O caminho das ruas
Passados o impacto e a emoção das manifestações de domingo,
podemos tirar algumas conclusões do grande evento. A primeira, mais óbvia, é
que o projeto de poder, construído pelo PT, desmoronou. A imagem da corrupção
colou-se ao partido de tal modo que, dificilmente dele se desgrudará e irá
desgastá-lo, ainda mais, porque as investigações do ‘’petrolão’’, necessariamente, chegarão no líder maior do partido.
Como diz o juiz Serio Moro, ‘’é só seguir
o dinheiro’’. Não digo que o PT vai acabar, mas não tenho dúvidas que vai
encolher, até porque já perdeu figuras representativas, como Marina, Erundina
e, agora, Marta Suplicy, que saiu atirando. Já vimos este filme com o PP e o
PFL, travestido em DEM. A segunda conseqüência do ‘’grito das ruas’’ é o fim ou, pelo menos, o aviltamento das
espúrias barganhas entre Executivo e Legislativo. A tendência é que relevantes
cargos públicos - Ministros e Diretores de Estatais – sejam ocupados por quem
seja de área e tenha impecável folha corrida. E a terceira conseqüência será a
mudança de comportamento da própria Presidente, que terá de abdicar de seu viés
autoritário e ouvir e entender os reclamos dos órgãos representativos da
sociedade. Ela sabe que seus aliados – gordas ratazanas paridas na satisfação
de seus interesses pessoais – à primeira ventania, pularão do barco. Seu
mandato está por um fio, a depender dos desdobramentos da operação lava-jato.
Apesar de Eduardo Cunha afirmar que não acolherá pedido de impeachment, por não
identificar a presença dos pressupostos legais estabelecidos pela lei
1.079/1950, sabemos que o Presidente da Câmara não pode ser considerado
confiável pelo Planalto. Além disso, constitucionalistas de renome consagram a
tese que a mencionada lei 1.079/1950, editada quando vigia a Constituição de
1946, não foi recepcionada pela Carta Magna de 1988. Se restar confirmado que a
Presidente se elegeu graças a recursos desviados do ‘’petrolão’’, será muito difícil sustentá-la no cargo. Nem um
deputado ou senador arriscará sua cabeça, para defender a Presidente,
principalmente em se considerando que, no próximo ano, teremos eleições
municipais, onde se localizam todas as ‘’bases’’
dos congressistas. A verdade é que o povo descobriu o caminho das ruas e, por
esse, o governo, pelo menos por enquanto, não passa.
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