Uma Verdadeira Disputa Democrática
Anteontem, os Estados Unidos realizaram eleições para
renovação do Congresso, escolha de alguns governadores e, através de
plebiscito, decidir questões pontuais. Lá, ao contrario daqui, não se cogita em
“base de apoio” ao governo, com a
habitual distribuição de cargos e verbas, porta aberta para a corrupção, que
nos assola, principalmente nestes 12 anos de petismo. Lá, ao contrario daqui,
vigora, essencialmente, o bi-partidarismo, onde o Partido Democrata e o Partido
Republicano, distantes deste anacrônico sectarismo direita / esquerda, possuem
linhas de pensamento distintas e bem definidas. Note-se: não se trata de
postura ideológica, vez que ambos, democratas e republicanos, têm ideal
convergente: o melhor para os Estados Unidos. As divergências são pontuais: os
Republicanos querem o Estado mais afastado da vida dos cidadãos; exigem uma
ação bélica mais firme no combate ao terrorismo, bem como restrições à
imigração. Numa conceituação mais simplista, os Republicanos seriam mais “conservadores”, no sentido de priorizar
a noção de “pátria” e dos valores do
cidadão norte-americano. Os democratas, por sua vez, podem ser conceituados
como “liberais sociais”, admitindo o
socorro do Estado a empresas em dificuldades e a adoção de políticas públicas
assistenciais. Como lá não se confia em “urnas
eletrônicas”, consideradas vulneráveis por técnicos de lá, que aqui
estiveram, a apuração dos votos é lenta e, até o momento em que escrevo, não se
tem resultado definitivo, apesar de já se prever, pelos votos computados, que
os republicanos manterão a maioria na Câmara dos Deputados e conquistarão a
maioria no Senado. O que importa ressaltar – e que nos mata de inveja – é que,
segundo o noticiário internacional, o Presidente Obama, malgrado a recuperação
econômica , terá que se submeter aos ditames do novo Congresso que lá, ao
contrario daqui, realmente representa o povo. Lá, ao contrario daqui, as
cláusulas de barreira são rígidas, a impedirem a proliferação de partidos
políticos sem representação popular. Lá, ao contrario daqui, os congressistas
não mudam de partido por “dá cá um
trocado”. Lá, ao contrario daqui, os casos de corrupção são absolutamente
esporádicos e, ao contrario daqui, exige-se do homem público, conduta
irrepreensível. Lembro que Nixon, um dos importantes Presidentes americanos,
(que teve a coragem de reconhecer a derrota no Vietnã, que reatou relações
diplomáticas com a China), foi obrigado a renunciar porque a imprensa revelou
que ele estaria por trás de atos de espionagem a instalações do Partido
Democrata. Aqui, uma Presidente, citada, nominalmente, como conivente com a
corrupção da Petrobrás, de onde recebera recursos para sua campanha, ao invés
de esclarecer o conteúdo da matéria, em bom estilo “bolivariano”, ameaça processar a revista que publicou a denuncia.
Pelos princípios, meios e fins, os Estados Unidos são um país desenvolvido,
enquanto nós, por falta de todos eles, somos – e seremos enquanto sobreviver o
petismo – um país “submergente”.
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