Ao longo de quase meio século de exercício da advocacia,
principalmente criminal, o maior desafio, que encontro, ao defender um cliente,
é fazê-lo entender que, diante das modernas técnicas de investigação, construir
uma mentira, para justificar conduta delituosa, é terreno pantanoso que, quase
sempre, leva a resultado desastroso. Como é de larga sabença, a missão do
advogado não é transformar o criminoso em inocente, mas, através de argumentos
sólidos, justificar sua conduta, levando-o à absolvição ou a uma pena mitigada.
Faço esta introdução, pela leitura – e apenas pela leitura – do noticiário,
sobre o intrincado caminho, adotado na defesa do ex-presidente Lula, nos
rumorosos casos do triplex do Guarujá e do sítio de Atibaia. Em um primeiro
momento, optou-se pelo total não envolvimento do ex-presidente nos fatos. À
medida que essa negativa se desfazia, diante de eloqüentes indícios contrários,
foi-se tentando ‘’consertar’’ a
estratégia inicial, inclusive propondo medidas judiciais, que impedissem o
depoimento do ex-presidente e sua esposa. Sem me imiscuir na estratégia de seus
ilustres e competentes patronos, mas, a meu exclusivo juízo, tais medidas,
quando rejeitadas, transformam-se em verdadeiro ‘’tiro no pé’’. Leio que Lula, que negava qualquer relação com o
sítio de Atibaia, agora afirma que a reforma do mesmo foi, a seu pedido, pago
por seu amigo Bumlai, preso na ‘’lava
jato’’. Se a intenção era afastar Lula de Sergio Moro,nunca ambos estiveram
tão próximos. Outro equivoco é a noticia – e só a noticia – de que Lula está
reunindo os melhores criminalistas do País, para defendê-lo. Egos à arte, como
harmonizar defesa consistente, com várias cabeças pensantes? O Direito não é
ciência exata, o que permite ver a questão, a ser enfrentada, de ângulos
diferentes. Os advogados, cujos nomes estão divulgados na mídia, são, cada
qual, de incontestável competência, em condições, pois, de produzir excelente
trabalho. Agora, sempre a meu juízo, juntar vários criminalistas, em torno do
mesmo tema, pode ‘’salgar’’ a comida,
por si já difícil de temperar.
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