quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Considerações – inúteis – sobre a presidente do Supremo Tribunal Federal



Não estou nem aí, se me chamam de “politicamente incorreto”, como, outro dia, o fez promotor que me desancou, afirmando que,   se eu era contra a “lava jato”, era a favor da corrupção. Nem uma coisa, nem outra, apenas repudio o arbítrio e autoridades que buscam os holofotes para seus 15 minutos de fama. Sigo em frente, como sempre o fiz, braços dados a minhas idéias, coerência que procuro manter, apesar das    cacetadas que levo. A memória remota leva-me à adolescência, nem eleitor era e fui para o rádio de minha interiorana cidade, a fazer campanha para Jânio Quadros, candidato à presidente. Quando cheguei  em casa, meu pai, PSD histórico, partidário de Lott, estava com minha passagem de volta para São Paulo, onde estudava, em cima da mesa. Que eu fosse fazer propaganda do “adversário” em qualquer lugar, menos na casa dele! Recém ingressado na faculdade,  esbravejava nas românticas e inúteis“ assembléias”, contra o Jango e soltei rojão quando a Revolução estourou e venceu. Custou-me o desprezo de muitos, tanto que, na primeira eleição para o diretório acadêmico, perdi de lavada. Sou torcedor do Botafogo, talvez a única paixão avassaladora, que quis passar para os filhos. Como amor não é doença contagiosa, um é Flamengo, outro é Corintians e a filha é São Paulo – fazer o que? Fiz toda essa introdução para falar da Ministra Carmen Lucia, eleita, pela mídia;   a “musa do verão”. Outro dia, na “Globo News”, que já teve bom noticiário, mas, agora, está mais preocupada em atacar o Trump (será que ele perde o sono, por isso?), ouvi jornalista afirmar que Carmen Lucia ocupa o vácuo, deixado pelo Executivo e Legislativo. Mesmo o leigo sabe que, “ocupar vácuo” não é função de presidente da Corte Suprema, órgão que tem a obrigação de defender a Constituição, tantas vezes violada pela mesma Corte. Carmen Lucia, de modesta história no pensamento jurídico brasileiro, é mesmo chegada a factóides: viajou para o norte, com o intuito de conhecer o problema carcerário do País. Não precisava ir tão longe, bastaria, poupando a grana dos contribuintes, dar  um pulo até a “Papuda”, menos de 10 quilômetros de sua casa. Presídio inaugurado em 2.000, já está com acúmulo de presos três vezes sua capacidade. Depois, a Ministra convidou todos os Presidentes de Tribunais de Justiça para, juntos, pensarem solução para o problema da superpopulação carcerária. Reunião inócua, vez que as medidas propostas, além de não produzirem resultados de curto prazo, comprometerão a segurança pública, pois colocarão na rua criminosos   de alta periculosidade. Como bem situou ilustre Desembargador, que  me honra com sua  amizade,  parece que só o Poder Público desconhece que a briga das facções criminosas não é por melhores condições dos presídios, mas pelo controle e distribuição das drogas, vindas da Venezuela e países adjacentes. Agora, a Ministra, feita heroína e cogitada, até, para disputar a presidência da república,  anuncia que vai reduzir salários e vantagens dos Magistrados, de diferentes escalões, inclusive a venda de férias, direito de qualquer trabalhador. A Ministra goza de todos os privilégios de seu cargo: moradia, carro oficial, seguranças e empregados domésticos. Como é definitivamente solteira, seu    salário é mais do que suficiente para prover sua mantença. E como ficará o juiz, início de carreira, remetido à cidade do interior, tendo que pagar aluguel, escola para os filhos, mantendo, enfim, padrão de vida compatível com a relevância de sua função? Qualquer diretor jurídico de empresa privada (e conheço muitos que o são)  recebem salário mensal acima de 30 mil reais, além de benefícios, como plano de saúde de primeira linha, verba de representação, carro de luxo, benefícios esses que, somados, praticamente dobram o salário, que é mais do que ganha meu amigo Desembargador, com 35 anos de magistratura  e que recebe e desova a inimaginável carga de 100 ou mais processos por mês, além de participar de sessões semanais da Câmara de julgamento,  que integra. Dou outro significativo exemplo: o juiz da 2ª Vara Criminal da Comarca de Carapicuíba,   na “Grande São Paulo” que é uma das cidades com maior índice de criminalidade do Estado, também acumula a vara do Juri.  O edifício do forum local encontra-se em precário estado de conservação e a segurança é primária. Como ele reside em nossa Capital, tem  que enfrentar, em seu próprio carro, quilômetros de estrada congestionada, correndo o risco real de ser atacado por algum marginal, a quem aplicou justa pena. Não sei quanto ele ganha, mas, seguramente, é muito menos que seu trabalho e riscos justificariam. A ilustre Ministra que, antes de ser alçada pelo Supremo, nunca integrou o Poder Judiciário, ou desconhece a realidade, aqui, exemplificadamente, anunciada, ou faz “jogo de cena” para atrair holofotes. Não sei quantos processos S.Excia. tem, sob sua responsabilidade, mas melhor serviria aos jurisdicionados se limpasse seu acervo.
E, por falar em “musa do verão”, com todo o respeito, sou mais a Gizele Büchen.

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