A copa sem crise
Você, que está aí sentado, vestindo a camisa da seleção
brasileira, apenas esperando o primeiro gol do Brasil para explodir em
ufanismo, aproveite bem esse mês lúdico, que se aproxima e aproveite bem:
grite, pule, abrace amigos, vizinhos, afinal, como dizia Nelson Rodrigues, é a “pátria de chuteiras”, que vai entrar em
campo. Não importa que o Neymar ganhe alguns milhões por mês e você tenha
comprado seu carrinho 1.0 em 60 prestações e, com algumas atrasadas, o banco
ameace tomá-lo. Não importa que a empresa, na qual você trabalha, esteja
ameaçada, por não ter conseguido aquele financiamento do BNDES para modernizar
seus equipamentos e que corresponde a um milésimo do concedido ao Corinthians,
para construir o “Itaquerão”. Afinal,
o que sua empresa produz, alimento? O Corinthians, meu caro, desperta paixões,
em cujo nome explodem as mais formidáveis contendas, desde a antiguidade mais
remota. Eu diria, com todo respeito, desde a expulsão de Adão e Eva do Paraíso.
Não leve a serio as futricas da imprensa, que tudo vai subir, depois da copa,
inclusive a cerveja. Aliás, este é mais um motivo para bebê-las, todas que
puder. Torça o nariz para os anúncios de que a Petrobrás está indo para o
buraco. Afinal, quantas ações da dita cuja você possui? O que você tem a ver
com o entra e sai dos mensaleiros da “Papuda”?
Nada disso importa. Aqueça seu coração, agite sua bandeira, porque o sonho –
com direito a feriados – vai começar. Como dizia Manoel Bandeira (não, não é o
dono da padaria da esquina) “evoé, Baco”.
E, “se não ganharmos a
copa?”, pergunta você. Aí vamos às ruas, protestar contra o aumento do
ônibus, da conta de luz e, principalmente, da cerveja, porque aí já é falta de
consideração.
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