quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Mensagem

’Árvores da Floresta... balançai vossas copas, dançai. Já se pode ouvir... Ele está chegando!’’ Traz consigo apenas coisas de sim: a proposta de amor ao próximo, que se traduz em ação concreta em favor dos desvalidos; a proposta de respeito a todos, abstraídas as diferenças sociais e econômicas; a proposta da esperança de podermos melhorar sempre, em nosso benefício pessoal, em beneficio das pessoas, que amamos e em beneficio de nossa comunidade; a proposta de que podemos, com nosso grito de revolta, mas, acima de tudo, com nosso trabalho, melhorar o Brasil, porque é a terra que temos, onde estão fincadas nossas raízes. Ele está chegando, com seu sorriso doce, que perdoa nossos egoísmos, que aceita nossa mediocridade e nossos erros. Ele está chegando para nos dar a sua paz. Quem tem olhos para ver o verá através do coração e se sentirá melhor, porque sentirá o refrigério de sua presença. Que essa presença nos ensine que viver é uma simples conjugação de verbos: amar (nós amamos); respeitar (nós respeitamos); partilhar (nós partilhamos).

Agradeço a cada um de vocês, que me acompanharam nesta jornada, desejando que Ele tenha vindo para ficar em sua vida, neste natal e em todos os dias de sua vida. 

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Brasília e os vendedores de ilusão



Frequento Brasília desde o começo dos anos 70, quando ingressei no Ministério da Fazenda e, em razão do meu ofício, continuei a visitá-la, mesmo após ter me desligado daquele Órgão. Brasília – dentre tantos males sobre os quais aqui já discorri – tem especial característica: todo mundo se diz amigo intimo de um deputado, senador, ministro de qualquer coisa. Você sai do aeroporto, embarca em um taxi, diz onde vai e o motorista informa que tem um amigo na repartição tal que pode resolver seu problema. É a banalização do ‘’tráfico de influência’’. Eu mesmo vivi experiência, que merece ser relatada: durante largo lapso de tempo, processo de meu interesse dormitava na mesa de Ministro do Superior Tribunal de Justiça. Meu cliente tinha contratado, para acompanhar o processo, em Brasília, ilustre advogado, residente naquela cidade, que se dizia amigo do tal Ministro, que com ele ‘’churrascava’’ aos domingos e outras glórias. Apesar de tudo isso, o processo mantinha-se em sono profundo. Um dia, estava eu naquela Capital, para tratar de outro assunto e, como se me sobrava tempo, fui ao STJ para tentar acordar o monstro adormecido, esquecido numa pilha no respectivo Cartório. Esperei que o Ministro retornasse da sessão de julgamento e solicitei audiência imediata, no que fui prontamente atendido. Para encurtar a historia: passado menos de um mês daquela audiência, a decisão do Ministro já estava publicada, sem qualquer interferência, a não ser a minha, que tinha legitimidade para fazê-lo. Faço este relato a propósito das aleivosias assacadas contra o Ministro do STJ, Marcelo Navarro Ribeiro Dantas que, apenas com a lei debaixo do braço, decidiu que alguns réus presos, da operação ‘’lava jato’’, deveriam ter suas prisões convertidas em prisão domiciliar. Tão logo anunciado seu voto, as cassandras de plantão enxergaram ‘’interesses escusos’’, a motivarem aquela decisão, apenas porque o falastrão Senador Delcídio do Amaral, naquela conversa gravada pelo filho de Ceveró, fez menção ao nome do Ministro. Na verdade, a proposta de substituição do regime de prisão dos réus, formulada pelo Ministro Ribeiro Dantas, chega a ser tímida, vez que, à luz do bom direito, deveriam eles ser postos em liberdade, seja porque desapareceram as causas, motivadoras da prisão preventiva, seja porque, condenados, têm o constitucional direito de recorrer em liberdade. O Juiz, ao julgar, deve ter como única motivação seu livre convencimento, que não pode se submeter a qualquer tipo de pressão. Infelizmente, a operação “lava jato”, tão bem conduzida na fase policial, vem sendo empanada, na fase judicial, pela vaidade emanada do brilho dos refletores. Decisões arbitrárias vêm sendo cometidas e essas devem ser reparadas pelos tribunais superiores, como a ora proposta pelo Ministro Ribeiro Dantas. A isto se chama ‘’fazer justiça’’ ou ‘’dizer o Direito’’, proteção a todos nós, independente de condição social ou econômica.  

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Quarta feira: para rir ou para chorar

Amanhã, o Brasil estará com seus olhos voltados para o Supremo Tribunal Federal. O Ministro Edson Fachin, ainda refém de seu visgo petista, interferiu no Poder Legislativo e suspendeu o processo de impeachment da Presidente Dilma, quebrando o principio constitucional da soberania dos poderes. Cumpriu Fachin seu papel de serviçal do Planalto. Com o tempo, suportará ele, com desenvoltura, o peso da toga e constatará que a responsabilidade de integrar aquela Corte é maior do que quaisquer interesses, venha de onde vierem. A matéria, a ser apreciada nesta quarta-feira, não traz qualquer dificuldade, basta que se adote o mesmo procedimento, utilizado na cassação do Presidente Collor. Não há o que inovar, até porque, ao contrário do que pensa o Ministro Fachin, falece ao Supremo poderes para ‘’criar’’ normas, atribuição inerente ao Legislativo. Espera-se, todavia, que o servilismo do Ministro Fachin seja obstado pelo legalismo de seus pares, principalmente os de lastro jurídico mais sólido, como é o caso dos Ministros Marco Aurélio, Celso de Mello e Gilmar Mendes. O ideal mesmo é que um desses Ministros pedisse ‘’vista’’, o que jogaria a solução do impasse para fevereiro, permitindo que o recesso acalmasse os ânimos e o Brasil tivesse 40 dias para alcançar, com bom senso, a solução que melhor atenda a seus interesses. Urgente mesmo, é o afastamento de Eduardo Cunha da presidência da Câmara, vez não ter ele estofo moral para conduzir a primeira fase do processo de impeachment. Aliás, a nau dos desesperados do Planalto tem utilizado a decrepitude moral de Cunha, para blindar a Presidente. Ora, até o cachorro, que cochila a meu lado, sabe que o pedido de impeachment tem, como subscritor principal, o jurista Helio Bicudo, que tem, em seu currículo, o registro de ser fundador do PT. Aliás, Dilma envidou esforços para ‘’salvar’’ Cunha, até que os representantes do PT, na Comissão de Ética, obedecendo ao comando de Rui Falcão, resolveram jogar Cunha na fogueira e ele, como bom ‘’negocista’’, que retinha o pedido de impeachment, elaborado por Helio Bicudo, jogou-o às feras. A idéia de segurar o julgamento, no Supremo, até fevereiro, poderá trazer a Presidente Dilma à reflexão. Talvez a faça pensar, menos em si mesma e mais no número de desempregados, que cresce a cada dia, porque o País ‘’parou’’, porque nela ninguém mais confia. E essa reflexão poderá levar a Presidente, num gesto de grandeza, a renunciar. Não que Michel Temer seja o ideal para o Brasil, mas, como diria o filósofo Tiririca, ‘’pior que está, não fica’’. 

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Saber onde é o seu lugar

Outro dia, lia eu antiga crônica do escritor Mario Prata, onde fala ele da fixação que temos por lugar, no sentido de ‘’espaço ocupado’’, o que, só nos permite ver as coisas do mesmo ângulo, com prejuízo, em relação a uma visão, por inteiro. Recostei na poltrona e viajei no tempo e não é que meu ilustre conterrâneo tem razão? No grupo escolar e no ginásio, minha carteira situava-se no centro da sala de aula, mas sempre a mesma, por mim, unilateralmente escolhida e mantida, do primeiro ao ultimo dia de aula. No curso clássico e na faculdade, era eu o segundo, na extrema direita do professor, Na casa de meus pais, era o primeiro, à direita do ‘’velho’’ e a foto, aqui na parede, não me deixa mentir. Perdia eu, daquele lugar, a visão da janela que se abria, da sala de jantar, para o corredor lateral, cujo muro era coberto por acácias e flamboyants. Em minha casa, sento-me na cadeira, ao lado da cabeceira da mesa, de costas para a parede. Como diz um dos meus filhos: ‘’aqui, ninguém tem lugar marcado, desde que se sente, sempre, no mesmo’’. Em meu escritório, a mesa de reunião é redonda, mas me sento na mesma cadeira, defronte à porta. Desde a época de criança, nos ‘’rachas’’ de rua, tijolos à guisa de traves, fui goleiro e segui goleiro, no ginásio, no colégio, na faculdade, no futebol de praia e terminei goleiro, alguns anos atrás, num jogo de futebol society, quando, esquecido da carteira de identidade, fiz uma defesa acrobática. Quatro para me tirarem do chão e me levarem para casa e dar por encerrada minha longeva carreira. Em resumo, repetindo Mario Prata, sempre soube onde era meu lugar. Ah, esqueci de dizer que, na missa dominical, sento-me, de larga data, no mesmo banco. E, para não correr o risco de vê-lo ocupado (o que, por certo me deixaria bastante irritado), procuro chegar à Igreja, com antecedência. É claro que esta obsessão, ou, vá lá, mania de ocupar sempre o mesmo lugar, tem a desvantagem de ver as coisas sempre pelo mesmo ângulo. Por isso, perdi as flores na infância, como não via o céu, no colégio, olhos voltados para a parede. De minha cadeira de trabalho, perco a visão da Avenida Paulista e, da mesa de reunião, apenas contemplo a porta, como se estivesse vigilante ao ataque invasor. Todavia, saber qual é o meu lugar, envolve-me em sensação de segurança, protegido das surpresas que, nesta quadra da vida, tornam maiores os perigos a serem enfrentados.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Sobre natal e presentes de...

Corre a boca solta que este será o natal dos presentinhos, adquiridos no mercado alternativo. Lamento, pelos comerciantes estabelecidos e pelos empregos não gerados. Por outro lado, rejubilo-me, porque talvez seja a oportunidade de as pessoas, angustiadas em seus apertos financeiros, até como quem grita por socorro, pensarem um pouco no ‘’dono da festa’’, o aniversariante, que nasceu humilde, viveu humilde e pregou a humildade. Já faz muito tempo que divido o natal em duas partes, absolutamente distintas: o natal do menino Jesus, festa maior da cristandade (este ‘’maior’’ a gente discute em outra ocasião!) e o Natal do comércio, da troca de presentes. Sempre gostei dos dois, por mais que o segundo banalize o primeiro. Emociono-me com a coragem de Maria, a credulidade de José e a candura daquela criança. Pelo menos para mim, o presépio é o verdadeiro símbolo da festa, enquanto a arvore é o enfeite, o chamariz do comércio para o consumo. Todavia, também me alegra o segundo. Pelo menos, um dia no ano, lembramo-nos que nosso semelhante existe, principalmente o porteiro, que nos abre a porta, o manobrista, que nos traz o carro, o garçom, que nos serve a mesa, o lixeiro, que remove os dejetos, essas pessoas anônimas que, no cotidiano, passam-nos indiferentes, mas sem as quais o viver seria quase impossível. Os idiotas da objetividade – para relembrar Nelson Rodrigues – repudiam o Natal – ou dizem repudiá-lo – alegando ser ele o momento em que afloram, com mais intensidade, as diferenças socioeconômicas. Mas, o que fazem eles, ao longo do ano, para minimizarem essas diferenças? A que instituições ajudam? Modestissimamente, faço minha parte, julgando-me merecedor de comemorar os dois ‘’natais’’. Ainda me emociono, vendo, agora meus netos, rasgando e abrindo pacotes, em busca do presente secreto. Procuro ler em seus olhos o contentamento ou a satisfação. Como os tempos são bicudos, há que se usar com parcimônia cartão de crédito e de débito. Eu, cá de mim, tenho critério definido para presentear: às crianças, brinquedo; aos familiares, roupa e aos amigos e clientes, livro ou vinho. Como o aumento do dólar jogou o preço de qualquer vinho honrado acima do limite estabelecido, este ano irei de livro, especialmente dois, que acabei de ler e que inundaram de prazer meu coração e mente. Falo de ‘’O Doador de Memórias’’ e de ‘’Unidos do Outro Mundo’’ este ultimo, saborosa e digestiva ficção do Boni, que nos faz viajar com ele, visitando artistas, que já se foram, mas que se imortalizaram em suas diferentes artes. O ‘’Doador de Memórias’’ nos faz refletir sobre o mundo preferido: esse, que vivemos, nesta alternância de ódio e amor, alegria e tristeza, vitoria e fracasso, ou, outro, absolutamente simétrico, sem conflitos reais e sentimentais. E, antes que eu me esqueça, ambos custam menos de 50 reais! 

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

O eterno retorno da história



É realmente impressionante como os fatos históricos vão se repetindo, tão mais rapidamente quanto seja a fragilidade do País, onde tais fatos se sucedem. Vejam o exemplo do Brasil: ontem, em 1991, quando se instaurou o processo de impeachment do então presidente, Fernando Collor de Mello, constituiu-se, na Câmara Federal, uma ‘’tropa de choque’’, cujo comandante era o deputado ‘’mensalão’’, Roberto Jefferson, com o objetivo de barrar o impeachment. O certo é que o choque da tropa deu com os burros n’água e Collor foi cassado, pela vontade da maioria esmagadora dos Congressistas. Agora, a história se repete: colocado na praça o impeachment da presidente Dilma e a cassação do Deputado Eduardo Cunha, ambos formaram suas respectivas ‘’tropas de choque’’, integradas por deputados de conhecida (má) reputação, a primeira contando, até com a colaboração de um Ministro do Supremo Tribunal Federal, o ultimo a ingressar na Corte e antigo escudeiro do petismo. São dois exércitos brancaleones – o de Dilma e o de Eduardo Cunha – verdadeiras forças do mal a pretenderem vencer a dignidade – ou o que sobrou dela – do povo brasileiro. Dilma, tentando transformar em verdade a mentira, repete, incontáveis vezes, que ‘’não cometeu nenhum crime’’, como se o prejuízo dado à Petrobrás, pela tenebrosa transação da Refinaria de Pasadena, não constituísse nenhum crime. Como se o dinheiro, ilicitamente desviado da Petrobrás para abastecer sua campanha, não constituísse nenhum crime. Como se as ‘’pedaladas’’, que contribuíram para essa depressão econômica, que retrai investimos, que gera desemprego, não constituíssem nenhum crime. A ‘’tropa de choque’’ dessa melancólica presidente, que se elegeu com 25% dos votos dos brasileiros, quer que o processo de impeachment seja julgado ainda em janeiro, período de férias, as grandes cidades esvaziadas, para que a população não exerça pressão, a favor do impeachment. São tão infamemente descarados, que não escondem, mais, declaram essa abjeta estratégia. Quanto a Eduardo Cunha, reflete ele o ignominioso nível do Congresso Nacional, em sua esmagadora maioria, freqüentadores do Código Penal. Dilma e Cunha se merecem e, ao contrário de Collor, sairão pelas portas dos fundos, se possível, em direção à Papuda. 

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

As voltas que o comportamento dá




Vocês já notaram como os usos e costumes viajam em círculo, passando, portanto, pelos mesmos pontos? Poderia dar dezenas de exemplos, mas vou ficar no campo do sexo, onde, em tempos idos e vividos, labutei, com razoável competência. Quando jovem, o simples pronunciar da palavra ‘’sexo’’ já era motivo de constrangimento, no geral e no particular e aqui me refiro à namoradinha! Lá pelo começo dos anos 60, amor e sexo eram duas coisas completamente distintas. Pegar na mão da namorada levava coisa de um mês e beijar então só lá pelo terceiro mês e olhe lá. E a ‘’coisa’’ parava aí, porque, se você ‘’avançasse o sinal’’, vinha logo um ‘’chega pra lá, que eu não sou dessas’’. Por mais que se amarrasse na namorada, sexo mesmo só na ‘’zona boêmia’’, existente em qualquer cidade do interior. Veio a revolução sexual dos anos 70, com a liberação da mulher, com o surgimento da pílula anticoncepcional, ponto de partida para outras conquistas femininas. A virgindade deixou de ser jóia rara, trancada a sete chaves, até o dia do casamento. Se o homem podia navegar no mar dos prazeres sexuais, por que a mulher não? E a mulher navegou, mas via de regra, vinculava o sexo ao amor. Ao contrário do homem, só se entregava ao namorado ou ao noive, sempre com muito afeto. A roda do tempo girou e os anos 90 criaram novo sentido para o verbo ‘’ficar’’, que passou a significar relacionar-se, sexualmente, com outro, sem qualquer compromisso. – ‘’Você está namorando fulano?’’, pergunta a amiga. – ‘’Não, ele é apenas meu ‘’ficante’’, responde a outra. Nas baladas, rapazes e moças beijam diferentes bocas e, na saída, faz-se balanço de quantas bocas cada qual beijou. O vencedor é tratado com reverencia, por sua ‘’turma’’. Outro dia, vi reportagem, dando conta de um local, no Parque do Ibirapuera, em que rapazes e moças, de bom nível socioeconômico, encontram-se apenas para beijar, que é a introdução do ‘’ficar’’. Chegam e saem sem saber o nome de seus parceiros, tantos os são. Se isto é bom ou ruim, estou muito velho para emitir qualquer juízo de valor, a respeito. Pode ser que banalize o ato sexual e os próprios participantes, mas é o que temos para o momento. 

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Para uma estrela anjo

Fez, ontem, 05 anos que você nos deixou, com a lembrança de seu sorriso de menina. Vejo-a, todos os dias, nas fotografias do quadro ao lado. Foi a maneira de tê-la, quase fisicamente presente, eu que a trago em meu coração. Oro por você, nas missas dominicais, mesmo sabendo que você, por ter sido um anjo, não precisa de orações. Sei que você vive entre os demais anjos, brinca com eles de esconde-esconde, por entre as nuvens e, à noite, cansada, repousa a cabeça no colo da Virgem Maria. Não estarei a recordar seu sofrimento, que você sofreu resignada, porque sabia que era apenas uma ponte, ligando a terra ao céu, onde seus amigos anjos a esperavam ansiosos para receber o seu sorriso largo – e brincar aquelas brincadeiras amalucadas, como aquele dia em que você, ainda engatinhando, subiu no forro de sua casa e, depois, vários degraus íngremes, que levavam ao topo do apartamento da praia. Desde o primeiro dia de sua chegada e até o dia de sua partida, você viveu conosco e sempre a amamos muito, como neta, filha e irmã e continuaremos a amá-la, como sei que você sempre nos amou, porque este tipo de amor, que não exige nada, que não permuta, esse amor, não só não se esgota, como se renova, constantemente. Lembro-me de que você demorou a falar, mas, quando começou, não parava mais e ainda posso escutar sua voz, canção angelical, aos meus ouvidos. Quando você se foi, eu disse que você virara uma estrela e, em meus momentos de tristeza, como quem busca um refrigério, eu procurava você no céu, para que o brilho, que vinha de você – estrela, me devolvesse o sentido da vida. Agora, você é um anjo, alegre, a mesma voz rouca, a mesma inquietude, mas, sei, que está a meu lado, que sorri para mim, como se me dissesse, “vai em frente, não desanime, qualquer coisa, fale comigo.” E quantas vezes eu falo, busco, no seu olhar alegre, forças para seguir em frente. Acho que, quando eu me for, não me encontrarei com você, porque você vai estar muito acima de mim, nos braços da Virgem Maria ou ouvindo as histórias, contadas por Jesus, que se fará, outra vez, menino, apenas para brincar com você. Nesse dia, esteja eu onde estiver, pagando meus pecados, você, que não os teve, tenho certeza, virá até mim para me dar alento.

Até outro dia, Giulia e me desculpe por você me ver chorar.

A lei e a real utilidade do Diplomata

Se você perguntar a qualquer estudante de Direito qual o artigo mais importante de nossa Constituição Federal, ele responderá: o art. 5º, porque nele está esculpido o principio da igualdade entre todos os cidadãos, ‘’sem distinção de qualquer natureza’’. A resposta está correta, o que está errado é o artigo, que constitui verdadeira ficção, vez que, ao longo do nosso ordenamento jurídico o que mais prevalece é o ‘’princípio da desigualdade’’. Querem alguns exemplos? O inciso I do próprio artigo 5º estabelece que ‘’homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações’’. Na prática, a mulher continua discriminada, no mercado de trabalho, prevalecendo os dotes físicos sobre os dotes intelectuais. Pergunto: entre uma negra, gorda, feia, mas competentíssima e uma loura boazuda, coxas torneadas, meio burrinha, confunde seção com sessão e cessão, quem você contrataria para ser sua secretária? O inciso III do mesmo artigo 5º diz que ‘’ninguém será submetido à tortura nem a tratamento desumano ou degradante’’. Só se for na França, como dizia aquele personagem do Chico Anísio. Nossos presídios são depósitos imundos de presos, tratados como se fossem animais peçonhentos. E, por falar em ‘’tortura’’, qual o nome que se dá a manter alguém preso, por prazo indeterminado, numa cela de 02 x 03, condicionando sua liberdade a que ele faça uma ‘’delação’’? Pergunte ao Marcelo Odebrecht o que ele preferiria: continuar preso, afastado de sua família, exercendo o direito de responder ao processo em liberdade – porque reúne condições para isso – ou se submeter a uma sessão de ‘’pau de arara’’. Mas, continuemos: o inciso IV do mesmo artigo 5º preceitua ‘’é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato’’. Apesar da clareza do texto constitucional, a Polícia e o Ministério Público pretendem institucionalizar o ‘’dedurismo’’ anônimo remunerado. Aponte, sem se identificar, um delinqüente e receba uma remuneração, eis o provável slogan da campanha, que nos remete aos sombrios dias do nazismo. Mas, vamos em frente: o inciso X do mesmo artigo dispõe que ‘’são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas...’’ Pura cascata! Encontram-se espalhadas pela cidade, inclusive em supermercados, quiosques, onde, pela módica quantia de 30 reais, levanta-se a vida privada de qualquer um, bastando fornecer o CPF do dito cujo. E vou parar por aqui, senão estourarei a paciência de quem esteja gastando seu tempo, lendo estas ‘’mal traçadas’’. E os privilégios, então, a derrubarem o tal princípio da isonomia? Vocês sabiam que o Brasil é o único País do mundo, onde o diplomado em curso superior tem direito a prisão especial, enquanto durar o processo? Pode ser o maior pilantra, ter matado a mãe a chineladas, mas, se tem diploma de curso superior, qualquer um – tantos agora o são –, enquanto não ocorrer o chamado ‘’trânsito em julgado da sentença’’, se preso estiver, terá direito à prisão especial. O diploma universitário reveste-lhe de uma auréola, que o torna desigualmente superior aos demais mortais. Assim, ter um diploma, mesmo que não se exerça a correlata profissão, é garantia desse injustificado privilégio. Talvez por isso as Faculdades venham se multiplicando, sem oferecer conteúdo a seus alunos. Mas, que bobagem, estou eu a falar! Pra que conteúdo, se o que vale mesmo é tão somente o diploma?

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Os bons ventos que sopram sobre a America Latina

Dois acontecimentos, diametralmente opostos, mas de significativa relevância, marcaram este ultimo final de semana. O primeiro deles foi a vitória da oposição, na Venezuela. Em que pese todo o arbítrio de Nicolas Maduro para que seu partido saísse vitorioso, o povo venezuelano privado, não só da liberdade, mas sufocado pela mais asfixiante inflação de sua história e vilipendiado por extraordinária corrupção, a envolver, inclusive, trafico de entorpecente, praticado por membros do Governo, esse povo sofrido exigiu, nas urnas, que se inaugurasse tempo de mudanças. A Venezuela, uma das maiores produtoras de petróleo, do mundo, tem tudo para se recuperar deste período nefasto de sua história, chamado ‘’chavismo’’. Mais do que vitoria da centro direita, foi a vitoria contra a opressão e a incompetência. Não sejamos, todavia, ingênuos. Morales e seus apaziguados não entregarão o poder, só porque o povo assim o exige. Maduro, criatura nefasta gerada por Hugo Chaves, tudo fará para limitar os poderes do Parlamento e possui a sua ‘’SS’’ para oprimir seus adversários. Entretanto, o momento é de esperança, a mesma esperança que se espargiu sobre a Argentina, com a vitória de Maurício Macri.

 O segundo acontecimento foi o lançamento, pelo fracassado político, Ciro Gomes, de uma ‘’frente da legalidade’’, para se opor ao impeachment da presidente Dilma. Quem tem mais de 60 anos, lembra-se da ‘’Rede da legalidade’’, intentada por Leonel Brizola para salvar o agonizante governo João Goulart, que pretendia transformar o Brasil em uma república sindicalista. A diferença entre Ciro e Brizola é gritante: Brizola sempre foi coerente, em sua linha ideológica, enquanto Ciro Gomes é um oportunista: ‘’cria’’ de Tarso Jereissati, ingressou, na política, pela Arena, partido de regime militar. Depois, percorreu todos os partidos, aumentando derrotas, porque seu discurso político era vazio e contraditório. Agora, sai do limbo, na esperança de liderar campanha contra o impeachment. Brizola foi derrotado, porque sua missão era inglória, mas manteve intocável sua historia, tanto assim é, tempos depois, retornando do exílio, elegeu-se governador do Rio de Janeiro. A missão de Ciro é, duplamente desastrosa: primeiro, porque não é ele líder de coisa nenhuma. Segundo, porque o impeachment de Dilma corresponde ao anseio de 90% da população que a rejeita. A Argentina acaba de enterrar o peronismo. A Venezuela começa a enterrar o chavismo. Agora, é nossa vez de enterrar este câncer, chamado lulopetismo. 

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Divagações de um pai, ao longo do tempo

Pai, fase 01: filho recém-nascido:
‘’Não agüento mais. Faz meses que não sei o que é uma noite de sono. E o que gasto com fralda dava para pagar prestação de carro novo. Não vejo a hora desse menino começar a andar’’.
Pai, fase 02: filho começando a andar.
‘’Não agüento mais correr atrás desse menino. Além dele precisar fazer alinhamento e balanceamento, tem atração por quina de moveis. Não vejo a hora desse menino fazer uns 8 anos.
Pai, fase 03: diálogo com o filho de 08 anos (é claro, jogando no computador):
Pai: ‘’filho, você precisa desgrudar desse computador. Sua mãe reclama que você não toma banho, não escova os dentes, só fica enfiado no quarto, jogando vídeo game. Tá tudo bem com você, filho? Algum problema?
Filho: ‘’Tá tudo bem, pai, a mãe exagera. Agora, dá um tempo que tou na parte mais difícil.’’
Pai: (saindo, a falar sozinho): ‘’não vejo a hora desse menino fazer 18 anos’’.
Pai, fase 04: filho 18 anos.
‘’São 4 horas da manhã e ainda não dormi, esperando este menino. Não atende o celular, ele rodando de carro por aí. Meu Deus, não vejo a hora deste menino casar.’’
Pai, fase 05. Filho casado: diálogo
Filho: ‘’Pai, não suporto mais o casamento. Minha mulher é muito chata, possessiva, implica com meus amigos, acha que o futebol de 4ª à noite é pretexto pra eu sair com outra. Não tem jeito, decidi me separar dela’’.
Pai: ‘’Mas vocês não têm nem 05 anos de casados, com filho pequeno. Casamento é assim mesmo, tem suas trombadas, mas tudo se resolve conversando, ou você não sabe que eu e sua mãe, estes anos todos, não tivemos nossos problemas?’’
Filho: ‘’Pai, desculpa, mas tá decidido, até já conversei com um advogado, meu amigo, que vai tratar do caso. Agora vou conversar com a mamãe.
Pai, sentado no sofá da sala, copo de uísque na mão, mexendo o gelo com o dedo indicador:
‘’Bons tempos em que este menino era um recém-nascido, a gente botava no berço e pronto. Tudo bem que a gente não dormia. Pelo menos não tínhamos preocupação com ele. Agora, continuamos não dormindo e com a cabeça a mil.’’


quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Os bêbados caídos

Dois bêbados, escorados um no outro, andam pela avenida, em passos trôpegos. De repente, um dos bêbados se desprende do outro e ambos caem. Culpam-se, mutuamente pela queda, sem levar em conta que a culpa mesmo foi do excesso de bebida ingerida. Esses bêbados chamam-se Dilma Rouseff e Eduardo Cunha. Agora, ambos atingidos, a primeira pelo processo de impeachment e o segundo pelo da cassação de seu mandato, acusam-se, um ao outro pelos processos, a que vão responder. Na verdade, razões não sobram para o impeachment da Presidente. Afirma ela ser honesta e não ter conta no exterior, ao contrário de Eduardo Cunha. Todavia sua irresponsabilidade e sua culpa vêm de larga data: Ceveró, em sua delação premiada, afirma que ela tinha pleno conhecimento da compra da Refinaria de Pasadena, que provocou um prejuízo da ordem de 01 bilhão de dólares à Petrobrás. Erenice, sua Chefe de Gabinete, à época em que ocupava ela a Casa Civil do ex-presidente Lula, praticava tráfico de influencias, no Gabinete ao lado, sendo inimaginável que ela, Dilma, não percebesse que alguma coisa de ilícito estava sendo praticada, bem debaixo de seu nariz. Sua última campanha presidencial foi abastecida com polpudos recursos ilícitos extraídos da petropropina, fato que não mais admite contra prova, tanto assim é que seu atual Ministro Chefe da Casa Civil e tesoureiro de sua campanha está sendo investigado pelo Supremo Tribunal Federal e, ao que tudo indica, será companheiro de cela de Vaccari, o arrecadador da primeira campanha e do PT. Pode até ser que a Presidente, no plano estritamente pessoal, seja honesta, no sentido de nunca ter desviado dinheiro público. Entretanto, o conceito de honestidade não se exaure na avaliação do interesse pessoal. No plano político, tal conceito se alarga e não pode ser considerada honesta uma pessoa que, para se eleger, mente a seus eleitores, apresentando um Brasil irreal, mentira essa que afloraria logo após sua posse. Tecnicamente, vivemos em estado de depressão econômica, com desemprego crescente, com crescente queda de investimento, com crescente aumento da inflação e com crescente perda de confiança no Brasil, no cenário internacional. Esse conjunto de fatos é justa causa mais do que suficiente para o afastamento da Presidente. E não sabemos o que mais a operação lava jato trará de novidade, em relação ao comportamento da Presidente e de seus apaniguados. Quanto ao outro bêbado, Eduardo Cunha, tantas são suas “pingas” bebidas, que se torna desnecessário enumera-las. Suas contas, no exterior, seu espúrio envolvimento com o BTG Pontual, sua crescente desmoralização entre seus pares, tudo isso torna insuportável sua permanência à frente da Câmara dos Deputados. Assim, deixemos esses melancólicos bêbados caídos, cada qual no seu canto e vamos ver como podemos recuperar nosso melancólico País. 

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

O bom retorno ao passado

Sabe aquela historia que há males que vêm para bem? Pois o Executivo cortou cerca de 800 milhões, no orçamento do Tribunal Superior Eleitoral e esse, alegando falta de verba, informa que, nas eleições municipais do próximo ano, o voto será ‘’no papel’’. A informação cheira a uma pequena chantagem, vez que as urnas eletrônicas foram utilizadas nas eleições do ano passado e devem estar em bom estado. Por outro lado, quanto se vai gastar com impressão de cédulas eleitorais e compra de urnas de lona? De qualquer maneira, se a anunciada substituição se efetivar, fico aliviado. Sempre tive o pé atrás com o voto eletrônico. Fico a me perguntar: se países desenvolvidos, possuindo alta tecnologia, como Estados Unidos, Alemanha, Inglaterra, ainda se utilizam do voto no papel, não seria porque o voto eletrônico não merece confiabilidade? Com muita freqüência, recebemos noticia de ‘’hackers’’ invadindo o sistema bancário e até o da Casa Branca. Se assim o é, não poderiam esse piratas eletrônicos invadirem nosso sistema de votação, alterando o resultado das eleições? Tudo bem, que o retorno ao voto no papel pode retardar a proclamação do resultado, o que, na verdade, trará mais emoção, com o sobe e desce dos candidatos. E a mim, analfabeto nestas coisas de informática, onde navego de jangada, parece-me mais segura a fiscalização da votação e possível a recontagem, em caso de dúvida. O Presidente do TSE, Dias Toffoli (aquele que, mesmo reprovado em concurso de Juiz, virou Ministro do Supremo) considerou um retrocesso o retorno ao voto impresso. Pode até ser, mas o importante é que o direito ao voto possa ser exercido de forma a legitimar os candidatos eleitos. E há outra coisa, a merecer especial atenção: o TSE anunciou que se iniciou licitação para compra de 100 mil novas urnas eletrônicas. Assustado, o cachorro, que ouviu a noticia a meu lado, perguntou-me: - ‘’será que, em menos de um ano foram criados mais 100 mil municípios?’’ E, para concluir, se o Congresso aprovou novo sistema de votação, pelo qual o eleitor, ao votar, sairá com o respectivo comprovante (como acontece quando se usa o cartão de débito ou crédito), por que comprar mais urnas eletrônicas que, em dois anos, serão desativadas? Antes que eu concordasse com o corte, promovido por Dª Dilma, meu cachorro arrastou-me para longe da televisão.