Vou a uma Delegacia Especializada tratar de assunto do meu
interesse. O Delegado Titular, que ocupou o cargo por vários anos, foi promovido
graças a sua capacidade e honradez, acima de qualquer suspeita. Dignifica a
Polícia Paulista e, dentre tantas operações realizadas, sem alarde e sem
holofotes, desbaratou a máfia dos fiscais da Prefeitura e do ICMS. Guardem este
nome: Luiz Storn. Tem tudo para ser Secretário de Segurança, se buscarem um
homem probo e competente. Mas, chego na Delegacia e encontro outro Delegado
sentado na cadeira, que se levanta, com um sorriso largo, quando entro na sala:
é meu conhecido, de larga data. Jovem, dinâmico e competente... e santista
roxo. Lembrei-me de que, em seu gabinete anterior, guardava um ‘’mini-museu’’
do Santos. Indaguei onde estava e ele me levou até a estante, onde, dentre
várias peças preciosas, há um pequeno quadro daquele majestoso Santos, dos anos
60 que além de Gilmar, no gol e Zito, no meio-campo, tinha aquele ataque com
Dorval, Mengalvio, Coutinho, Pelé e Pepe. O quadro contém o autógrafo de todos
os jogadores e, ao que parece, foi herança do pai. Naquele momento, o Inquérito
perdeu a importância e eu fiquei a contar ao Dr. Luiz Carlos (é o nome do
Delegado) alguns fatos, envolvendo o Santos de seu coração, que eu presenciei,
das arquibancadas do Maracanã ou do Pacaembu. Sou Botafogo fanático e também
coleciono meus ‘’troféus’’, como a camisa do Jairzinho, ganha do próprio, em
1970 e que arderá comigo. Viajo ao Maracanã e me lembro – suprema humilhação –
do ‘’chapéu’’ que Pelé deu em Manga, para, depois, marcar mais um gol, em uma
partida que termináramos o primeiro tempo, ganhando de 2x0 que se encerrou 4x2
para o Santos. Dessas viradas fatídicas, recordei-lhe um Corinthians e Santos,
no Pacaembu, onde fui, levado pelo saudoso Nelson, que nos deixou, no ano
passado. Já fazia uma década que o Corinthians não vencia o Santos e meu amigo ‘’sentia’’
que aquele seria o domingo da virada. E parece que seria mesmo, porque o
primeiro tempo terminara 3x0 para o Corinthians. A massa torcedora queria,
mais, exigia goleada acachapante, que redimisse os 10 anos de humilhação. Acho que
os gritos da torcida corintiana irritaram Pelé e companhia e, no segundo tempo,
Heitor (acho que era este o nome do goleiro do time do ‘’Parque São Jorge’’) buscou
a bola 8 vezes, no fundo das redes. O Dr. Luiz Carlos, nascido depois daquela
época, fez um ar de tristeza por não ter visto aquele Santos e eu uma forte dor
no peito, por me lembrar do Botafogo de então e este, de hoje.
Quanto ao Dr. Luiz Carlos, com o vigor de sua juventude, mas
com experiência já acumulada, tenho convicção que executará sólido trabalho, como novo titular da ‘’Delegacia
de Lavagem de Dinheiro e Ocultação de Bens e Valores’’.
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