quinta-feira, 8 de março de 2018

Rodolfo, eu e o dia internacional da mulher


11 da noite, ruas desertas, saio a passear com Rodolfo, meu politizado pastor alemão. Nara, minha doce e vetusta “sem raça definida”, recusou-se a sair conosco, alegando a hora tardia e o cansaço do dia. E lá fomos, eu e Rodolfo, a bater pernas, sem destino definido. Sabendo que seria passeio peripatético, fui logo advertindo: “não quero falar sobre o julgamento de Lula, pelo STJ. Continuo achando que se estuprou a Constituição, ao permitir a prisão do Réu, já em 2ª instância e, neste raciocínio, estou muito bem acompanhado, pelo Ministro Celso de Mello, de longe, a melhor cabeça da Corte Suprema”. Rodolfo parou, olhou-me com ar de espanto e exclamou: “mas eu não tinha intenção em falar disto. Nestas horas de noite solitária, o papo tem que ser leve. Por exemplo: amanhã é o dia internacional da mulher! Porque não há “dia internacional do  homem?" – Explico-lhe que, provavelmente, a motivação de se criar tal data foi o fato de a mulher, ao longo dos tempos, ter sido vítima de discriminalização, as mais diversas e cito, como exemplo, o direito de votar, só concedido às mulheres, no começo dos anos 30. “Veja a questão da violência doméstica: - explico -  maridos e companheiros, agredindo, covardemente, esposas e companheiras.” Andando uns bons 50 metros, Rodolfo, em silêncio, sinal que o diálogo não estava encerrado: - “e você – perguntou ele – como trata as mulheres?” Retruco: “Você, que faz parte da família há 05 anos, o que acha? – “Bem, acho você respeitoso e cheio de cuidados. Às vezes até exagera.” – “Pois assim entendo que deva ser, até porque considero a mulher muito mais inteligente do que o homem, principalmente pela capacidade de nos manipular. Ensinava falecido professor de direito penal (tinha que ser falecido mesmo, pois, se vivo estivesse, estaria com 150 anos) que o homem mata “por barra de ouro ou barra de saia” e, mesmo quando é por “barra de ouro” é para usá-la com “barra de saia”.” Sempre soube que esta tal  “superioridade masculina” foi criada pela própria mulher, espécie de areia movediça, colocada sob nossa vaidade e ela, a mulher, ao longo dos séculos, foi a eminência parda das decisões do homem. E, pessoalmente, acho bom e justo que assim seja. Fisicamente, ela é muito mais bem acabada do que o homem. Nela tudo é harmônico, não há pelos, espalhados pelo corpo, a genitália é embutida, não é essa cosa ridícula do homem, tudo exposto, balançando de um lado para o outro. Sempre tive extrema dificuldade em entender o homossexualismo masculino, não por preconceito, mas por motivos puramente estéticos e de entrosamento de corpos. E mais: na presença de mulher, somos, nós homens, mais gentis, comedidos nas palavras. Sem mulher, enfim, para o bem ou para o mal, o mundo  não resistiria mais do que um mês. E do ponto-de-vista moral, a mulher é bem mais dotada, quase inacessível a oferta de propina. Examine as operações policiais, realizadas pela “lava-jato”: há, no máximo, 05 mulheres envolvidas, enquanto homens, contam-se a dezenas.”  Rodolfo parou, fazendo-me parar também e, vacilante, indagou: “Mas e os crimes que os homens cometem por causa das mulheres, não conta?” Respondo: “claro que não! Esses crimes devem ser debitados à nossa fragilidade, incapazes, que somos, de ouvir um “não”, ou  sermos preteridos. Você já se imaginou parindo um filho, carregando, dentro de si, uma cria, que torna o deitar difícil, o caminhar insuportável? Por tudo isto, a viuvez, na mulher, a rejuvenesce, enquanto, no homem, o destrói. Para encerrar nosso papo: veja você, Rodolfo, jovem, forte, raça pura, mas a dominante é Nara, nos estertores da vida, sem raça definida, como explica isto?” Rodolfo parou, novamente, pensou por alguns segundos e arrematou: “é, você tem razão. Quando cheguei em sua casa, ela me acolheu com carinho, ensinou-me todas as coisas, foi, pouco a pouco, fazendo-me dependente dela.”
Já entrando em casa, abraçamo-nos e, em brinde fictício, saudamos todas as mulheres, causa, da qual somos mero efeito.

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