O Poder Executivo
Engessado
Quando foi editada a Constituição de 1988, foi ela
cognominada ‘’Constituição
Cidadã’’, primeiro, por ter vindo à luz, após o regime militar; segundo,
porque restaurava e solidificava princípios de liberdade, individuais e coletivos,
vilipendiados pelos diversos atos institucionais, que vigoraram durante aquele
regime de exceção. Passada a euforia, os brados grandiloquentes de liberdade e
ufanismo, os defeitos na nova Constituição começaram a aflorar. Evidenciava-se,
por exemplo, que a estrutura da Constituição estava voltada para o
parlamentarismo, apesar de o regime vigente ser presidencialismo. Em outras
palavras, se o Poder Executivo não tiver base sólida no Legislativo, gera-se a
chamada ingovernabilidade, com reais prejuízos para o País. É exatamente o que
acontece hoje: A Presidente encontra-se refém do Congresso, já que os
respectivos Presidentes, ambos citados na operação ‘’lava-jato’’, constituem verdadeiros oposicionistas. A ‘’base aliada’’ esfacelou-se e se
instituiu o que a mídia vem denominando ‘’parlamentarismo branco’’. O Executivo
prioriza a reforma fiscal e o Legislativo a obstacula, como o fez, agora, a Câmara,
ao aprovar projeto que obriga o governo federal a rever o indexador da dívida
dos Estados e Municípios. O Presidente do Senado, adotando postura de ‘’Primeiro Ministro’’, declarou que, se a
Presidente Dilma vetar o projeto, o senado derrubará o veto. Puro jogo de ‘’vamos ver quem manda mais’’, sem se
avaliar os superiores interesses nacionais. Nunca, na historia politica do
Brasil, um Presidente, passado o exíguo lapso de tempo de 90 dias da posse,
mostrou-se tão desgastado quanto a Presidente Dilma, submissa ao personalismo
do Presidente da Câmara e do Presidente do Senado.
À primeira vista, tal submissão poderia pressupor um
equilíbrio de forças entre esses dois poderes. Todavia, o antagonismo, que se
formou, decorre de razões pessoais, de menor grandeza e que desserve ao País,
mergulhado em crescente crise econômico-social. Para resolver tal impasse, a
Presidente tem apenas duas alternativas: ou recompõe sua base parlamentar, para
gerar governabilidade ou, como diria o Capitão Nascimento: ‘’pede pra sair’’. O que País não
suporta, é o adiamento da solução, com a inflação ascendendo, o desemprego
ascendendo e a insegurança levando o povo às ruas. Não adianta os porta-vozes
oficiais ladrarem que os manifestantes são, com predominância, egressos da
classe média. Também acho, só que, no Brasil, as grandes transformações
tiveram, como protagonista, a classe media, que proclamou a República, que
depôs Vargas, que gerou 1964, que pariu as ‘’Diretas
já’’, que apeou Collor da Presidência da República.
Tolos os que não aprendem com as lições da historia.
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