segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

Lula: o dia seguinte

Confesso que fiquei desapontado com as consequências do resultado do julgamento de Lula. Afora trôpegas manifestações, de júbilo ou tristeza, aqui e ali, a população manteve-se alheia, ao que deveria ser o grande acontecimento do ano iniciante. Tal reação asséptica foi boa ou ruim? Difícil fazer avaliação, principalmente em nossa Capital, em véspera de feriado “imprensado”, com as pessoas,  apressadas, em busca das praias ou das montanhas. Mesmo em Porto Alegre, o aparato de guerra montado, mostrou-se exagerado. Na verdade, a própria mídia supervalorizou o julgamento, cujo resultado até Nara, minha anciã cadela, que detesta política, já conhecia. O sistema Financeiro foi o único, a demonstrar euforia, com a bolsa subindo e o dólar despencando. Mas desconfio que tenha sido para especulação. Os “embargos de declaração” passavam a ser a expressão mais utilizada pelos jornalistas. Na verdade, trata-se de recurso de nenhuma importância e  que já deveria ter sido extinto, pois servem apenas para adiar, por curto lapso de tempo, a eficácia da sentença. No caso de Lula, aposto os 10 dedos das mãos que serão rejeitados. Como o Supremo Tribunal Federal, em sua mais melancólica composição, tornou-se órgão político, aposto os 10 dedos dos pés que até a publicação do resultado dos embargos, a Corte (?) já reviu aquela decisão, de fevereiro de 2016, que admitia a prisão do réu, cuja sentença condenatória é confirmada pelo Tribunal Regional. Então, ficará Lula condenado, mas aguardando, em liberdade, o julgamento de outros recursos, o que pode se arrastar por vários anos. A bola, então, vai para os pés da Justiça Eleitoral, que decidirá se Lula poderá disputar a presidência. Como nada mais tenho a apostar, que tenha valor extrínseco, fico na encolha, mesmo achando que o radicalismo se exacerbará. Lula, candidato ou não, estará nos palanques, vitimizando-se e, mais do que nunca, propondo a instalação de uma “República proletária”. É, no mínimo, precipitado afirmar que a condenação de Lula viabilizou a vitória de candidato do “centro”. Necessariamente, o caminho do lulopetismo será uma guinada à extrema esquerda, ao qual se oporá, via de consequência, um candidato de extrema direita, no caso, Jair Bolsonaro. Por enquanto, por mais lúgubre que seja este é o quadro político, no momento, desenhado para nosso melancólico país.

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