segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

Novo ano, velhas conversas

Aproveito a folga, entre o Natal e o Ano Novo, para cumprir tarefa, que sabia pouco prazerosa, mas que devia levar a termo, primeiro, porque se tratava de ler um livro e, segundo, porque me foi emprestado, com especiais recomendações, por amigo de largas leituras. O imortal Nelson Rodrigues ensinava que toda unanimidade é burra e cá estou eu para confirmar o mestre. Não acho, por exemplo, que o Neymar seja tudo isto. Brilha, quando o adversário é medíocre e, ao contrário, diante de um “Bayern”, por exemplo, trata de se esconder e não foi por outra razão que foi para  a França, segundo escalão do futebol europeu. Não o queria em meu time e olha que sou Botafogo. Mas, volto ao livro, cujo autor, Dan Brown, com seu “O Código da Vinci” vendeu 80 milhões de exemplares. O livro é chato, repleto de artimanhas pueris, como a do personagem – herói que se atira do alto do Museu do Louvre em cima de caminhão, carregado de alface, o que o permite se safar e partir para outras heroicas aventuras. O livro da vez e de que me livrei, nestas festas natalinas, é “Origem”, do mesmo autor, que pretendeu debater a origem (de onde viemos) e o fim (para onde vamos) do ser humano. As mesmas e impossíveis aventuras dos personagens principais, que bem poderiam chamar “Homem Aranha, Batman, Superman e assemelhados”. Boa parte do livro é contando histórias de castelos e catedrais, pintores e arquitetos, o que se justifica, porque, como nos indica a “orelha” do livro, a esposa do autor é “pintora e historiadora” da arte, tendo colaborado na obra, em questão. Quanto ao tema proposto, é primário, tanto do ponto religioso, quanto do ponto científico. O personagem principal, Edmond Kirsch, que se dispõe a demitir Deus da criação do mundo, é constituído de modo superficial, a combinar com a superficialidade de suas ideias e de maneira fantasiosa – e bota fantasiosa nisto – de estratificar a nova verdade de que  “as religiões das trevas partiram e reina a da ciência”.
Mas “Origem” segue na relação de os mais vendidos de 2017. Em mim, nada acrescentou e nem mesmo arranhou a convicção de quem vê Deus em tudo, o alfa e o ômega da existência humana. Nietzsche queria matar Deus, mas acabou mesmo se matando. Darwin, com sua teoria evolucionista, frustrou-se, à loucura, por não ter chegado ao ponto inicial.

Para desintoxicar, dou as mãos a Isabel Allende e vou, com ela, “Muito Além do Inverno”.

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