A Escolha dos Ministros do Supremo
Tribunal Federal
Dentre as mais urgentes reformas, a serem promovidas pelo
próximo Congresso, está a concernente ao processo de indicação de Ministro do
Supremo Tribunal Federal. Abre-se a perspectiva – sombria, diga-se de passagem –
de a Presidente e seu partido terem indicado até o final do mandato, 10 dos 11
Ministros da Corte Suprema. Como disse o historiador, Marco Antonio Villa, no Jornal
da Cultura, da última segunda-feira, não podemos correr o risco do STF se
transformar em um “puxadinho” do
Palácio do Planalto. Não vou avaliar a capacitação técnica dos Ministros,
apesar de constatarmos que, aqui e ali, deles os há que longe estão de atender
ao requisito constitucional do “notório
saber jurídico”. O que, na verdade, causa preocupação, porque agride o
principio constitucional da tripartição dos Poderes, é que nossa Suprema Corte
aja, não para dizer o bom direito, mas para atender aos interesses, quase nunca
legítimos, do Poder Executivo. Considerando que o cargo de Ministro do Supremo
representa o ápice de quem ingressa na Magistratura, nada mais lógico, saudável,
moral e democrático que o membro do STF seja egresso do Superior Tribunal de
Justiça, Corte imediatamente inferior e que encaminharia lisa tríplice ao
Presidente da Republica, o qual, por sua vez, escolheria um nome e o submeteria
à chancela do Congresso. Estaria, assim, percorrido o caminho democrático para
se ter um Ministro que, infenso aos interesses políticos, colocaria seu testado
“saber jurídico” e sua “ilibada reputação” a serviço do País. Tivemos
um péssimo exemplo de subserviência, no “segundo
turno” do julgamento do “mensalão”,
quando dois Ministros “estreantes”,
em que pese a competência, viraram o jogo a favor dos “mensaleiros”. O resultado é que os chefes da quadrilha, menos de um
ano da condenação, já estão soltos, o que gera, na sociedade, a certeza da
impunidade. No ano próximo, o Supremo julgará o desvio de recursos da
Petrobrás, o maior escândalo desde o descobrimento do Brasil. Como se
comportará nossa Corte Suprema, sem o brilho e a independência do insigne Celso
de Mello e com dois novos membros tirados da cartola do petismo? Eis a
inquietante pergunta que nos fazemos, nesta melancólica quadra de nossa
historia.
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