segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Collor Revisitado

Quando o então Presidente Collor estava ameaçado de ser apeado da Presidência da República (e os desmandos, a ele imputados eram absolutamente inexpressivos, se comparados ao “mensalão” e ao caso Petrobrás), imaginou que se salvaria, constituindo um novo Ministério, integrado por figuras exponenciais da Republica, como – para dar um único exemplo – o jurista Célio Borja, que ocupou a Pasta da Justiça. Como sabemos, inútil foi a estratégia utilizada, vez que Collor foi deposto, menos pelos atos de corrupção e muito mais por sua incompetência política de “barganhar” com o Congresso. A meio do terremoto que atinge seu governo, a Presidente Dilma dá sinais de que repetirá a mal sucedida estratégia de Collor. Para aplacar a bancada ruralista, convidou Kátia Abreu, representante maior do agronegócio e desafeta do PT, para o Ministério da Agricultura. Para a Pasta da Fazenda, depois da tentativa frustrada de indicar o dócil Alexandre Tombini, aceitou indicar Joaquim Levy, chancelado pelo mercado financeiro e que, para inconformismo do PT, atuou no governo FHC, sendo atualmente, presidente da “Bradesco Asset Management”. Ao que se comenta, o nome de Levy foi “sugerido” por Lázaro Brandão, o atual “todo poderoso” daquele Banco. Para o Ministério do Desenvolvimento irá o Senador Armando Monteiro, porta voz da classe empresarial, como Presidente da Confederação Nacional da Indústria. Por outro lado, parece que já se frustraram os planos de se levar Jacques Vagner para a Presidência da Petrobrás. Não é hora de políticos, dizem os técnicos da Empresa, não envolvidos no escândalo. Para se restaurar o prestigio da outrora “jóia da coroa”, ou se busca alguém de dentro, acima de qualquer suspeita, ou se traz um empresário de peso, afinado com o setor e infenso a influencias políticas, como, por exemplo, o presidente do “Grupo Gerdau”. Assim, a base aliada, incluído o PT, terá que se satisfazer com ministérios de menor expressão. O problema é saber se, quando o “lava-jato” chegar à classe política e bater a sua porta – e já bateu, segundo a última edição de “Veja” -, a Presidente conseguirá resistir às denuncias de corrupção, que, de muito, extrapolam os limites da Petrobrás. O certo é que a palavra “impeachment”, sussurrada, quando estourou a “petropropina”, agora é pronunciada, em voz alta, até mesmo entre empresários de grande porte, que temem por um 2015 catastrófico. E, para piorar o que já estava péssimo, a Presidente perde a decisiva colaboração do ilustre advogado Márcio Tomás Bastos que, além da sua competência, transitava, com desenvoltura, nas diversas “alas” do Poder Judiciário. Como me disse um colega, advogado de Construtora envolvida, “perdemos nosso treinador, agora é cada um por si.” Para Collor a estratégia não funcionou. Funcionará para Dilma?

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