Confesso que fiquei desapontado com as consequências do
resultado do julgamento de Lula. Afora trôpegas manifestações, de júbilo ou
tristeza, aqui e ali, a população manteve-se alheia, ao que deveria ser o
grande acontecimento do ano iniciante. Tal reação asséptica foi boa ou ruim?
Difícil fazer avaliação, principalmente em nossa Capital, em véspera de feriado
“imprensado”, com as pessoas, apressadas, em busca das praias ou das
montanhas. Mesmo em Porto Alegre, o aparato de guerra montado, mostrou-se
exagerado. Na verdade, a própria mídia supervalorizou o julgamento, cujo
resultado até Nara, minha anciã cadela, que detesta política, já conhecia. O
sistema Financeiro foi o único, a demonstrar euforia, com a bolsa subindo e o dólar
despencando. Mas desconfio que tenha sido para especulação. Os “embargos de
declaração” passavam a ser a expressão mais utilizada pelos jornalistas. Na
verdade, trata-se de recurso de nenhuma importância e que já deveria ter sido extinto, pois servem
apenas para adiar, por curto lapso de tempo, a eficácia da sentença. No caso de
Lula, aposto os 10 dedos das mãos que serão rejeitados. Como o Supremo Tribunal
Federal, em sua mais melancólica composição, tornou-se órgão político, aposto
os 10 dedos dos pés que até a publicação do resultado dos embargos, a Corte (?)
já reviu aquela decisão, de fevereiro de 2016, que admitia a prisão do réu,
cuja sentença condenatória é confirmada pelo Tribunal Regional. Então, ficará
Lula condenado, mas aguardando, em liberdade, o julgamento de outros recursos,
o que pode se arrastar por vários anos. A bola, então, vai para os pés da Justiça
Eleitoral, que decidirá se Lula poderá disputar a presidência. Como nada mais
tenho a apostar, que tenha valor extrínseco, fico na encolha, mesmo achando que
o radicalismo se exacerbará. Lula, candidato ou não, estará nos palanques,
vitimizando-se e, mais do que nunca, propondo a instalação de uma “República proletária”. É, no mínimo,
precipitado afirmar que a condenação de Lula viabilizou a vitória de candidato
do “centro”. Necessariamente, o caminho
do lulopetismo será uma guinada à extrema esquerda, ao qual se oporá, via de
consequência, um candidato de extrema direita, no caso, Jair Bolsonaro. Por
enquanto, por mais lúgubre que seja este é o quadro político, no momento,
desenhado para nosso melancólico país.
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