11 da noite, ruas desertas, saio a passear com Rodolfo, meu
politizado pastor alemão. Nara, minha doce e vetusta “sem raça definida”, recusou-se a sair conosco, alegando a hora
tardia e o cansaço do dia. E lá fomos, eu e Rodolfo, a bater pernas, sem
destino definido. Sabendo que seria passeio peripatético, fui logo advertindo: “não quero falar sobre o julgamento de Lula,
pelo STJ. Continuo achando que se estuprou a Constituição, ao permitir a prisão
do Réu, já em 2ª instância e, neste raciocínio, estou muito bem acompanhado,
pelo Ministro Celso de Mello, de longe, a melhor cabeça da Corte Suprema”.
Rodolfo parou, olhou-me com ar de espanto e exclamou: “mas eu não tinha intenção em falar disto. Nestas horas de noite
solitária, o papo tem que ser leve. Por exemplo: amanhã é o dia internacional
da mulher! Porque não há “dia internacional do homem?" – Explico-lhe que,
provavelmente, a motivação de se criar tal data foi o fato de a mulher, ao
longo dos tempos, ter sido vítima de discriminalização, as mais diversas e
cito, como exemplo, o direito de votar, só concedido às mulheres, no começo dos
anos 30. “Veja a questão da violência
doméstica: - explico - maridos e companheiros, agredindo,
covardemente, esposas e companheiras.” Andando uns bons 50 metros, Rodolfo,
em silêncio, sinal que o diálogo não estava encerrado: - “e você – perguntou ele – como trata as mulheres?” Retruco: “Você, que faz parte da família há 05 anos, o
que acha? – “Bem, acho você respeitoso
e cheio de cuidados. Às vezes até exagera.” – “Pois assim entendo que deva ser, até porque considero a mulher muito
mais inteligente do que o homem, principalmente pela capacidade de nos
manipular. Ensinava falecido professor de direito penal (tinha que ser falecido
mesmo, pois, se vivo estivesse, estaria com 150 anos) que o homem mata “por
barra de ouro ou barra de saia” e, mesmo quando é por “barra de ouro” é para
usá-la com “barra de saia”.” Sempre soube que esta tal “superioridade masculina” foi criada pela
própria mulher, espécie de areia movediça, colocada sob nossa vaidade e ela, a
mulher, ao longo dos séculos, foi a eminência parda das decisões do homem. E,
pessoalmente, acho bom e justo que assim seja. Fisicamente, ela é muito mais
bem acabada do que o homem. Nela tudo é harmônico, não há pelos, espalhados
pelo corpo, a genitália é embutida, não é essa cosa ridícula do homem, tudo
exposto, balançando de um lado para o outro. Sempre tive extrema dificuldade em
entender o homossexualismo masculino, não por preconceito, mas por motivos
puramente estéticos e de entrosamento de corpos. E mais: na presença de mulher,
somos, nós homens, mais gentis, comedidos nas palavras. Sem mulher, enfim, para
o bem ou para o mal, o mundo não
resistiria mais do que um mês. E do ponto-de-vista moral, a mulher é bem mais
dotada, quase inacessível a oferta de propina. Examine as operações policiais,
realizadas pela “lava-jato”: há, no máximo, 05 mulheres envolvidas, enquanto
homens, contam-se a dezenas.” Rodolfo parou, fazendo-me parar também e,
vacilante, indagou: “Mas e os crimes que
os homens cometem por causa das mulheres, não conta?” Respondo: “claro que não! Esses crimes devem ser
debitados à nossa fragilidade, incapazes, que somos, de ouvir um “não”, ou sermos preteridos. Você já se imaginou parindo
um filho, carregando, dentro de si, uma cria, que torna o deitar difícil, o
caminhar insuportável? Por tudo isto, a viuvez, na mulher, a rejuvenesce,
enquanto, no homem, o destrói. Para encerrar nosso papo: veja você, Rodolfo,
jovem, forte, raça pura, mas a dominante é Nara, nos estertores da vida, sem
raça definida, como explica isto?” Rodolfo parou, novamente, pensou por
alguns segundos e arrematou: “é, você tem
razão. Quando cheguei em sua casa, ela me acolheu com carinho, ensinou-me todas
as coisas, foi, pouco a pouco, fazendo-me dependente dela.”
Já entrando em casa, abraçamo-nos e, em brinde fictício,
saudamos todas as mulheres, causa, da qual somos mero efeito.
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