quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

A Igreja e o Povo de Deus


De tempo em tempo, surge movimento, pretendendo grandes transformações na estrutura da Igreja Católica Apostólica Romana, como, por exemplo, a ordenação de mulheres, o casamento homossexual, o reconhecimento do divórcio, como ato natural, a descriminalização do aborto e tantos outros temas polêmicos. Quase sempre, tais propostas vêm de agnósticos ou de teólogos teóricos, assim designados por não serem católicos praticantes. A Igreja Católica, como sabemos, fortaleceu-se ao longo de mais de 2.000 anos, quando os apóstolos, guiados pelo Espírito Santo, peregrinaram pelo mundo, pregando a “boa nova”, resumida pelo Messias em “amai-vos uns aos outros”. Foram séculos de renhidas batalhas, até se consolidar, como a conhecemos hoje, predominando, em todos os países civilizados. Mesmo os que com ela romperam, por questões pontuais, como Lutero, não apagaram suas linhas essenciais: “Cristo vive, Cristo reina, Ele é o poder e a glória para sempre.” As tendências, excessivamente renovadoras – chamadas, politicamente, “progressistas” – não encontram espaço para se desenvolverem, pela simples razão que, na religião, cultuamos a fé, a esperança e a caridade. Aqueles que pretendiam um Cristo revolucionário, na acepção social do termo, decepcionaram-se e preferiram traí-lo, como Judas Escariotes. A “revolução” que Cristo pregava era a do “amor”, para a qual não eram necessários “nem ouro, nem espada”. E a Igreja cresceu, seguindo essa linha, sem priorizar o populismo. Quando olhamos para trás e examinamos os “avanços” do Concílio Vaticano II, realizado em 1962, concluímos que é, no mínimo, precipitado afirmar que ele tirou a Igreja Católica da era medieval e a trouxe  para a modernidade. Isto porque moderna a Igreja sempre será, na medida que traduz o mais forte sentimento do Cristão: a fé! Aquelas questões pontuais serão debatidas e solucionadas a seu exato momento, depois do devido período de maturação. Antes de pleitearem mudanças, que não alterarão a espinha dorsal da Igreja, o verdadeiro católico deve ter conhecimento, objetivo e subjetivo, dos significados dos “ritos” praticados. O Papa Bento XVI, o mais culto pontífice do último século, desenvolveu todo um trabalho para nos ensinar o real profundo sentido da eucaristia, “fonte e ápice da vida e da missão da Igreja”, quando “Deus vem corporalmente a nós, para continuar a sua ação em nós e através de nós” (in “Sacramentum Caritatis”, pag.9). Entender a plenitude desse “encontro”, estar preparado para ele é muitíssimo mais importante do que, por exemplo, debater o celibato sacerdotal. O pouco conhecimento e o desprezo com que se defronta com o ritual litúrgico é questão mais relevante, esta, sim, a merecer profunda reflexão. Quando o sacerdote nos oferece “o corpo e o sangue de Cristo”, não se pode sair, correndo, com a hóstia por entre os dedos. Aquele, para o verdadeiro cristão, é momento de suprema beleza: “o corpo e o sangue de Cristo”, que chega até nós, para nos dar esperança. É como se Cristo, naquele momento, nos tomasse pelas mãos e nos dissesse “vem comigo, eu vou ajudá-lo a carregar sua cruz”.
Certa feita, em uma de suas prazerosas homilias, meu inefável Cônego Sergio Conrado perguntou à assembleia quem se lembrava dos nomes de seus padrinhos de batismo. Mudez total, porque transformamos o ingresso na religião, tal qual ocorre com o matrimônio, em mero acontecimento social. A Igreja Católica não precisa de ser “arejada”, vez não estar ela impregnada de ar impuro. De igual sorte, prescinde ela de ser “popularizada”. Repetindo Bento XVI, a Igreja Católica precisa de qualidade e não quantidade de fiéis. Ir à Igreja para agradecer, pedir, orar ou, simplesmente “sentir” a paz que de lá emana.
Abdiquemos de  nossas vazias pretensões e deixemos que a própria Igreja, através de seus sacerdotes, que se preparam para isto, resolvam suas questões internas. Deus sempre estará conosco para aliviar nossos sofrimentos e de nós apenas espera que nossa vida se manifeste em amor ao próximo.


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