Collor Revisitado
Quando o então Presidente Collor estava ameaçado de ser
apeado da Presidência da República (e os desmandos, a ele imputados eram
absolutamente inexpressivos, se comparados ao “mensalão” e ao caso Petrobrás), imaginou que se salvaria,
constituindo um novo Ministério, integrado por figuras exponenciais da
Republica, como – para dar um único exemplo – o jurista Célio Borja, que ocupou
a Pasta da Justiça. Como sabemos, inútil foi a estratégia utilizada, vez que
Collor foi deposto, menos pelos atos de corrupção e muito mais por sua
incompetência política de “barganhar”
com o Congresso. A meio do terremoto que atinge seu governo, a Presidente Dilma
dá sinais de que repetirá a mal sucedida estratégia de Collor. Para aplacar a
bancada ruralista, convidou Kátia Abreu, representante maior do agronegócio e
desafeta do PT, para o Ministério da Agricultura. Para a Pasta da Fazenda,
depois da tentativa frustrada de indicar o dócil Alexandre Tombini, aceitou
indicar Joaquim Levy, chancelado pelo mercado financeiro e que, para
inconformismo do PT, atuou no governo FHC, sendo atualmente, presidente da “Bradesco Asset Management”. Ao que se
comenta, o nome de Levy foi “sugerido”
por Lázaro Brandão, o atual “todo
poderoso” daquele Banco. Para o Ministério do Desenvolvimento irá o Senador
Armando Monteiro, porta voz da classe empresarial, como Presidente da
Confederação Nacional da Indústria. Por outro lado, parece que já se frustraram
os planos de se levar Jacques Vagner para a Presidência da Petrobrás. Não é
hora de políticos, dizem os técnicos da Empresa, não envolvidos no escândalo.
Para se restaurar o prestigio da outrora “jóia
da coroa”, ou se busca alguém de dentro, acima de qualquer suspeita, ou se
traz um empresário de peso, afinado com o setor e infenso a influencias
políticas, como, por exemplo, o presidente do “Grupo Gerdau”. Assim, a base aliada, incluído o PT, terá que se
satisfazer com ministérios de menor expressão. O problema é saber se, quando o
“lava-jato” chegar à classe política
e bater a sua porta – e já bateu, segundo a última edição de “Veja” -, a Presidente conseguirá
resistir às denuncias de corrupção, que, de muito, extrapolam os limites da
Petrobrás. O certo é que a palavra “impeachment”,
sussurrada, quando estourou a “petropropina”,
agora é pronunciada, em voz alta, até mesmo entre empresários de grande porte,
que temem por um 2015 catastrófico. E, para piorar o que já estava péssimo, a
Presidente perde a decisiva colaboração do ilustre advogado Márcio Tomás Bastos
que, além da sua competência, transitava, com desenvoltura, nas diversas “alas” do Poder Judiciário. Como me disse
um colega, advogado de Construtora envolvida, “perdemos nosso treinador, agora é cada um por si.” Para Collor a
estratégia não funcionou. Funcionará para Dilma?
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