sexta-feira, 13 de março de 2015

Porque hoje é sexta feira da Quaresma

O Evangelho de hoje, 13, fala do amor a Deus e do amor ao próximo: “ama e a esperança se converterá em alegria.” O amor a Deus fica na dependência da credulidade de cada um. Quanto ao amor ao próximo é tema, a merecer especial reflexão. Vivemos, no plano geral, época do egoísmo. Voltados para nossos próprios umbigos, insuflados pelo consumir e acumular, o conceito de próximo se estreitou e o “próximo distante”, afastado de nossa afetividade, é mera paisagem. Vamos às lágrimas com o sofrimento do jovem casal de “A culpa é das Estrelas”, mas passamos indiferentes, à frente da mulher que nos estende as mãos, com uma criança no colo. Por que agimos assim? Porque essa coisa etérea, chamada amor, foi perdendo conteúdo e vários de seus componentes, como “respeito”, “caridade”, já se evaporaram. A regra dominante, o lema de ser seguido, é “vencer ou vencer” e os meios utilizados passaram a ser irrelevantes. Hitler, a pretexto de recuperar a combalida economia alemã, primeiro, expropriou os bens dos judeus, depois os segregou e, finalmente, matou milhões deles. Será que, realmente, os fins justificam os meios utilizados para alcançá-los?  Vivemos, no Brasil, momentos de perplexidade. Como entender tanto desvio de dinheiro público, tanta incúria administrativa, em um País que, malgrado ser considerado a nona economia do mundo, coloca-se nos últimos lugares em saúde e educação públicas? Esses jovens, quase meninos, que se drogam e assaltam pelas ruas, não seriam fruto de nosso desamor pelo próximo? Neste fim de semana iremos às ruas, provavelmente haverá confrontos físicos. Mas, fica a pergunta: o que nos motiva? Por certo não é o amor à pátria, mas, muito mais, o ressentimento, irmão siamês do ódio. O amor se transformou nesta coisa imediata, menor, que é a união física de corpos. O que nos diferencia – para pior – dos animais é que esses apenas matam para sobreviver, enquanto nós matamos para subjugar, daí nossa mediocridade. A lição de amor do Cristo crucificado perdeu-se em nossa memória e essa perda vai se tornando irrecuperável e o homem continua sendo, cada vez mais, o lobo do próprio homem. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário