terça-feira, 17 de março de 2015

O caminho das ruas

Passados o impacto e a emoção das manifestações de domingo, podemos tirar algumas conclusões do grande evento. A primeira, mais óbvia, é que o projeto de poder, construído pelo PT, desmoronou. A imagem da corrupção colou-se ao partido de tal modo que, dificilmente dele se desgrudará e irá desgastá-lo, ainda mais, porque as investigações do ‘’petrolão’’, necessariamente, chegarão no líder maior do partido. Como diz o juiz Serio Moro, ‘’é só seguir o dinheiro’’. Não digo que o PT vai acabar, mas não tenho dúvidas que vai encolher, até porque já perdeu figuras representativas, como Marina, Erundina e, agora, Marta Suplicy, que saiu atirando. Já vimos este filme com o PP e o PFL, travestido em DEM. A segunda conseqüência do ‘’grito das ruas’’ é o fim ou, pelo menos, o aviltamento das espúrias barganhas entre Executivo e Legislativo. A tendência é que relevantes cargos públicos - Ministros e Diretores de Estatais – sejam ocupados por quem seja de área e tenha impecável folha corrida. E a terceira conseqüência será a mudança de comportamento da própria Presidente, que terá de abdicar de seu viés autoritário e ouvir e entender os reclamos dos órgãos representativos da sociedade. Ela sabe que seus aliados – gordas ratazanas paridas na satisfação de seus interesses pessoais – à primeira ventania, pularão do barco. Seu mandato está por um fio, a depender dos desdobramentos da operação lava-jato. Apesar de Eduardo Cunha afirmar que não acolherá pedido de impeachment, por não identificar a presença dos pressupostos legais estabelecidos pela lei 1.079/1950, sabemos que o Presidente da Câmara não pode ser considerado confiável pelo Planalto. Além disso, constitucionalistas de renome consagram a tese que a mencionada lei 1.079/1950, editada quando vigia a Constituição de 1946, não foi recepcionada pela Carta Magna de 1988. Se restar confirmado que a Presidente se elegeu graças a recursos desviados do ‘’petrolão’’, será muito difícil sustentá-la no cargo. Nem um deputado ou senador arriscará sua cabeça, para defender a Presidente, principalmente em se considerando que, no próximo ano, teremos eleições municipais, onde se localizam todas as ‘’bases’’ dos congressistas. A verdade é que o povo descobriu o caminho das ruas e, por esse, o governo, pelo menos por enquanto, não passa. 

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