Dois bêbados, escorados um no outro, andam pela avenida, em
passos trôpegos. De repente, um dos bêbados se desprende do outro e ambos caem.
Culpam-se, mutuamente pela queda, sem levar em conta que a culpa mesmo foi do
excesso de bebida ingerida. Esses bêbados chamam-se Dilma Rouseff e Eduardo
Cunha. Agora, ambos atingidos, a primeira pelo processo de impeachment e o
segundo pelo da cassação de seu mandato, acusam-se, um ao outro pelos
processos, a que vão responder. Na verdade, razões não sobram para o
impeachment da Presidente. Afirma ela ser honesta e não ter conta no exterior,
ao contrário de Eduardo Cunha. Todavia sua irresponsabilidade e sua culpa vêm
de larga data: Ceveró, em sua delação premiada, afirma que ela tinha pleno
conhecimento da compra da Refinaria de Pasadena, que provocou um prejuízo da
ordem de 01 bilhão de dólares à Petrobrás. Erenice, sua Chefe de Gabinete, à época
em que ocupava ela a Casa Civil do ex-presidente Lula, praticava tráfico de
influencias, no Gabinete ao lado, sendo inimaginável que ela, Dilma, não percebesse
que alguma coisa de ilícito estava sendo praticada, bem debaixo de seu nariz. Sua
última campanha presidencial foi abastecida com polpudos recursos ilícitos extraídos
da petropropina, fato que não mais admite contra prova, tanto assim é que seu
atual Ministro Chefe da Casa Civil e tesoureiro de sua campanha está sendo
investigado pelo Supremo Tribunal Federal e, ao que tudo indica, será
companheiro de cela de Vaccari, o arrecadador da primeira campanha e do PT. Pode
até ser que a Presidente, no plano estritamente pessoal, seja honesta, no
sentido de nunca ter desviado dinheiro público. Entretanto, o conceito de
honestidade não se exaure na avaliação do interesse pessoal. No plano político,
tal conceito se alarga e não pode ser considerada honesta uma pessoa que, para
se eleger, mente a seus eleitores, apresentando um Brasil irreal, mentira essa
que afloraria logo após sua posse. Tecnicamente, vivemos em estado de depressão
econômica, com desemprego crescente, com crescente queda de investimento, com
crescente aumento da inflação e com crescente perda de confiança no Brasil, no
cenário internacional. Esse conjunto de fatos é justa causa mais do que
suficiente para o afastamento da Presidente. E não sabemos o que mais a
operação lava jato trará de novidade, em relação ao comportamento da Presidente
e de seus apaniguados. Quanto ao outro bêbado, Eduardo Cunha, tantas são suas “pingas”
bebidas, que se torna desnecessário enumera-las. Suas contas, no exterior, seu espúrio
envolvimento com o BTG Pontual, sua crescente desmoralização entre seus pares, tudo
isso torna insuportável sua permanência à frente da Câmara dos Deputados. Assim,
deixemos esses melancólicos bêbados caídos, cada qual no seu canto e vamos ver
como podemos recuperar nosso melancólico País.
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