De tempo em tempo, surge movimento, pretendendo grandes
transformações na estrutura da Igreja Católica Apostólica Romana, como, por
exemplo, a ordenação de mulheres, o casamento homossexual, o reconhecimento do
divórcio, como ato natural, a descriminalização do aborto e tantos outros temas
polêmicos. Quase sempre, tais propostas vêm de agnósticos ou de teólogos
teóricos, assim designados por não serem católicos praticantes. A Igreja Católica,
como sabemos, fortaleceu-se ao longo de mais de 2.000 anos, quando os
apóstolos, guiados pelo Espírito Santo, peregrinaram pelo mundo, pregando a “boa nova”, resumida pelo Messias em “amai-vos uns aos outros”. Foram séculos
de renhidas batalhas, até se consolidar, como a conhecemos hoje, predominando,
em todos os países civilizados. Mesmo os que com ela romperam, por questões
pontuais, como Lutero, não apagaram suas linhas essenciais: “Cristo vive, Cristo reina, Ele é o poder e a
glória para sempre.” As tendências, excessivamente renovadoras – chamadas,
politicamente, “progressistas” – não encontram
espaço para se desenvolverem, pela simples razão que, na religião, cultuamos a
fé, a esperança e a caridade. Aqueles que pretendiam um Cristo revolucionário,
na acepção social do termo, decepcionaram-se e preferiram traí-lo, como Judas
Escariotes. A “revolução” que Cristo
pregava era a do “amor”, para a qual
não eram necessários “nem ouro, nem
espada”. E a Igreja cresceu, seguindo essa linha, sem priorizar o
populismo. Quando olhamos para trás e examinamos os “avanços” do Concílio Vaticano II, realizado em 1962, concluímos que
é, no mínimo, precipitado afirmar que ele tirou a Igreja Católica da era
medieval e a trouxe para a modernidade.
Isto porque moderna a Igreja sempre será, na medida que traduz o mais forte
sentimento do Cristão: a fé! Aquelas questões pontuais serão debatidas e
solucionadas a seu exato momento, depois do devido período de maturação. Antes
de pleitearem mudanças, que não alterarão a espinha dorsal da Igreja, o
verdadeiro católico deve ter conhecimento, objetivo e subjetivo, dos
significados dos “ritos” praticados.
O Papa Bento XVI, o mais culto pontífice do último século, desenvolveu todo um
trabalho para nos ensinar o real profundo sentido da eucaristia, “fonte e ápice da vida e da missão da Igreja”,
quando “Deus vem corporalmente a nós,
para continuar a sua ação em nós e através de nós” (in “Sacramentum Caritatis”, pag.9). Entender
a plenitude desse “encontro”, estar
preparado para ele é muitíssimo mais importante do que, por exemplo, debater o
celibato sacerdotal. O pouco conhecimento e o desprezo com que se defronta com
o ritual litúrgico é questão mais relevante, esta, sim, a merecer profunda
reflexão. Quando o sacerdote nos oferece “o
corpo e o sangue de Cristo”, não se pode sair, correndo, com a hóstia por
entre os dedos. Aquele, para o verdadeiro cristão, é momento de suprema beleza:
“o corpo e o sangue de Cristo”, que
chega até nós, para nos dar esperança. É como se Cristo, naquele momento, nos
tomasse pelas mãos e nos dissesse “vem
comigo, eu vou ajudá-lo a carregar sua cruz”.
Certa feita, em uma de suas prazerosas homilias, meu inefável
Cônego Sergio Conrado perguntou à assembleia quem se lembrava dos nomes de seus
padrinhos de batismo. Mudez total, porque transformamos o ingresso na religião,
tal qual ocorre com o matrimônio, em mero acontecimento social. A Igreja
Católica não precisa de ser “arejada”,
vez não estar ela impregnada de ar impuro. De igual sorte, prescinde ela de ser
“popularizada”. Repetindo Bento XVI,
a Igreja Católica precisa de qualidade e não quantidade de fiéis. Ir à Igreja
para agradecer, pedir, orar ou, simplesmente “sentir” a paz que de lá emana.
Abdiquemos de nossas
vazias pretensões e deixemos que a própria Igreja, através de seus sacerdotes,
que se preparam para isto, resolvam suas questões internas. Deus sempre estará
conosco para aliviar nossos sofrimentos e de nós apenas espera que nossa vida
se manifeste em amor ao próximo.
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