuvres Completes”, reunião dos poemas deixados pelo mais importante representante do “mal du siècle”, aquela tristeza infinita, que marcou a geração dos poetas, na segunda metade do século XIX. Lembro-me de que comprei tal livro, tanto tempo faz, numa livraria, ao lado do hotel, em que me hospedei, quando, pela primeira vez, perdido em emoções, fui a Paris, onde visitei o túmulo de Baudelaire no cemitério de Montparnasse. Minha geração se foi,  a influência cultural norte-americana veio para ficar e a literatura francesa foi substituída, pelo que posso chamar, um gosto pelo “fast food” de autores, sem maiores “mergulhos”, como, por exemplo John Grisham, livros que podem ser lidos, enquanto se assiste a um programa de televisão. A poesia, como gênero literário, praticamente desapareceu e se expressa como letra de música.
Eis que não mais que de repente, amigo dileto fala-me de um romance, autora francesa, Nina George, que, no meu limitado saber, não conhecia. O livro, “A livraria Mágica de Paris”, é imperdível. O personagem principal, “Jean Perdu”, instala sua livraria, em barco, ancorado às margens do Rio Serra, mas quem escolhe o livro a comprar não é o cliente, mas ele, Perdu, que, perscrutando a alma do comprador, indica o livro a ser lido, que é espécie de remédio, para os males interiores. Por isto mesmo, sua livraria chama-se “Farmácia Literária”. E, em torno da essência do livro, ainda desenrolam-se histórias de amores e desamores.
Para quem gosta de coisa boa, fica a “dica”.

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