Porque hoje é sexta
feira da Quaresma
O Evangelho de hoje, 13, fala do amor a Deus e do amor ao
próximo: “ama e a esperança se converterá
em alegria.” O amor a Deus fica na dependência da credulidade de cada um. Quanto
ao amor ao próximo é tema, a merecer especial reflexão. Vivemos, no plano
geral, época do egoísmo. Voltados para nossos próprios umbigos, insuflados pelo
consumir e acumular, o conceito de próximo se estreitou e o “próximo distante”, afastado de nossa
afetividade, é mera paisagem. Vamos às lágrimas com o sofrimento do jovem casal
de “A culpa é das Estrelas”, mas
passamos indiferentes, à frente da mulher que nos estende as mãos, com uma
criança no colo. Por que agimos assim? Porque essa coisa etérea, chamada amor,
foi perdendo conteúdo e vários de seus componentes, como “respeito”, “caridade”, já se evaporaram. A regra dominante, o lema
de ser seguido, é “vencer ou vencer”
e os meios utilizados passaram a ser irrelevantes. Hitler, a pretexto de
recuperar a combalida economia alemã, primeiro, expropriou os bens dos judeus,
depois os segregou e, finalmente, matou milhões deles. Será que, realmente, os
fins justificam os meios utilizados para alcançá-los? Vivemos, no Brasil, momentos de perplexidade. Como
entender tanto desvio de dinheiro público, tanta incúria administrativa, em um
País que, malgrado ser considerado a nona economia do mundo, coloca-se nos
últimos lugares em saúde e educação públicas? Esses jovens, quase meninos, que
se drogam e assaltam pelas ruas, não seriam fruto de nosso desamor pelo
próximo? Neste fim de semana iremos às ruas, provavelmente haverá confrontos físicos.
Mas, fica a pergunta: o que nos motiva? Por certo não é o amor à pátria, mas,
muito mais, o ressentimento, irmão siamês do ódio. O amor se transformou nesta
coisa imediata, menor, que é a união física de corpos. O que nos diferencia –
para pior – dos animais é que esses apenas matam para sobreviver, enquanto nós
matamos para subjugar, daí nossa mediocridade. A lição de amor do Cristo
crucificado perdeu-se em nossa memória e essa perda vai se tornando irrecuperável
e o homem continua sendo, cada vez mais, o lobo do próprio homem.
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