sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

PARCAS CONSIDERAÇÕES SOBRE O PODER E A FORÇA DA ALEMANHA



Sempre gostei de história, fonte para compreender o mundo, em todas as épocas, até porque os fatos se repetem, como se guiados por inexorável determinismo. E, nesse contexto, tenho quase obsessão pela Alemanha e sua capacidade de superar os sucessivos reveses suportados, principalmente ao longo do século 20. Nesse século, as vicissitudes do povo alemão afloram quando, derrotada na primeira guerra mundial,  é compelida a assinar o “Tratado de Versailles”, pelo qual perde 1/3 de sua população e território, impõe-se-lhe pesada  indenização   financeira, a ser paga aos países vencedores, além de outras sanções, que iriam impactar a já combalida economia, que  perdera substancial força de trabalho, nos campos de batalha. Em 1922, necessitava-se a astronômica soma de 01 bilhão de marcos para se comprar 01 dólar, o que levou a Alemanha  a requerer moratória, não aceita pela França, cujas tropas, em represália,  ocuparam o “distrito do Ruhr então mais importante centro industrial do país. O descontentamento do povo alemão, como sempre acontece em situações análogas, foi capitalizado por um líder emergente, Adolf Hitler,  hábil orador que, unido à classe conservadora, iniciou sua marcha em direção ao poder, onde chegou, como Primeiro Ministro, em janeiro de 1933, iniciando feroz perseguição a seus inimigos políticos e aos que considerava  racialmente inferiores”, especialmente, judeus e ciganos. Todavia, seu principal foco, ao ascender ao poder, era o raquítico estado da economia, com mais de 6 milhões de desempregados. Historicamente, pode-se afirmar que o desemprego, a brutal desvalorização da moeda e suas conseqüências, a carestia, tudo isto corroeu a democracia alemã, propiciando a chegada de Hitler ao governo. A partir daí, a Alemanha experimentou rápida e profunda recuperação sócio-econômica:  centenas de milhares de pessoas sairam da estatística do desemprego e passaram a trabalhar no campo ou em obras públicas, inclusive drenagem de terras, construção e reparos de estradas e ferrovias. Em final de 1934, quase um milhão de alemães foram empregados em vários planos de postos de trabalho com patrocínio do Estado, com destaque para a construção das “Autobahn”, rede de autoestradas, onde se utilizou pouco maquinário, exatamente para dar emprego ao máximo possível de pessoas. O certo é que dos 06 milhões de desempregados, de quando o Partido Nacional Socialista chegou ao poder, menos de 01 ano depois, restavam 1,7 milhão , que seriam rapidamente absorvidos pela indústria bélica e pela nova florescente indústria privada. Em 1937, acelerou-se o desenvolvimento de fábricas de borracha sintética e produção de gasolina, voltada para viabilizar projeto de produção de novo automóvel, destinado a se tornar o mais vendido no mundo – o Volkswagen Fusca. A Alemanha nazista era país capitalista, no qual os meios de produção ainda pertenciam, predominantemente, à iniciativa privada, que obtinha excelentes lucros, mas submetida à elevada carga tributária e alto grau de  controle estatal. Por outro lado, a extinção dos sindicatos independentes, fez com que salários e reivindicações trabalhistas ficassem  submetidas à chancela do Estado.  Em resumo era uma economia capitalista na qual os capitalistas não estavam no volante. Assim, já em 1936 a economia alemã superava a depressão e, em 1938, era a mais sólida da Europa, dando ao psicopata Adolf Hitler e sua troupe,  condições materiais para iniciar uma guerra que ceifaria cerca de 60 milhões de vidas e, mais uma vez, tal qual em 1918, destruiria a própria Alemanha. Contrariando todas as expectativas e quase sem nenhuma ajuda externa, graças ao denodo do povo e lideranças de homens,  como Konrad Adenauer,  já em final dos anos 60 a Alemanha, renascida das cinzas de 45, ocupava posição de liderança,  no cenário europeu, liderança esta que passou a ser absoluta no começo dos anos 80. Quando, em 1989, o “Muro de Berlim” foi posto abaixo, os sociólogos e economistas internacionais previram nova crise, gerada pela necessidade de a Alemanha Ocidental, postada na atualidade, ter que assimilar a anacrônica Alemanha Oriental, até então sob o jugo da União  Soviética . Contrariando os profetas dos caos, a crise não ocorreu e a união das “duas Alemanhas” foi quase indolor. Hoje, aquele país, hegemônico  em todo continente europeu, segura, pelas pontas dos dedos, a União Européia, cujos interesses nunca foram muito convergentes e que começou a se esfacelar com o “Brexit” . Até quando os alemães aceitarão pagar a conta da irresponsabilidade fiscal da Grécia, Espanha, Portugal, Itália, saberemos nas próximas eleições daquele País. Angela Merkel ainda goza de prestígio como “Dama de ferro”. Todavia, ventos nacionalistas, vindo, principalmente dos Estados Unidos, que elegeram Trump e da França, que dá favoritismo a Marine Le Pen, podem chegar à Alemanha que, em qualquer hipótese, não perderá sua liderança mundial e continuará como exemplo a ser seguido.

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