quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Uma Verdadeira Disputa Democrática

Anteontem, os Estados Unidos realizaram eleições para renovação do Congresso, escolha de alguns governadores e, através de plebiscito, decidir questões pontuais. Lá, ao contrario daqui, não se cogita em “base de apoio” ao governo, com a habitual distribuição de cargos e verbas, porta aberta para a corrupção, que nos assola, principalmente nestes 12 anos de petismo. Lá, ao contrario daqui, vigora, essencialmente, o bi-partidarismo, onde o Partido Democrata e o Partido Republicano, distantes deste anacrônico sectarismo direita / esquerda, possuem linhas de pensamento distintas e bem definidas. Note-se: não se trata de postura ideológica, vez que ambos, democratas e republicanos, têm ideal convergente: o melhor para os Estados Unidos. As divergências são pontuais: os Republicanos querem o Estado mais afastado da vida dos cidadãos; exigem uma ação bélica mais firme no combate ao terrorismo, bem como restrições à imigração. Numa conceituação mais simplista, os Republicanos seriam mais “conservadores”, no sentido de priorizar a noção de “pátria” e dos valores do cidadão norte-americano. Os democratas, por sua vez, podem ser conceituados como “liberais sociais”, admitindo o socorro do Estado a empresas em dificuldades e a adoção de políticas públicas assistenciais. Como lá não se confia em “urnas eletrônicas”, consideradas vulneráveis por técnicos de lá, que aqui estiveram, a apuração dos votos é lenta e, até o momento em que escrevo, não se tem resultado definitivo, apesar de já se prever, pelos votos computados, que os republicanos manterão a maioria na Câmara dos Deputados e conquistarão a maioria no Senado. O que importa ressaltar – e que nos mata de inveja – é que, segundo o noticiário internacional, o Presidente Obama, malgrado a recuperação econômica , terá que se submeter aos ditames do novo Congresso que lá, ao contrario daqui, realmente representa o povo. Lá, ao contrario daqui, as cláusulas de barreira são rígidas, a impedirem a proliferação de partidos políticos sem representação popular. Lá, ao contrario daqui, os congressistas não mudam de partido por “dá cá um trocado”. Lá, ao contrario daqui, os casos de corrupção são absolutamente esporádicos e, ao contrario daqui, exige-se do homem público, conduta irrepreensível. Lembro que Nixon, um dos importantes Presidentes americanos, (que teve a coragem de reconhecer a derrota no Vietnã, que reatou relações diplomáticas com a China), foi obrigado a renunciar porque a imprensa revelou que ele estaria por trás de atos de espionagem a instalações do Partido Democrata. Aqui, uma Presidente, citada, nominalmente, como conivente com a corrupção da Petrobrás, de onde recebera recursos para sua campanha, ao invés de esclarecer o conteúdo da matéria, em bom estilo “bolivariano”, ameaça processar a revista que publicou a denuncia. Pelos princípios, meios e fins, os Estados Unidos são um país desenvolvido, enquanto nós, por falta de todos eles, somos – e seremos enquanto sobreviver o petismo – um país “submergente”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário